Com a alta de casos e o crescimento da transmissão da covid-19 por conta da variante ômicron, os comerciantes do Distrito Federal precisaram se adaptar, novamente, ao cenário pandêmico. Desta vez, graças à vacinação, a situação, apesar de crítica, não tem causado aumento nas mortes pela doença. Por ora, o Governo do Distrito Federal não decretou fechamento dos comércios, e as novas medidas sanitárias estão limitadas ao setor de eventos e o uso de máscara em locais públicos. As entidades representativas do segmento comercial acreditam que não há motivos para restringir novamente o funcionamento das lojas do DF, embora ressaltem que, com a nova onda de casos, é preciso manter os mesmos cuidados tomados no início da pandemia e priorizar protocolos sanitários.
José Aparecido Freire, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio), destaca que as empresas do DF têm constatado casos de contaminação por covid-19 em cerca de 20% dos funcionários. Apesar das infecções, os estabelecimentos estão conseguindo manter os atendimentos. "Como o aumento de casos começou há algumas semanas, ainda havia funcionários contratados temporariamente para as festas de fim do ano. Então, algumas empresas mais impactadas seguraram essas contratações (para manter o atendimento)", explica o presidente, frisando que não há motivo para cogitar novo fechamento do comércio.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista-DF), Edson de Castro, afirma que o sindicato reforçou a importância dos protocolos. "Manter a higienização das lojas, o uso de máscaras tanto por funcionários quanto por clientes, e evitar aglomerações. Tudo para que possamos conter os casos de covid-19", destaca, ressaltando que não há motivo para pânico entre os lojistas.
Ações
A Papelaria e Livraria J.A da W3 Sul passou a testar os funcionários semanalmente a partir do início deste ano, quando houve surto da doença entre os colaboradores de uma unidade. "Cerca de cinco empregados acabaram sendo infectados e, por causa disso, os funcionários de todas as lojas precisam fazer teste de covid-19 semanalmente", relata a vendedora Rita Silva, que tem atuado como responsável pela loja há 10 dias. "A gerente acabou se infectando. Ela está apenas com sintomas leves e, depois que soubemos do caso, fomos todos testados, mas nenhum outro funcionário contraiu o vírus", alivia-se Rita.
Como precaução contra a nova variante, a loja de cosméticos Estação da Beleza manteve os serviços de salão de beleza, suspensos desde o início da pandemia, fechados neste ano. Ana Noemi, gerente da unidade de Taguatinga, relata que nenhum colaborador da loja se infectou com a doença. O estabelecimento continua com os cuidados básicos, e Ana denuncia que há muitos clientes que insistem em não usar máscara. "Às vezes a pessoa está tossindo e entra sem máscara, diz que é porque passa mal. A gente pede para colocar porque é a saúde da gente e do coletivo em jogo", explica a gerente.
A Lilu Malhas, loja da Asa Sul especializada em lingeries e malhas, precisou buscar alternativas para manter as vendas com a crise sanitária. De acordo com a vendedora Angélica Monteiro, desde que a pandemia teve início, a loja acabou se adaptando à nova realidade e passou a fazer vendas pelas redes sociais. "Abrimos um canal de vendas, por meio do WhatsApp e do Instagram, e alguns clientes ainda têm receio de sair nas ruas. A pessoa escolhe o que deseja e nós entregamos em casa", detalha a lojista. "Essa readaptação fez com que as vendas aumentassem e a loja acabou ganhando mais clientes", comemora Angélica.
Impactos
Alguns lojistas se mostram receosos com a recuperação do movimento, que ainda não ocorreu completamente. Thiago Aoyama é vendedor na Ótica Taguatinga e relata que a explosão de casos de covid-19, causada pela variante ômicron, diminuiu as saídas na loja. "A gente vai levando. Estamos mantendo os cuidados de sempre, e ainda tem gente que continua sem usar máscara e quer entrar mesmo assim na loja. Acha que está livre da doença, mas ninguém está", conta o vendedor, que contraiu covid-19 no início de 2020 e ficou em casa, com sintomas como dores de cabeça e no corpo, diarreia e vômito, por três semanas.
Thiago afirma que tem percebido mudanças de comportamento entre os clientes. "As vendas ainda não estão como antes da pandemia, estão um pouco abaixo. O pessoal pede para parcelar em mais vezes, acha os preços caros e acaba fazendo menos serviços", completa.
Limpeza
O cenário crítico incentiva a busca por serviços de sanitização. As empresas da área têm percebido aumento na demanda com o novo pico de infecções por covid-19. A BRA Serviços atendia, antes da emergência sanitária, 15 clientes por dia, em média. Após o surgimento da ômicron, o número subiu para 30. "Com a flexibilização das regras sanitárias e o surgimento da variante, houve um aumento considerável na procura por nossos serviços de sanitização de ambientes", aponta Beatriz Martins, diretora administrativa da empresa, localizada na Asa Norte. Entre os clientes mais atendidos pela BRA Serviços estão escolas particulares e restaurantes.
A empresa de sanitização Dedettiza, em Águas Claras, também percebeu crescimento na procura pelo serviço com o novo boom de infecções. Elaine Cristina Evangelista, auxiliar administrativa, conta que o movimento no estabelecimento aumentou consideravelmente no início da pandemia, mas voltou a cair com o avanço da vacinação contra a doença. "Com a ômicron voltou com mais frequência. Todos os dias aparecem clientes procurando o serviço. É bom porque mostra que as pessoas estão preocupadas e menos egoístas", reflete Elaine.
Colaborou Edis
Henrique Peres