Já sonhou em viajar pelo espaço sideral e conhecer outras galáxias? Explorar o universo nunca foi tão simples quanto é para os brasilienses. No Planetário de Brasília você pode fazer tudo isso! De forma muito mais imersiva, é possível apreciar produções audiovisuais sobre astronomia, exposições, filmes e muito aprendizado. É um ambiente propício a despertar curiosidade, conhecimento, difundir a ciência e reconectar as pessoas com o céu, o universo e o cosmo.
"Vivemos uma sociedade extremamente poluída do ponto de vista luminoso. As pessoas perderam essa ligação de observação do céu noturno. Mais de 60% dos brasileiros nunca viveram a experiência de ver a Via Láctea no céu. O planetário tem a capacidade de fazer essa ligação das pessoas com o céu e, com isso, passar uma mensagem para criança de quão é interessante o céu", aponta o professor e planetarista Luís Cavalcante.
Localizado no Eixo Monumental, pouco abaixo do Centro de Convenções e de frente para o Estádio Mané Garrincha, o Planetário de Brasília Luiz Cruls, considerado um dos pontos turísticos da capital, é um reduto de diversão e saber. Logo de cara, na área externa do planetário, os visitantes recebem as boas-vindas da ciência com o monumento de um foguete suborbital usado pela Agência Espacial Brasileira (AEB).
Na entrada do prédio, monitores do planetário estão preparados para conduzir o visitante a uma viagem guiada pelo sistema solar, explicando sobre a distância dos planetas em relação ao Sol, proporcionando uma ideia da dimensão do universo. Em outro ambiente da exposição, no subsolo do planetário, o visitante pode saber um pouco mais sobre a Agência Espacial Brasileira (AEB), fundada em 1994.
O analista de sistema Edson Momm, 42 anos, e o artista Cirilo Quartim, 44, se reuniram com os filhos: Theo Monn, 9 anos, Camilo Quartim, 9, e Tarsila Quartim, 4, para fazer um passeio diferente na tarde de ontem. Essa foi a segunda visita de Theo ao planetário. "A gente veio pela primeira vez quando ele tinha 4 anos. E agora decidimos voltar para conhecer de novo", conta Edson. Pai e filhos têm o hábito de acompanhar a Estação Espacial Internacional (ISS) juntos. "São duas estações, mas a gente acompanha uma e eu gosto muito do espaço", acrescenta Theo.
O professor Cirilo Quartim se considera um leigo curioso e astrônomo amador. Artista, ele já se inspirou na paixão pela via láctea para temas de obras. "É algo que me desperta muito interesse ", conta. Desde criança ele visita o planetário e agora quer passar a tradição para os filhos. " Eu tenho muitas memórias de quando eu era criança aqui e agora quero trazer eles sempre que possível. Essa é a primeira vez e a partir de agora, depois de tanto tempo isolados por causa da pandemia, quando tiver qualquer atração ou oportunidade estaremos abraçando, ainda mais como essas.
Na parte de cima do planetário, o clima é de ficção científica, com exibição de imagens do universo cedidas ao espaço pelo Consórcio Europeu de Telescópio. Um túnel cenográfico lembra a cena do filme 2001 — Uma Odisseia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick. Além disso, visitantes podem conferir uma exposição com fotos de nebulosas planetárias, um objeto astronômico que é constituído por um invólucro brilhante em expansão de plasma e gás ionizado.
A publicitária Marina Morais, 25, está de visita em Brasília e ficou encantada com as nebulosas. Moradora de Recife, ela está passando férias da capital e foi com as amigas conferir as exposições no planetário. "Eu estou gostando bastante e acho muito interessante. A parte das nebulosas é o que mais me chama atenção. Eu não conheço muito, mas acho incrível. Está sendo muito legal aprender sobre", afirma.
A ideia de visitar o lugar foi da amiga da pernambucana, Júlya Rodrigues, 24. A estudante conta que quis levar Marina para lugares legais e diferentes, além do óbvio. "Eu gosto bastante daqui e já vim algumas vezes assistir algumas mostras de filmes na cúpula. Esse é um assunto que eu curto e, por causa dos filmes, meu interesse foi crescendo", completa Júlya. A estudante Juliana Ilkiu, 26, é artista e ama pintar nebulosas. Ela foi acompanhar as amigas e aproveitou para se inspirar para as próximas telas. "Eu pinto aquarela, então as nebulosas é algo muito gostoso de pintar. Eu me sinto muito inspirada aqui."
