A alta de casos de covid-19 no Distrito Federal e o número de pessoas não vacinadas ou com o esquema vacinal parcial — 619.995 brasilienses — motivaram a Universidade de Brasília (UnB) a aprovar, por meio do seu Conselho de Administração (CAD), a ampliação da exigência do comprovante de imunização completa para acessar as dependências da instituição. Segundo a reitora da universidade, Márcia Abrahão Moura, o número é preocupante, uma vez que a maioria das pessoas hospitalizadas com o vírus são as que não se imunizaram.
"Com base nos dados epidemiológicos e na situação da pandemia, nós temos responsabilidades perante a sociedade e precisamos aumentar a cobertura vacinal. Então, em função dessa situação, da ômicron, que é uma variante muito mais transmissível, e de uma cobertura vacinal de dose de reforço ainda baixa no país e no DF, a proposta de ampliarmos a cobrança do comprovante de vacinação nas demais edificações da universidade foi aprovada praticamente por unanimidade", afirmou a reitora.
A estudante de física, Marina Ferreira, 25 anos, concorda com a decisão do CAD. "É uma medida necessária não só para diminuir os riscos de quem está aqui, mas também para que de alguma forma a universidade possa contribuir para aumentar a cobertura vacinal no DF", apontou. Para ela, quanto mais informações melhor será para o combate às fake news. "Muita gente não se vacina por causa de mentiras ou por puro desleixo. Dessa forma, pelo menos algumas pessoas pensarão melhor nessa possibilidade. Não acho que deve haver qualquer tipo de lixamento para quem não se vacina, não é dessa forma que vamos fazer essas pessoas mudarem de ideia", acredita.
A decisão foi anunciada na tarde de ontem pelo Conselho de Administração (CAD) da UnB, após uma reunião com a presença dos diretores das unidades acadêmicas e de centros. Até então, a apresentação do cartão de vacina completo era exigida somente nas entradas da Biblioteca Central (BCE), do Restaurante Universitário (RU), localizados no campus Darcy Ribeiro. "Fizemos uma avaliação da primeira semana de aula. A proposta foi feita com base no sucesso que estamos tendo na cobrança", completou Márcia Abrahão.
Mais segurança
O segundo semestre letivo de 2021 da UnB teve início na segunda-feira. E com a cobrança da vacinação para acessar as dependências da universidade, o estudante de Arquitetura João Vitor Petrão, 22, disse que se sentirá mais confiante. "Sem comprovante de vacina é muito arriscado. Não sei quem está ou não vacinado. Mesmo usando máscara o dia inteiro é bem arriscado. E o risco tem que ser praticamente zero ao estarmos aqui", ponderou.
Anderson Rodrigues, 23 anos, concorda com o amigo. Para o estudante de História, a exigência passa mais segurança para quem frequenta lugares de maior risco, como o Restaurante Universitário. "Estou me sentindo muito mais seguro no RU porque está sendo exigida a vacina. Aqui, a gente não tem certeza de que está todo mundo vacinado, agora vamos ter. É necessário eles fazerem essa exigência, porque ainda corremos riscos todos os dias."
Mesmo aprovando a decisão, o estudante de Letras Bruno Santos de Moraes, 24, teme que a medida possa causar segregação entre os alunos. "São várias pessoas, mas cada uma leva consigo seu grau de comprometimento. Ela pode até ter tomado a vacina, mas é totalmente negligente fora daqui. Com isso, você segrega as pessoas, aos poucos vai ver quem tomou e não tomou, e isso pode gerar confusão aqui", observou.
Laís Pereira Bárbara, 22 anos, questiona a falta de informação e fiscalização por parte da universidade. Sem saber da medida, ela foi barrada por não carregar o cartão de vacinação. "Eu entendo que é uma restrição para aumentar a segurança, mas não tem uma fiscalização. Muita gente sem máscara, que é o básico, e fica por isso mesmo", completou.