"Tudo aquilo que germina, floresce e cresce está atrelado ao Odu. Tudo que precisa ser positivado precisa passar pelo caminho do Odu Obará", ensina George Angelo, líder grupo cultural cujo nome foi inspirado em Odu Obará, uma força que remete ao caminho da prosperidade, abundância e satisfação pessoal. A partir desses valores é que se formou e prosperou, em Brasília, o Grupo Cultural Obará.
Há mais de 10 anos o Obará atua no Distrito Federal montando oficinas de dança, apresentações de teatro e música. O projeto idealizado pelo mestre baiano George Angelo tem o propósito de manter pulsante a cultura afro-brasileira, por meio do intercâmbio de conhecimento proveniente de um repertório extremamente diverso e já consolidado no cenário brasileiro.
Em 2022, o Obará promove pela primeira vez o seminário 'Zumbi não morreu', que acontece no Espaço Cultural Renato Russo, de 18 a 23 de janeiro, pela manhã (das 9h às 12h) e à noite (das 16h às 22h). O evento busca celebrar a cultura e a arte negra através debates, oficinas, apresentações, intervenções, apresentação de livros e exposições culturais.
A importância dos aparelhos culturais e temas correlatos, como sustentabilidade, direito à cidade e empreendedorismo estão entre as pautas mais relevantes previstas para o debate. Estão confirmadas palestras de João Jorge, presidente do grupo Olodum; do professor Nelson Inocêncio, da Universidade de Brasília e de sacerdotes de religiões de matrizes africanas de diversos estados do Brasil, mestres da cultura tradicional, músicos, artistas, profissionais da saúde e parlamentares. O lançamento do livro "Fala Negão, o Discurso sobre Igualdade" de João Jorge; também faz parte da programação.
Para George Angelo, esta é uma oportunidade de fazer ecoarem as vozes do povo negro, extrapolando datas específicas como o feriado da Consciência Negra, em 20 de novembro. Tais ocasiões, segundo ele, já não satisfazem a urgente necessidade de debate sobre a arte negra e as religiões de matrizes africanas, que permeiam a cultura brasileira.
Ele explica que a escolha do nome 'Zumbi não morreu' foi feita para reforçar o poder que os negros carregam consigo, já que este é o nome do principal líder do Quilombo dos Palmares, o maior do período colonial. "Zumbi está em mim, está aqui, em nós. Somos a maioria ativa no país. Sem nós, o país não funcionaria", diz George.
O professor Nelson Inocêncio, cuja presença no evento está confirmada, pontua que o seminário é uma oportunidade para conversar sobre as lutas, a resistência e a re-existência da população negra. "Hoje falamos sobre movimento sociais, mas temos que saber exatamente do que estamos falando, então penso que a oportunidade do seminário com esse chamamento, dizer que o Zumbi não morreu, é dizer que as nossas lutas históricas ainda estão ai", pontua.
O Obará está presente em 14 escolas públicas do Distrito Federal, na Universidade de Brasília (UnB) e no Centro de Dança da W3 Norte. São cerca de 19 professores formados nas oficinas oferecidas pelo projeto.
O link do formulário para as inscrições no evento pode ser encontrado no perfil do instagram @projetobara. O seminário também pode ser acompanhado pelo YouTube.
* Estagiária sob a supervisão
de Layrce de Lima