Pequenos pacientes, grandes emoções. A vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a covid-19 teve início na manhã de ontem no Distrito Federal. Segundo a Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há 268.206 meninos e meninas na faixa etária na capital federal. A Secretaria de Saúde imunizou 3.646 crianças no primeiro dia de campanha. Proporcionais à expectativa que responsáveis, pais, mães e filhos estavam pelo tão aguardado dia de vacinação infantil, as filas formadas nos postos foram imensas. Em alguns locais, o tempo de espera chegou a três horas.
Inicialmente, a imunização será para crianças de 11 anos e de 5 a 11 anos com comorbidades ou com deficiência permanente. Ao todo, o DF recebeu, na sexta-feira, 16,3 mil doses da vacina Pfizer/BioNTech pediátrica, especialmente para a vacinação do público. Dessas doses, 10 mil foram distribuídas para as 11 unidades básicas de saúde (UBS) que atenderam os pequenos ontem.
O menino Carlos Adalberto Pereira da Silva, 8 anos, foi a primeira criança a ser vacinada contra a covid-19 no DF. A imunização ocorreu por volta das 7h45, na UBS 5 de Taguatinga. Carlos, que tem paralisia cerebral, chegou ao posto de saúde às 2h da madrugada com a mãe, Cleci Pereira da Silva. "Graças a Deus meu filho está vacinado e protegido. Esperamos muito por isso", comemorou.
Na cerimônia que inaugurou a vacinação para a faixa etária, o governador em exercício do DF, Paco Britto (Avante), destacou a importância do momento para a população do DF. "Esperança é poder ver a felicidade das crianças se vacinando. Foi um momento muito esperado por todos nós", disse.
O secretário de Saúde, General Manoel Pafiadache, afirmou que a data prevista pelo Ministério da Saúde para a chegada de mais doses é 20 de janeiro. "A Secretaria de Saúde segue a distribuição do ministério. Conforme novas doses forem chegando, vamos nos adaptando com seriedade, sempre. Hoje esperamos suprir a necessidade dessas famílias que esperaram tanto por isso", completou o titular da pasta.
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Emoção
Como uma espécie de efeito colateral positivo, o início da vacinação infantil na capital foi tomado pelo sentimento de esperança. Emocionada, Adriana Machado, 42, não conseguiu segurar as lágrimas quando chegou a vez do filho Heitor Machado, 10, tomar a vacina. Segurando a mão da mãe, o menino, também emocionado, dizia "não chora, mãe. Deu certo". A jornalista parou a vida por causa dos cuidados com o filho, que é asmático crônico, durante a pandemia da covid-19. "Hoje é como se fosse o renascimento dele. Foi um tempo de muito sofrimento e, agora, vem a esperança", alegrou-se.
Ansioso, Heitor conta que não conseguiu dormir à espera da tão sonhada vacina. Agora, o menino comemora a conquista. Depois de dois anos isolado em casa, ele finalmente vai poder retornar à escola e às atividades que fazia antes da pandemia. "É só alegria! Vou poder voltar para a escola, praticar esportes, natação e encontrar com os meus amigos", celebrou o garoto.
Manuela Rodrigues, 9, também não escondeu a felicidade em se vacinar e foi a segunda criança imunizada no Distrito Federal, também em Taguatinga. A partir de agora, ela está mais protegida contra a doença. A mãe da criança, Vitória Rodrigues, explica que as lágrimas vieram depois de lutar contra o vírus. Asmática, Manu teve covid-19 no ano passado, passou nove dias internada e, por causa das sequelas, hoje precisa usar uma muleta. "Não é só uma gripezinha, foi difícil e desesperador. Com a vacina, vem a esperança de dias melhores e alívio por tudo que ela já passou", descreveu Vitória, com lágrimas no olhos.
A pequena Beatriz Araldi, 6, não chorou e ainda fez pose de "forte" no final. "Ê, vacinada!", comemorou a garotinha. Bia tem síndrome de down e estava aguardando a vacinação para voltar a estudar com tranquilidade. Os pais Ivanete Araldi, 48, e Agnaldo Nogueira, 49, comemoraram o avanço da tecnologia e da medicina que possibilitaram a vacinação.
"É um momento emocionante. A expectativa de algo que a protegesse era muito grande. Ela ficou longe da escola e essa questão da socialização faz muita falta. Agora, é só o sentimento de esperança de que tudo vai ficar mais tranquilo", torceu Ivanete. Quem também expressou a alegria em se vacinar por meio de movimentos corporais foi Arthur Silva Alves, 9. O menino, que também é portador de síndrome de down, festejou a primeira dose com uma dancinha.
Filas
Para garantir a imunização, muitos pais foram para os postos de saúde logo cedo. Em Taguatinga, uma hora depois do início da vacinação, por volta das 9h, a equipe de atendimento conseguiu zerar a fila e quem chegava era atendido na mesma hora, sem precisar esperar. No entanto, na UBS 1 do Guará, às 9h30, a fila ainda era grande, mas andava rápido. O tempo de espera era, em média, de 15 minutos.
Já na UBS 1 do Cruzeiro, o tempo de espera era de uma hora. Os pais e responsáveis, no entanto, defenderam que a demora valeria à pena. No Lago Norte, quem chegou cedo precisou esperar aproximadamente 3 horas para receber a dose. Debaixo de sol quente, as famílias aguardavam a vez com bancos e lanches. "Tem de vir preparado, senão ninguém aguenta esperar", disse Adriano Melo, 53, que levou o filho Lorenzo Melo, 11, para vacinar na UBS 1 da cidade. "Está muito lento e sem estrutura para receber as pessoas. Cheguei por volta das 7h30, não imaginei que fosse demorar tanto", lamentou.