Feminicídio

"Morreu para nos defender", diz filho de mulher morta por ex-genro no SIG

Em entrevista ao Correio, o filho mais velho de Ana Cristina Farias diz não acreditar no que aconteceu. A mulher foi brutalmente assassinada a facadas enquanto ia para o trabalho

Darcianne Diogo
postado em 01/02/2022 16:50 / atualizado em 01/02/2022 18:12
 (crédito: Arquivo pessoal)
(crédito: Arquivo pessoal)

Assassinada brutalmente com golpes de facão pelo ex-genro, Ana Cristina Farias de Araújo, 51 anos, deixa três filhos e seis netos. Empregada doméstica, a mulher foi morta no meio da rua enquanto estava a caminho do trabalho. Abalado, o filho mais velho de Ana, Douglas Farias, 31, contou, em entrevista ao Correio, que a mãe morreu ao defender os filhos.

Ana Cristina saiu de casa, em São Sebastião, nas primeiras horas da manhã desta terça-feira (1°/2). Segundo a delegada-chefe da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), Ana Carolina Litran, Marcos Fernando Domingos, 26, havia combinado de se encontrar com a ex-sogra na Rodoviária do Plano Piloto para entregar alguns documentos. Após a entrega, a vítima percebeu que o homem embarcou no mesmo ônibus que ela e ficou aflita. "Ela ligou para a filha informando a situação e a filha disse para ela não descer do ônibus, mas a vítima afirmou que iria desembarcar próximo a uma delegacia", explicou a delegada.

No momento em que desceu do coletivo, Marcos a seguiu e os dois iniciaram uma discussão. Imagens do circuito interno de segurança registraram o momento em que Ana é friamente golpeada com facão no meio da rua. A cena também é presenciada por motoristas que passavam pelo local. A mulher levou ao menos duas facadas da cabeça, teve uma das mãos decepadas e os dedos.

O eletricista Douglas, filho mais velho de Ana, contou que a mãe estava feliz porque a Justiça havia deferido o mandado de prisão preventiva contra Marcos por descumprimento das medidas protetivas. "Fomos na delegacia uma vez, há três meses, para registrar ocorrência contra ele. Voltamos a procurar a DP, mas nada foi feito. Ele fez o inferno nas nossas vidas, porque minha irmã decidiu romper a relação. Chegou a postar uma foto minha na internet me acusando de estupro, para que as pessoas pudessem me linchar na rua", afirmou.

Ameaças

A relação entre a filha de Ana e Marcos durou cerca de cinco meses. Os dois chegaram a morar juntos, em São Sebastião, mas logo começaram as brigas. Ao decidir terminar o namoro, a jovem, a mãe e os familiares passaram a ser ameaçados pelo agressor.

Segundo Douglas, a mãe intervinha na relação para impedir que os dois continuassem juntos. "O que minha mãe fez para merecer isso? Ela sempre dizia que iria nos defender até a morte. E foi isso que aconteceu. Morreu nos defendendo", disse o rapaz, em prantos.

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