Com o registro histórico da redução de casos de homicídio no Distrito Federal e em plena negociação de reajuste de salários com as forças de segurança locais, o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Júlio Danilo de Souza Ferreira, foi o entrevistado de ontem do CB.Poder — programa que é uma parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília. Em conversa com a jornalista Ana Maria Campos, ele fez um balanço da atuação da Pasta e explicitou alguns desafios para o ano.
A secretaria divulgou números positivos sobre a redução da criminalidade. Um dos destaques é a redução de homicídios no DF. Que números são esses, como está essa redução e o que ocasionou essa boa notícia?
Os números que publicamos esta semana são históricos. Temos um programa que se chama DF Mais Seguro, robusto voltado para a questão da segurança no DF e, desde 2019 e 2020, viemos reduzindo esses números, tanto dos crimes violentos letais intencionais, que englobam homicídios, latrocínios, feminicídios e lesão corporal seguida de morte, como também os crimes contra o patrimônio, que englobam os roubos e furtos. A nossa meta era bem ousada, a gente já sabia que seria difícil, seria um desafio, mas nós conseguimos reduzir esses números em 2021. Foi um trabalho muito forte e efetivo das forças de segurança, muito focado na questão da análise de dados, do trabalho com inteligência, e integrado. Quando pegamos o número de homicídios, é o mais baixo em 22 anos, e quando comparamos as mortes por cem mil habitantes, é o menor nos últimos 45 anos, o melhor da série histórica.
Foram 337 pessoas mortas em crimes violentos no DF. O trabalho da Secretaria de Segurança é de identificar as causas nas regiões e combater essas causas?
Também, aqui, se destaca o importante trabalho da Polícia Civil, que apresenta números são muito consideráveis. Temos um índice de resolução de homicídios altíssimo, acima de 90% no DF, e isso colabora muito para que tenhamos a redução desses números. A partir do momento que conseguimos identificar os autores desses crimes, conseguimos responsabilizar-los e tirá-los de circulação, colocá-los presos, aí a gente consegue impedir que eles voltem a matar ou que sejam vítimas de homicídio. A gente faz os estudos também, todo o nosso trabalho é focado em um direcionamento muito forte na análise de dados. Quando a gente pega, quase 76% dos autores de homicídio possuem antecedentes criminais e quase 65% das vítimas também possuem algum tipo de envolvimento com crime, ou seja, essas pessoas que acabam delinquindo e retornam ao convívio social acabam sendo mais suscetíveis a cometer crimes ou serem vítimas de crime violento.
Sobre os casos de feminicídio, em relação a 2020, houve um aumento de mortes de mulheres por questão de gênero, foram 24 mulheres assassinadas no ano passado. O que a Secretaria de Segurança pode fazer para ajudar?
Realmente, teve um aumento de sete casos a mais neste ano. Em 2020 teve uma redução mais que histórica, tivemos uma redução de 47% nos números de feminicídio, enquanto o Brasil todo registrou um aumento de 5%, o DF foi a única unidade da Federação que registrou uma redução, então era muito difícil realmente (reduzir mais), mas a gente vai trabalhar e vamos tentar conter. A participação da sociedade civil é fundamental, o primeiro passo é transparência, lançamos o painel com o dado de feminicídio para que toda a sociedade, imprensa, academia, órgãos de controle e Ministério Público possam ter acesso aos dados e possamos discutir esses temas. Esses números são fundamentais para o estabelecimento de políticas públicas das diversas áreas do governo.
A apreensão de armas também foi grande o ano passado.
Só a Polícia Militar apreendeu cerca de 1.600 armas no ano passado e é um trabalho fundamental que a gente faz, você realmente tira armas de fogo de circulação. É a abordagem na rua, trabalho de fiscalização, nós temos uma operação que faz parte do DF Mais Seguro, é a operação 'Quinto Mandamento', uma ação de preservação da vida onde você tem todas as forças de segurança trabalho de forma integrada, você tem a Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Detran, órgãos de fiscalização, DF Legal, Ibram e Vigilância Sanitária. Não só a questão do enfrentamento direto ao crime, mas também na prevenção.
Os policiais civis, policiais militares e do Corpo de Bombeiros estão esperando que um reajuste que saia do GDF, inclusive houve várias reuniões, o senhor participou de algumas, e eu queria saber se vai sair esse aumento para as forças de segurança?
Isso é uma resposta que o nosso governador (Ibaneis Rocha) está trabalhando, ele tem conduzido esse processo, realmente ocorreram algumas reuniões das forças de segurança com a Secretaria de Economia, porque a gente precisa ver se há espaço ali no Fundo Constitucional, as nossas forças de segurança são remunerados com o fundo constitucional. Então, é possível que haja assim algum tipo de possibilidade de acomodação desse reajuste. Discussões foram feitas entre as equipes técnicas, também foram realizadas algumas reuniões com as entidades de classe, as forças de segurança Secretaria de Economia e Secretaria de Segurança Pública para que a gente pudesse também estar ouvindo quais são os anseios das classes e esse processo está em diálogo, está em construção. A definição vai ser dada pelo governador Ibaneis, que está sensível à causa.
Qual é a solução para o concurso da Polícia Civil? Quais são os prazos, quando é que tem previsão de chamar os aprovados?
A gente está com um curso em andamento da Polícia Civil e com grande anseio para que a gente possa logo colocá-los na academia e ter os candidatos como policiais já formados e trabalhando. O problema é a extensão da realização dos prazos do concurso, aí tem prazos realmente que são dispostos na lei, teve também a própria questão da pandemia que acabou atrasando a gente. A intenção é que a gente possa, o quanto antes, dar seguimento normal e colocar esse pessoal na academia.
Estamos perto do carnaval, e houve esse decreto do governador Ibaneis suspendendo os carnavais de rua. A Polícia Militar vai ajudar nisso, não é?
Sim. Temos a experiência do ano passado, que também não teve carnaval de rua. Vamos manter um policiamento nas principais áreas onde alguns blocos costumavam sair, para que a gente possa estar orientando. A intenção é sensibilizar o cidadão de que não é o momento para aquele tipo de atividade.
Confira a íntegra da entrevista no YouTube do Correio
*Estagiário sob a supervisão de Juliana Oliveira