ENTREVISTA / Manoel Pafiadache — Secretário de Saúde do DF

Três semanas para o fim do pico

Entrevistado do CB.Poder, o general avaliou o cenário da ômicron e o fim do platô na capital, a vacinação das crianças e as estratégias da pasta frente à pandemia

Júlia Eleutério
postado em 03/02/2022 00:01
 (crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press)
(crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press)

O Distrito Federal registrou alta de casos da covid-19 neste primeiro mês do ano e, como consequência, os leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) estão lotados. Além disso, a capital deu início à vacinação de crianças de 5 a 11 anos e está disponibilizando pontos de testagem da covid-19 para a população.

Em entrevista ao CB.Poder — programa em parceria do Correio com a TV Brasília —, o secretário de Saúde do DF, general Manoel Pafiadache, comentou, ontem, sobre os temas. Na bancada com a jornalista Ana Maria Campos, o gestor da pasta destacou a importância da vacinação de todos, inclusive das crianças, nesse período de volta às aulas, e avaliou a ocupação dos leitos hospitalares, as estratégias da pasta para conter os avanços da pandemia do novo coronavírus e o pico da ômicron na capital.

O senhor está à frente de encontrar soluções para uma terceira onda da pandemia. Como é que o senhor poderia mostrar para gente a situação do DF?

Nós já estávamos nos projetando para frente. Tratando a pior hipótese com sabedoria e com ações. E nesse diagnóstico, nós colocamos três pilares, e atuar em cima deles foi o nosso propósito. Nesse tripé, escolhemos os insumos, a parte de recursos humanos e melhoria dos processos. Na parte de insumos, a gente conseguiu abastecer a rede, tanto os nossos locais de apoio quanto os nossos hospitais. Nós gastamos em torno de R$ 100 milhões, já recebemos, estamos abastecidos e isso realmente deu uma folga muito grande. Na parte de RH, não sei se dá para perceber que o governador Ibaneis Rocha sempre nos colocou à disposição muitos recursos. Ano passado, nós chamamos 500 técnicos de enfermagem, 500 agentes de saúde e 366 enfermeiros. Agora, estamos trazendo mais 362 técnicos de enfermagem e 100 médicos, ou seja, começamos a ter corpo na questão de RH para enfrentar.

Já chegamos no
pico da ômicron?

A gente não tem esse dado e, cientificamente, ninguém pode dizer. Nós estamos imaginando que nesta semana e na próxima estaremos chegando no teto e vamos começar a descer em duas ou três semanas. É difícil ser preciso, mas estamos calculando que em duas ou três semanas iremos sair do platô e do pico, começamos a descer. E quando desce, que é outra característica dessa doença, desce repentinamente e ajuda o serviço de saúde.

Qual é a orientação que o senhor dá para as pessoas?

Está com algum sintoma, tem que procurar um médico. Até para que esse médico possa orientá-lo e fazer um teste. Buscar o serviço de saúde para que seja bem orientado. Essa é a realidade, principalmente para quem está com sintoma. Quem está assintomático e testou positivo, também deve ser orientado, porque essa orientação é que vai guiar o estado dele nos próximos dias. Isso é fundamental. Todo o território está coberto com 176 unidades básicas de saúde (UBS), que é a porta de entrada dessas situações para poder ser orientado, não apenas para a covid-19. Os cidadãos com problemas mais genéricos e brandos devem procurar a UBS. 

Tem algum plano da secretaria para melhorar as testagens para que as pessoas não fiquem tanto tempo nas filas?

O nosso plano é aumentar cada vez mais a oferta desse serviço. Nós queremos chegar a até 100 farmácias fazendo os testes. Porque o assintomático testado e positivado, ele se recolhe e recebe a orientação. Se tiver algum agravo, ele procura uma UBS para ser melhor orientado. Na verdade, nesse momento que nós estamos vivendo, temos o covid-19, a influenza e a dengue, todos com mais ou menos os sintomas parecidos. Então, é preciso ver o que é que está acontecendo para tomar a medida correta na parte de diagnóstico.

Como está a vacinação
das crianças? 

Não é à toa que nós estamos muito bem no ranking nacional. O que interessa é que nós estamos bem. Estamos preparando as crianças, principalmente para a abertura das escolas no dia 14, junto com a Secretaria de Educação. Vamos alimentar a ideia no planejamento de vacinar as crianças em idade escolar. Nós temos hoje, em idade escolar, cerca de 450 mil crianças na escola pública, e nós já vacinamos com a primeira dose cerca de 305 mil.

Como está a questão dos leitos de UTI para covid-19?

Na verdade, nós estávamos acompanhando e temos um planejamento. Estamos muitas vezes transformando leitos não-covid em covid. Para dar mais tranquilidade, tivemos que cancelar algumas cirurgias eletivas, exceto a parte de cardio, oncologia, oftalmologia, judicializadas, além das emergências e urgências. Isso já tinha acontecido na primeira onda e na segunda onda. Eu me lembro que na segunda onda, chegamos a ter 400 pessoas na espera por leito; hoje gira em torno de 30.

O senhor acha que é o momento exato para a volta das aulas presenciais para crianças que ainda estão em processo de imunização?

Eu apoio a decisão de modo transparente com todos os meios que a gente tem. Não é à toa que estamos fazendo um plano, e vamos divulgar na coletiva sobre como vamos atender as crianças que vão voltar para a escola na questão da vacinação. A gente vai dedicar duas ou três unidades básicas de saúde por regional de ensino para que os pais levem as crianças para vacinar, chegando ao máximo possível de crianças vacinadas que estão voltando para a escola com pelo menos a primeira dose. Esse é o nosso esforço.

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