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Um lar para Dengo: resgatadora de gatos busca tutor para animal com doença rara

Animalzinho dócil e sociável foi resgatado na noite desta quinta-feira (20/1). Ele é portador de leucemia felina e precisa ser o único amor de um novo tutor

A economista Ana Luiza Champloni estava cumprindo alguns compromissos quando foi acionada para um dos inúmeros chamados que costuma receber: uma moradora do Noroeste, Malu Ribeiro, tinha resgatado um gato que passava pelo prédio em que mora, mas não podia ficar com ele devido a uma alergia da mãe, Rafaella Sá, que vive com ela. Prontamente, a economista se disponibilizou e, poucos minutos depois, bateu na porta da resgatadora com uma das caixas de transporte que ela tem em casa exclusivamente para estas situações.

Lá, ela conheceu Dengo, um gato cinza, muito dócil e necessitado de cuidados urgentes. E agora ele está à procura de um novo lar.

"A gente estava na sala e ouvimos uns miadinhos e fomos para a janela checar o que era. Ele era super interativo e minha mãe falou para colocar um leite para ele e eu resisti porque sabia que iria trazer pra casa. Depois uma vizinha passou e ele super dado! Fui lá e peguei ele, só que minha mãe é muito alérgica e não poderia ficar aqui", conta Malu. "Ele estava super tranquilo, é muito dócil, bem inteligente. Chamamos a Ana porque uma vizinha a conhecia e foi a solução", disse a adolescente.

Quando Ana chegou na casa de Rafaella e Malu, ela já tinha em mente o que fazer: iria iniciar o que ela chama de protocolo CED – captura, esterilização e devolução –, destinado a gatos adultos que permanecem por muito tempo na rua. Isso porque a economista já conta, no apartamento em que mora também no noroeste, com 26 gatos resgatados. “O protocolo é feito para reduzir o número de filhotes nas ruas, mas temos abrigado os filhotes que ainda tem chance de socialização e alguns adultos dóceis”, disse.

Foi o caso de Dengo. Ao perceber a mansidão do animalzinho, ela decidiu abrigar o gato até encontrar um dono para ele. No entanto, um check-up no veterinário mudou os planos: Dengo é portador de FELV, uma leucemia felina causada por um retrovírus que ataca o sistema imune e pode ocasionar linfomas e disfunções neurológicas. A doença requer cuidados, mas o maior problema é que ela é transmissível para outros gatos, o que faz com que Dengo não possa estar na casa de Ana.

“A doença não passa para adultos, mas é altamente transmissível em gatos por meio de saliva, leite, urina e banhos mútuos. Por isso precisamos urgente encontrar um lar para o Dengo”, pede Ana.

O gatinho é manhoso, gosta de estar com pessoas e se mostra bastante sociável com quem conhece. Veja um vídeo de quando Ana encontrou o animalzinho algumas fotos do dele:

Adote Dengo!

Se você deseja dar um lar para o Dengo, entre em contato com a Ana pelo Instagram dela, Mestre dos gatos.


Cobertura do amor: apartamento da economista virou um lugar de esperança para gatos

Ana e o marido começaram a conviver com gatinhos em 2010, quando adotaram a primeira gata, Marie. Três anos depois, decidiram expandir o amor e receberam Lola em casa, após encontrá-la em uma feira de adoção de um pet shop.

“Achamos gatos animais incríveis e fomos aprendendo bastante sobre eles. Em 2014, vi uma ninhada em uma obra na Asa Norte e chamei meu marido para me ajudar a capturar eles, eram quatro filhotes de cerca de 1 mês. Levamos no veterinário, vacinamos e divulgamos para adoção. Conseguimos apenas 1 adotante e ficamos com os demais”, lembra.

Mal sabia ela que os novos membros da família não parariam ali. Quando o casal mudou para um apartamento no Noroeste, maior e mais amplo, perceberam muitos filhotes de gatos em canteiros de obras do novo bairro de Brasília e decidiram acolher tantos quanto podiam . “Começamos a resgatar. No começo tivemos a parceria de um grupo de vizinhas que faziam o mesmo trabalho com cães, o Resgate Noroeste, mas depois fechamos só em gatos. Os resgates eram esporádicos e nós acabávamos ficando com todos os gatos”, conta.

