Crônica da Cidade: Sérgio Amaral

Sérgio Amaral capta, com intensa plasticidade, o traçado das curvas do Parque Yasuni ou a máscara facial de uma ribeirinha da etnia Achwar

Severino Francisco

postado em 02/02/2022 08:24

(crédito: Ueslei Marcelino)

Se você visitar o site do fotógrafo Sérgio Amaral, saberá por que ele foi tão premiado. Ao longo de uma carreira de fotógrafo profissional, iniciada desde 1977, ele viajou muito pelo Brasil e pela América Latina e captou imagens que lavam os nossos olhos de beleza. Ele capta, com intensa plasticidade, o traçado das curvas do Parque Yasuni ou a máscara facial de uma ribeirinha da etnia Achwar, moradora do Parque Nacional Yasuni, na Amazônia peruana.

Ou, então, registra o amanhecer dos ribeirinos que navegam na Amazônia peruana ou o fim de tarde em Coari, no Amazonas, como se fosse uma pintura, com os jogos de claro e escuro. Ou um pequeno índio Kaiapó, da reserva Kikretoun, no Pará, emplumado de penas coloridas, revelando todo o apuro que os índios colocam nos adereços do corpo. Ou o salto de uma criança nas dunas do Delta do Parnaíba, que parecem ter saído da paleta de Pancetti, tamanho o equilíbrio da composição e das cores.

Vislumbra a beleza na máscara facial agreste do sertanejo cearense Cristiano, com todas as marcas da história e do tempo, ou em uma casinha de madeira que reinventa a bandeira do Brasil, de uma maneira muito diferente das que aparecem nas patriotadas. Sérgio não enfeita, capta a beleza em estado bruto, a beleza que emana dos personagens, das paisagens, das casas e dos objetos.

Ele vem da escola do fotojornalismo, que contempla a estética, mas tem um compromisso com a verdade dos fatos e com o humanismo. As imagens de Sérgio revelam um grande amor pelo pelo Brasil. Sempre procura extrair o máximo de dignidade dos personagens que fotografa, não importa a idade que eles tenham.

Sérgio vive do trabalho de fotógrafo desde os 17 anos. Atuou nos melhores jornais e revistas do país. E, por causa disso, teve a oportunidade de fazer viagens cheias de aventuras, sempre com o olhar armado para captar a beleza que nasce da verdade. De 1996 a 2004, Sérgio trabalhou no Correio. Os que conviveram com ele lembram que é inteligente, bem-humorado, sensível e anárquico.

Além de um magnífico acervo de fotos e de uma galeria de amigos, nos mais de 40 anos de jornalismo, Sérgio acumulou o Prêmio Esso de Fotografia de 1992, o grande prêmio do Salão Finep de Jornalismo de 1996, a medalha de excelência gráfica da Society for News Design, na categoria Editor de Fotografia pelo Correio Braziliense e o prêmio ONU Habitat de 2014.

Em suma: Sérgio é um craque da fotografia. Mas, no momento, vive uma situação dramática. Ele está com câncer no pulmão e se trata no Sistema Único de Saúde (SUS), aquele mesmo que os caciques do orçamento secreto querem destruir. Mesmo assim, ele ainda tem de arcar com um remédio que custa R$ 900 e não é oferecido pela farmácia de alto custo.

Por isso, como sempre viveu do seu trabalho, Sérgio criou um site com algumas das mais primorosas fotos que tirou para vender e custear o tratamento e outras despesas de saúde. Ele fez um preço abaixo do mercado para os colecionadores, os amigos e os novos amigos. Quem quiser adquirir as fotos pode enviar mensagens para o [e-mail] ou consultar o site www.amafoto.com.br. Vamos ajudar o Sérgio.