E para quem quiser saber como é ser um astronauta e se sentir no mundo da Lua, basta tirar uma foto ao lado do macacão espacial de Marcos Pontes, único brasileiro cosmonauta. E foi exatamente isso que os pequenos Bianca, 8, e Willian Almeida dos Santos, 5, fizeram. "Vamos para a Lua", dizia o menino, enquanto brincava no foguete. A mãe das crianças Priscilla Santos, 35, decidiu levá-los ao planetário para que eles pudessem aprender sobre astronomia de perto.
"Bianca está na fase da escola em que estudam sobre esse tema. Decidi trazê-la para tirar algumas dúvidas, saber como funciona, saber sobre os planetas. Eu estou amando ver a empolgação deles. Esse é um passeio muito diferente do que estão acostumados, muito atrativo e educativo. Matam a curiosidade e se divertem", diz a professora. Curiosa, a menina observa atentamente todos os detalhes e pergunta sobre tudo. "É bem legal porque a gente estuda sobre os planetas e as estrelas. E é bem legal, porque chama a gente para ver alguns lugares mais de perto. Estou gostando muito e aprendi bastante hoje", diverte-se Bianca.
Com capacidade para 80 pessoas, a cúpula do Planetário de Brasília é sempre uma atração à parte, com exibições de filmes em 3D que mexem com as sensações do público por meio de viagens visuais e sonoras imersivas. A partir de amanhã, as programações no espaço retornam com dois blocos de cinco sessões, sendo que três filmes são para o público infantil, um para adolescentes e um para adultos. A programação pode ser conferida no site do planetário. "São filmes para todos os públicos e fizemos essa divisão em blocos justamente para dar possibilidade para quem quiser vir mais de uma vez no planetário poder assistir um número maior de filmes", acrescenta Luís Cavalcante.
Uma outra novidade é uma ala sobre astronomia e a bandeira do Brasil. A exposição, concebida pela equipe do planetário, observa a bandeira brasileira e explica o significado astronômico de cada item. "As pessoas olham a faixa e as estrelas mas não sabem como se deu a concepção e a organização das estrelas no céu, que não são apenas para só associar as estrelas com a representação dos estados. Existe uma lógica ali e uma história. A bandeira do Brasil, dentre todas as do mundo é a que tem mais significado astronômico e que mais se utilizou dessa relação do céu com o país", explica o planetarista.
Inauguração
O Planetário de Brasília foi inaugurado em 15 de março de 1974. O monumento foi projetado pelo arquiteto carioca Sérgio Bernardes. A estrutura remete à imagem de um disco voador pousado sobre o gramado do Eixo Monumental e foi desenhada com a ideia de unir o céu e o mar. O prédio tem três mil metros quadrados de área construída e fica em um lugar privilegiado: entre a Torre de TV e o Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Ao ser inaugurado, o espaço recebeu o equipamento mais avançado da época, o projetor central astronômico SpaceMaster. O equipamento fabricado pela empresa alemã Carl Zeiss foi por muito tempo o mais moderno do Brasil.
De acordo com a concepção inicial de unir o céu ao mar, Bernardes planejou fazer 16 aquários para ocupar o piso superior do prédio, mas a ideia não vingou. No subsolo, foram colocados tanques para armazenar os peixes, mas nem na fase de testes a ideia deu certo. As estruturas que seguravam as lâminas de vidro não suportavam a força da água e ocorriam vazamentos. Nunca se encontrou uma solução para os vazamentos e os módulos foram abandonados.
Após diversos problemas estruturais e um extenso histórico de reabertura e desativação, o Planetário de Brasília foi reinaugurado em dezembro de 2013. O prédio ainda possui o equipamento de projeção analógico original e passou a contar também com um novo modelo digital atualizado, o Power Dome VIII, que exibe imagens tridimensionais e imersivas acompanhadas de som de alta definição, cuja fabricação também é da Carl Zeiss.