As doenças autoimunes estão presentes no cotidiano de diversas pessoas, a alergia é uma delas e pode estar associada tanto a causas externas quanto emocionais. Em algumas situações, a necessidade de um atendimento hospitalar ou o risco de internação altera a rotina de vida de quem convive com a condição. Uma realidade conhecida do microempreendedor Odilson Medrado, que sofre desde os primeiros meses de vida com uma dermatite atópica psoriasiforme.
O problema de pele trouxe uma série de limitações quanto aos cuidados pessoais e de higiene. Para ele, a doença traz manchas avermelhadas, descamação da pele, coceira e desconforto. Com isso, o uso de cosméticos industrializados sempre gerou fortes reações e, após anos tentando encontrar artigos que se adequassem às suas necessidades, ele passou a pesquisar e começou a produzir seus próprios produtos.
Uma trajetória marcada por muita angústia e superação. "Descobrimos a doença quando eu tinha apenas três meses e tive uma reação alérgica ao talco quando minha mãe passou em mim. Desde então, tive que lidar com isso. Certa vez, fiquei internado por três dias no HRAN, em outra ocasião, tive que ficar 15 dias sem ir ao trabalho, por conta de crises. É muito difícil, nem sempre as pessoas entendem. Não é algo leve e sim grave, é possível até morrer de alergia", desabafa.
Superação
Em 2019, aos 47 anos, Adilson iniciou suas pesquisas e estudos na área da saboaria, focando em produtos naturais, como óleos, ervas, plantas. Aos poucos, a recompensa pela persistência veio, junto com o alívio. Ele percebeu que os seus cosméticos não causavam reação à pele. Hoje, ele e a esposa Maristela Holanda, 45, que sempre o apoiou, produzem diversos tipos de sabonetes e cremes, com variadas composições.
"Os produtos para pessoas alérgicas são muito caros e pra mim não eram tão eficazes, então a alternativa que encontrei foi produzir. Um creme hidratante que tem a mesma qualidade do que eu faço custa três vezes mais e rende muito menos, foi uma forma até de conseguir economizar e aumentar a qualidade dos produtos que eu uso. Para a composição do sabonete nós utilizamos qualquer óleo disponível em casa, os que mais uso são óleo de oliva e óleo de coco, a principal composição de um sabonete é o óleo, além disso também uso muito açafrão, barbatimão, argilas, café", esclarece.
O que começou como uma medida desesperada acabou virando um negócio de família e o sucesso do empreendimento ajuda a lidar com cicatrizes emocionais. "Ouvi muitas vezes da minha mãe que eu não teria uma família, não teria filhos, não teria um emprego por conta dessa alergia. Eram diversas coisas, que eu não seria capaz de me manter em um emprego, mas eu consegui. Provei pra mim mesmo que eu consigo, que eu posso ter qualidade de vida, posso fazer coisas grandiosas, apesar dessa dermatite", orgulha-se.
Antes da descoberta do tratamento alternativo, o saboneteiro usava corticóides e remédios anti-histamínicos de maneira contínua, porém, depois de um certo tempo, seu fígado acabou apresentando certos sinais de sobrecarga e o tratamento teve que ser interrompido. Adilson relata que não conseguia tomar banho sem que sua pele irritasse e ficasse cheia de ferimentos.
Empatia
Com tudo que passou, o micro empreendedor decidiu que podia compartilhar sua experiência. Atualmente, ele participa do projeto "Jardim das Margaridas", idealizado pelo Instituto Social do Distrito Federal (ISDF), com emenda parlamentar do deputado Fábio Félix. Odilson divide seus conhecimentos na área da saboaria por meio de cursos para mulheres em situação de vulnerabilidade ou que sofrem algum tipo de violência.
"Olha, essa dermatite já teve muitas fases, então, ir pro trabalho social foi uma maneira de aplacar uma dor, porque estamos em um lugar que as pessoas não acreditam que você tem realmente esse problema de pele. Existem muitos pré-julgamentos, na minha teimosia pela procura de uma cura eu venci e consegui enfrentar. Esse curso é uma vitória para mim. Olha só onde eu estou agora! Conseguindo ajudar outras pessoas e a minha tentativa de vencer a minha doença me fez conquistar tudo isso. Tenho a oportunidade de ajudar 100 famílias e estou trazendo não só cura pra mim, mas cura para outras pessoas, e a geração de renda", declara.
"Para mim e minha esposa é uma honra poder contribuir, minha história está se misturando com a história dessas mulheres. Minha mãe já passou por situações de violência quando era jovem, tenho um irmão fruto de estupro. Então, sei o que é ter uma mãe que sofreu violencia e como isso acaba afetando a família inteira, ela teve vários problemas, psicose pós-parto, tentava se matar quando via minhas alergias. É uma honra contribuir com essa iniciativa, porque sinto como se eu estivesse ajudando minha mãe, colaborando com quem passa pelo mesmo que ela passou", acrescenta Odilson.
A psicóloga voluntária do projeto Fabíolla Delfino do ISDF esclarece que a proposta do projeto é fazer a iniciação profissional das mulheres atendidas a partir do curso de saboaria, juntamente com acompanhamentos psicossociais, tanto com psicólogos quanto por meio de orientações do serviço social. Além disso, elas contarão com palestras e rodas de conversa abordando diversos temas.
*Estagiária sob a supervisão de Juliana Oliveira
Carlos Vieira/CB/D.A.Press - 24/01/2022. Crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Cidades. Devido a uma dermatite severa, que o impedia de usar sabonetes industrializados, Odilson Medrado passou a produzir os próprios produtos de cuidados com a pele. O que começou como um passatempo, tornou-se negócio de família. Na foto, Odilson com a esposa Maristela Holanda.
