Criativo e devotado à família, o publicitário Tamaquara Ferreira faleceu na noite de quarta-feira (19/1), aos 84 anos. Vítima de uma infecção generalizada, após fraturar o fêmur e ficar internado no Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Abalado e com a voz embargada, Paulo Roberto da Costa Lima, filho de Tamaraquara Ferreira, afirmou que perdeu não só o pai, mas um grande amigo.
"A nossa relação de amizade estava acima da que tínhamos como pai e filho. Uma das coisas que ele me ensinou foi a respeitar o próximo e a respeitar os amigos, pois os de verdade nós contamos nos dedos", declarou. "Quando criança eu sempre fui apresentado aos amigos dele, e todos falavam que meu pai era um príncipe, um lorde, um gentleman, e é assim que eu o tenho. Na eternidade ele está guardado e em meu coração, para sempre", emocionou-se Paulo Roberto.
O publicitário, Tamaquara nasceu em 15 de março de 1938, no Rio Grande do Sul, mas veio para Brasília para chefiar um restaurante. Aqui, ele ficou conhecido pela carreira de comunicólogo. Participante assíduo do Sindicato dos publicitários, ele foi diretor financeiro da unidade por anos. Nas idas e vindas, conheceu o grande amigo Fernando Vasconcelos, 75, antigo presidente do Sindicato dos Publicitários.
Amizade
Com lágrimas nos olhos, o amigo contou que conheceu Tamaquara no ano de 1978, quando tinha 28 anos. Após a parceria sindical, os dois seguiram suas carreiras em agências publicitárias, mas a amizade permaneceu fiel. "O Ferreira conviveu muito comigo, a gente se ajudava em momentos difíceis. Aprendi com ele a fazer amigos", disse.
Em um blog coordenado por Fernando, ele declarou a saudade que sentirá. "Ferreira tinha um problema de anatomia: seu coração era maior que o seu corpo. Muito humano e caridoso, aconselhava amigos a engraxar sapatos somente nas ruas de Brasília, porque certamente estaria ajudando alguém a alimentar uma família", falou em texto. No site do Correio é possível ler a homenagem completa.
Aos familiares, amigos e admiradores, o corpo do eterno Tamaquara Ferreira será velado no sábado (22/1), no cemitério Campo da Esperança, unidade da Asa Sul, no Templo Ecumênico 2. A formalidade ocorrerá das 15h às 16h30.
Religiosidade
Dalva Barbosa, 63, lembra com carinho dos 40 anos de amizade com o publicitário. Os amigos inseparáveis se conheceram em 1983, pois trabalhavam no mesmo local. Ela conta que, na época, tinha perdido sua mãe e estava abalada, infeliz e sem esperança. O amigo, estendeu as mãos e apresentou-lhe a religião de matriz africana Candomblé.
“Foi então, pelas mãos do Ferreira, que eu conheci o Candomblé. Religião que abracei há mais de 37 anos e que me reintegrou ao meu eu, e me ensinou que a morte é a transcendência, o retorno à origem, a ancestralidade. Esse é, para mim, o maior legado do Ferreira em minha vida. Continuamos, ao longo dessas décadas, mais do que amigos, irmãos. Ele era de uma doçura, uma educação, uma delicadeza, uma humanidade rara nos nossos tempos. Um irmão amado que agora foi recolhido à ancestralidade, e nos deixa um legado de puro amor”, declarou Dalva.
O amigo Roberto Astorino, 70, também não conteve a emoção ao falar de Tamaraquara. “ Setembro de 1981, passei uma semana na cidade e tive o grande prazer de conhecer um homem bom, que ao longo dos últimos 40 anos se fez presente em minha vida. Tamaquara desfilava pelo Setor Comercial Sul, em uma época em que todos paravam para conversar e falar sobre as novidades. Às sextas-feiras ele andava todo de branco e era reverenciado. Até breve meu amigo, espero tê-lo por perto em outras vidas se esta for a vontade de Deus, peço a sua bênção e peço a Deus que te abençoe”, falou.