Você se manteve distante do atual governo, embora seja uma gestão comandada por um político de seu partido, o MDB. Por que isso ocorreu?
No período em que pude representar o DF pela quarta vez no Congresso Nacional, em apenas sete meses conseguimos R$ 26 milhões, com o apoio da bancada do MDB no Congresso Nacional , para obras importantes, tais como: R$ 10 milhões para remodelação do Pistão Sul, R$ 6 milhões para o sistema viário de escoamento do viaduto do Recanto das Emas, R$ 2,5 milhões para aquisição de 10 comboios mecanizados para agricultura, R$ 2,5 milhões para área de desenvolvimento social e R$ 5 milhões para a construção de módulos escolares. Jamais estive distante da população do DF. Nossa aliança prioritária é com a população de Brasília. No MDB, há espaço para uma postura independente.
Em diversos governos, você teve influência ou comando na área de obras. Foi assim nas gestões de Joaquim Roriz, José Roberto Arruda e Agnelo Queiroz. No atual governo, teve alguma indicação?
Minha vida pública, em especial ao lado do Roriz, foi dedicada a conduzir os seus principais projetos de governo: o maior programa habitacional da história do DF, com quase 100 mil unidades. As grandes transformações que reformularam o sistema viário de Brasília por meio de dezenas de conjuntos de viadutos, duplicação das principais vias estruturais do DF, a conclusão e colocação em operação do Metrô, alcançando Ceilândia e Estação Rodoviária de Brasília, ponte JK, Museu Nacional, Biblioteca Nacional, Corumbá IV e a criação de aproximadamente 20 cidades que respaldaram os programas sociais que marcam a nossa história. Neste governo, seguramente, não tive qualquer indicação nesta área ou em qualquer outra do GDF.
Qual é a sua intenção nestas eleições? Vai concorrer a qual cargo?
Meu nome sempre estará à disposição da população do DF. Tenho trabalhado muito. Estou percorrendo todo o DF com muito entusiasmo. Tenho recebido muito carinho e apoio. Estou ouvindo as pessoas para definir o melhor caminho. Quero estar mais próximo dos problemas locais.
Na última eleição, o tema foi combate à corrupção e repúdio aos políticos tradicionais. Acha que o foco mudou? Qual vai ser?
O combate à corrupção é um tema que, necessariamente, estará presente em todo debate político. Baseado na resposta da sociedade, nesse pleito prevalecerá a maturidade, a experiência na gestão e a sensibilidade no trato com a sociedade. Tenho convicção de que não haverá espaço para a criminalização exacerbada que houve na última eleição. A condenação prévia, que impõe tantas injustiças, não tem mais lugar.
O MDB vai de Lula, Bolsonaro, Simone Tebet ou com a terceira via?
O MDB hoje é o ponto de equilíbrio. A "Carta a Nação", redigida por Michel Temer, traduziu a responsabilidade histórica do MDB. A postura do presidente Baleia Rossi na disputa pela presidência do Congresso, demonstra o nosso protagonismo. Esse radicalismo político não faz parte da nossa história de defesa da democracia. O MDB apresentou a Simone Tebet como alternativa para um país que vive um momento histórico que exige responsabilidade, equilíbrio e preocupação com os que mais precisam.
Que nome da terceira via teria apoio do MDB?
A terceira via, solução buscada por um grupo de partidos, tem por base um conjunto de nomes e teses que devem ser respeitados. Pelo MDB, o nome apresentado é o de Simone Tebet.
Você apoiará a reeleição de Ibaneis Rocha?
Em 2018, como presidente do MDB, contribuí com empenho e lealdade para construir o entendimento com o conjunto de partidos que conquistou o Palácio do Buriti. Chegamos ao ponto de abrir mão da fidelidade partidária do MDB, permitindo que nossos candidatos trabalhassem para outras siglas. O MDB abriu mão do tempo de TV de federais para outros partidos. Enfrentamos dificuldades internas para preservar a posição da vice-governadoria, permitindo construir entendimento com os demais partidos da coligação. Todos esses fatos foram além da lealdade e representaram um sacrifício de membros do partido. Agora em 2022 a minha lealdade com o partido não será diferente, porém precisarei dedicar maior atenção ao meu projeto político para que eu possa continuar ajudando o Distrito Federal.
Acha que Ibaneis fica no MDB?
Essa definição é uma decisão que cabe única e exclusivamente a cada um dos postulantes que irão enfrentar as urnas em 2022 em função da sua consciência partidária.
Avalia que Ibaneis faz um bom governo?
Como já disse, tenho andado muito pelo DF e observado o sentimento da população. Sou do mesmo partido do governador e entendo que qualquer contribuição, principalmente aquelas que poderiam ser interpretadas como críticas, devem ser feitas diretamente, nunca de forma pública através de veículos de comunicação. Minha impressão, ouvindo a população de Brasília, é de que ainda há muito a ser feito.