O Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF) repudiou o mais recente caso de violência contra servidores da saúde. Em nota, a entidade afirma que se colocou à inteira disposição, desde o primeiro momento, para auxiliar Ana Caroline Muniz, 26 anos. A enfermeira foi agredida fisicamente pela acompanhante de uma paciente que aguardava atendimento na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Recanto das Emas.
“Nós vamos buscar a punição exemplar da agressora, para que sirva de exemplo e casos assim deixem de se repetir. As pessoas precisam entender que a falta de médicos não é culpa da Enfermagem. Precisam entender que a Enfermagem não é culpada pelas mazelas do serviço público. As enfermeiras, técnicas e auxiliares devem ser respeitadas, pois estão fazendo o trabalho da melhor forma possível. Chega de violência, não vamos admitir”, afirma o presidente do Coren-DF, Elissandro Noronha.
O caso ocorreu na segunda-feira (3/1). Segundo Ana, a UPA estava superlotada e com poucos médicos. "Pela manhã, não tinha atendimento médico. Apenas para os casos gravíssimos e que tinham risco de morte", conta. "Uma paciente, de cerca de 60 anos, chegou com acompanhante. Ela foi avaliada e classificada como 'laranja', ou seja, é grave, mas não há risco de morte", diz.
A enfermeira explica que, após uma das acompanhantes começar a reclamar, ela reavaliou a paciente, mas manteve a classificação anterior. "Foi quando, na minha sala, ela me deu um soco na boca. Ela tentou outros golpes e eu me defendi, mas estou toda machucada", comenta. O segurança da UPA tentou ajudar Ana junto a outros membros da equipe de saúde. Porém, o caso foi parar na polícia. "Fomos até a delegacia, registrei boletim de ocorrência e fiz exame de corpo delito", diz a enfermeira.
Ela lamenta o ocorrido e diz ser frequente. "Foi a primeira vez que ocorreu comigo, mas sabemos o tanto que é comum. É uma situação muito desagradável e, agora, fica só o trauma", completa. A UPA do Recanto das Emas é administrada pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IGESDF). O Instituto ainda não se manifestou sobre o ocorrido.
Outros casos
Em outubro do ano passado, uma servidora do Centro de Atendimento Psicossocial (Caps) de Samambaia foi agredida fisicamente e verbalmente por uma paciente e pelo marido dela. Em setembro, um homem foi preso após entrar na unidade básica de saúde (UBS) 1, do Paranoá, e ofender uma servidora da Secretaria de Saúde. Segundo o relato da mulher, ele chegou ao local pedindo informações e, diante do pedido da funcionária para que colocasse a máscara, ele se revoltou e a xingou com palavras de baixo calão.
Em novembro, a Secretaria de Saúde do DF divulgou um programa para tentar inibir os casos de agressões e ameaças registradas contra profissionais da saúde da capital. Em parceria com a Secretaria de Saúde, a Polícia Militar do DF (PMDF) montou o programa Saúde Segura para prevenir e ter pronta-resposta para casos de agressão e ameaça em unidades hospitalares. Entre as medidas anunciadas está a implementação de um “botão de pânico” em um aplicativo para os servidores.
A reportagem questionou o GDF sobre o andamento do programa, mas, até o momento, não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestações.