Ainda não há previsão para que a Defesa Civil libere o prédio que desabou em Taguatinga, na última quinta-feira, para que sejam retirados os pertences dos moradores. Hoje completam seis dias que o edifício de uso misto — residencial e comercial — de cinco andares ruiu poucas horas depois de ser evacuado. "Sem previsão de liberação, a gente caminha para um cenário de demolição sem acesso para pegar patrimônio", disse o tenente-coronel Rossano Bohnert, engenheiro da Defesa Civil
A possibilidade da entrada de uma equipe especializada para a retirada dos pertences pessoais dos moradores é cada vez menor. "Enquanto não ficar estável, não vamos fazer nada. Ninguém pode entrar no prédio porque pode ruir com qualquer sobrecarga, inclusive presença de pessoas", disse Rossano. No entanto, ainda não é possível apontar quando o prédio pode desmoronar completamente.
O tenente-coronel Rossano explicou que, apesar da movimentação parecer pouca aos olhos dos civis, para os especialistas, cada centímetro é uma mudança considerável e preocupante, levando em consideração o peso da edificação. "Ele está mexendo cada vez mais rápido. Impossível estimar e prever quando ele pode tombar sozinho, mas, cada vez mais, ele vai ruir", pontuou.
A avaliação das condições físicas do prédio foi feita, ontem, pela equipe técnica da Defesa Civil, com engenheiros e professores. Especialista em demolição, o professor Dickran Berberian destacou que apenas o resultado das avaliações diárias da Defesa Civil poderá atestar a segurança de colocar pessoas no local e dizer se há risco de desabamento iminente. "Eu examinei o que podia por fora. Mas as medições vão fornecer informações mais precisas, analisando as trincas, se estão aumentando ou estabilizando", explicou.
A Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística do Distrito Federal (DF Legal) afirmou que o monitoramento do edifício está sendo realizado por meio do serviço de topografia, e os resultados consideraram os deslocamentos e movimentação da edificação estáveis de segunda para terça-feira. Os trabalhos de monitoramento continuarão, e amanhã será realizada uma reunião com os proprietários do prédio e órgãos do GDF para discutir as próximas providências a serem tomadas.
Laudo técnico
Em nota, o proprietário do prédio informou que será entregue hoje um laudo técnico da empresa de topografia contratada por ele, e que teve início ontem as tratativas para a celebração de acordo com os inquilinos interessados. "Estão sendo priorizados aqueles cujas unidades foram soterradas, mas todos serão convocados à negociação através do escritório de advocacia contratado pelo proprietário", diz o texto.