Carlos Vieira/CB/D.A.Press - 24/01/2022. Crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Cidades. Devido a uma dermatite severa, que o impedia de usar sabonetes industrializados, Odilson Medrado passou a produzir os próprios produtos de cuidados com a pele. O que começou como um passatempo, tornou-se negócio de família. Na foto, Odilson com a esposa Maristela Holanda.
Crédito: Odilson Medrado - Sabonetes produzidos artesanalmente por Osilson
Crédito: Odilson Medrado - Além de ter feito da produção de cosméticos sua fonte de renda, Odilson Medrado ministra cursos compartilhando os conhecimentos sobre a produção natural para mulheres em situação de vulnerabilidade
Crédito: Odilson Medrado - Sabonetes artesanais produzidos por Odilson
Carlos Vieira/CB/D.A.Press - 24/01/2022. Crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Cidades. Devido a uma dermatite severa, que o impedia de usar sabonetes industrializados, Odilson Medrado passou a produzir os próprios produtos de cuidados com a pele. O que começou como um passatempo, tornou-se negócio de família. Na foto, Odilson com a esposa Maristela Holanda.
Carlos Vieira/CB/D.A.Press - 24/01/2022. Crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Cidades. Devido a uma dermatite severa, que o impedia de usar sabonetes industrializados, Odilson Medrado passou a produzir os próprios produtos de cuidados com a pele. O que começou como um passatempo, tornou-se negócio de família. Na foto, Odilson com a esposa Maristela Holanda.
Carlos Vieira/CB/D.A.Press - 24/01/2022. Crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Cidades. Devido a uma dermatite severa, que o impedia de usar sabonetes industrializados, Odilson Medrado passou a produzir os próprios produtos de cuidados com a pele. O que começou como um passatempo, tornou-se negócio de família. Na foto, Odilson com a esposa Maristela Holanda.
Carlos Vieira/CB/D.A.Press - 24/01/2022. Crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Cidades. Devido a uma dermatite severa, que o impedia de usar sabonetes industrializados, Odilson Medrado passou a produzir os próprios produtos de cuidados com a pele. O que começou como um passatempo, tornou-se negócio de família. Na foto, Odilson com a esposa Maristela Holanda.
Carlos Vieira/CB - 24/01/2022. Crédito: Carlos Vieira/CB. Cidades. Devido a uma dermatite severa, que o impedia de usar sabonetes industrializados, Odilson Medrado passou a produzir os próprios produtos de cuidados com a pele. O que começou como um passatempo, tornou-se negócio de família. Na foto, Odilson com a esposa Maristela Holanda.
Receita de sucesso
Para quem deseja conhecer mais sobre a arte da saboaria, o microempreendedor Odilson Medrado ensina uma das receitas mais simples para produção de sabonetes. É um dos produtos que as alunas do projeto Jardim das Margaridas aprendem a fazer.
Sabão de limpeza
Utilidades: serve para lavar louças, panelas, vasilhas, limpar bancadas e eletrodomésticos. É um sabonete potente e reduz muito o esforço, além de ser biodegradável e cheiroso.
Cuidados de segurança: é obrigatório o uso de equipamentos de segurança: luvas, máscara, óculos de proteção, avental ou jaleco, sapatos fechados, estar em um ambiente longe de animais domésticos e crianças.
Ingredientes:
126 gramas de óleo de coco
126 gramas de óleo de soja — pode ser reutilizado
34 gramas de álcool 96%
152 gramas de água
41 gramas de soda cáustica
20 gramas de sal
20 gramas de bicarbonato de sódio
Modo de preparo:
Primeiro passo: antes de tudo é imprescindível se proteger com os equipamentos de proteção
Segundo passo: pesar todos os ingredientes. Após isso, misturar a água e a soda (despejando a soda na água), mexer bem com uma colher de inox e esperar clarear até ficar transparente em um local seguro. Obs: A mistura atinge uma temperatura muito alta, por isso, precisa ser feita num recipiente resistente ao calor.
Terceiro passo: enquanto a mistura clarear, é preciso aquecer os óleos em uma temperatura bem alta, e logo após desligar o fogo e misturar os óleos e o álcool. Lembre-se de ficar longe do fogo devido a presença do álcool. É preciso colocar em um recipiente resistente ao calor, de aço inox ou plástico resistente. Alumínio nunca!
Quarto passo: assim que os óleos e o álcool já estiverem misturados , é o momento de adicionar a lixívia (nome da água misturada com a soda), após isso é preciso bater até atingir consistência. De acordo com a intensidade do álcool, o tempo para atingir a consistência é maior ou menor, quanto maior a intensidade mais rápido será o processo.
Quinto passo: após a mistura atingir o ponto de trance, que é semelhante a um mingau grosso, chega o momento em que é acrescentado o sal, o bicarbonato de sódio e depois disso é preciso bater a mistura mais um pouco até dissolver bem.
Resultado: assim que todos os passos forem realizados é preciso guardar em potes como vasilhas descartáveis ou em uma forma, tentando manter aquecido, enrolando em um cobertor e observamos se irá mudar de aspecto. Assim que a mistura ficar transparente, gelatinosa, significa que entrou em saponificação com o próprio calor e assim que endurecer, então já pode ser usado.
Obs: Caso não fique transparente e gelatinoso, significa que não saponificou ainda, então é preciso esperar cerca de um mês para usar.
Rendimento: aproximadamente 450 gramas
É uma composição 100% vegano e biodegradável, e não agride as mãos.
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