Depois de alguns anos, Ana percebeu que a casa não conseguia receber mais nenhum pet, foi quando criaram uma forma de adoção. Para resgatar, aprenderam a manejar uma espécie de armadilha para gatos, conhecida como gatoeira. Em seguida, eles cuidam dos gatos e, por meio de uma conta que abriram no Instagram, divulgavam os animaizinhos que estavam prontos para um novo lar.

“Normalmente eu só abrigo gatos que eu mesma resgato, ou de pessoas do bairro que ficam responsáveis pelas despesas dos gatos até serem adotados, conforme o meu espaço permite”, detalha. Ela também tem a ajuda da sogra para abrigar os animaizinhos. Atualmente, ela hospeda 20 filhotes e sete adultos. “Mas nem todos estão aptos à adoção por questões de saúde. Eles são testados para FELV e FIV, vacinados e castrados, quando já têm tamanho suficiente”, diz.

O casal também trabalha com objetivos na região em que moram. No começo, em 2014, eles apenas pensavam em resgatar os gatos que eram ameaçados pelos moradores do prédio e dar uma oportunidade para encontrarem um lar. A partir do ano passado, eles traçaram o objetivo de “castrar o máximo de gatos possível para evitar o aumento do número de gatos, uma vez que não há casa para todos”.

Ana Luiza Champloni - Filhotes são os principais resgatados por Ana, que acredita que pode ajudá-los a encontrar um lar antes de se tornarem ariscos

De acordo com Ana, os resgates se intensificaram na pandemia, quando os dois estavam de home office e passaram a ter mais condições de resgatar e cuidar dos gatos. Foi neste período também em que as doações aumentaram. “Em 2020 e 2021 foram doados mais de 50 gatos. Apenas em 2021, tivemos 28 gatos adotados, 67 gatos castrados e 30 filhotes resgatados, sendo 12 de mamadeira”, conta.

O casal patrocina os resgates e as despesas, com ajuda de amigos e vizinhos, “conforme a necessidade” e também conta com um grupo que apoia as ações de castração, esterilização e devolução. “Ultimamente, temos recebido ofertas de ajuda com alimentação e despesas veterinárias, e recebemos de bom grado. Também temos uma parceria com a clínica Pedigree, que nos ajuda sempre, além de veterinários muito queridos que nos atendem em domicílio, os médicos Natália Reis e Rafael Almeida”, conta agradecida.

Ana afirma que pretende continuar o trabalho de salvar os pets enquanto “tiver saúde e disposição”. “Mas preciso de adotantes maravilhosos para poder ter espaço para acolher mais gatinhos”, convida a economista.

Ana Luiza Champloni - Ana aprendeu a multiplicar o amor pelos gatos


Nemo: a gata que conquistou o coração de Ana

Entre idas e vindas, Ana conta que muitos são os pets com quem ela se identifica.“São muitos gatos queridos e especiais, e ficamos com aqueles que se apegam mais com a gente”, conta. No entanto, ela guarda com carinho o momento em que conheceu Nemo, uma gatinha que viu nascer.

Ana resgatou a mãe de Nemo ainda grávida e quando a ninhada nasceu, a mãe não quis amamentar e cuidar. “Cuidamos dela desde o primeiro momento. A gente achou que era macho, por ser amarelinho, então batizamos com o nome de Nemo por ser o mais frágil da ninhada”, lembra.

A gatinha quase morreu quando completou um mês de vida e teve que ser ressuscitada. A fragilidade, força e, principalmente, a docilidade de Nemo conquistou Ana, que recebeu ela como pet. “Ela cresceu forte e bonita e só descobrimos que era fêmea quando já tinha uns 4 meses! Mas aí o nome ficou Nemo mesmo, não teve jeito”, conta.

“Ela é a gata mais doce do mundo, além de ser a anfitriã da casa e protetora dos filhotes resgatados”, se derreta Ana.


 

 

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