Lago Paranoá

Morre mulher vítima de acidente em lancha

A vítima, de 36 anos, pulou da embarcação para salvar a filha que havia caído no Lago Paranoá. Polícia Civil investiga o que teria acontecido para que ela fosse atingida pela lancha

Samara Schwingel
postado em 31/01/2022 00:01
 (crédito: Reprodução/Redes sociais)
(crédito: Reprodução/Redes sociais)

Desfecho trágico para o que deveria ter sido uma tarde de passeio no Lago Paranoá. Deysivânia Costa do Rego de Paulo, 36 anos, morreu na madrugada de domingo no Hospital de Base após ter sido resgatada no Pontão com o braço decepado e evisceramento causado pela hélice da lancha em que ela e família aproveitavam o sábado.

Ontem, o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal confirmou, em coletiva, que ela foi atingida e dilacerada após pular no lago para salvar um dos filhos que havia caído na água depois que a embarcação fez um movimento brusco e derrubou algumas pessoas.

Ela passava férias em Brasília. Segundo informações da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), além do braço decepado, ela teve lesões graves na região do abdômen. A 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul) investiga os fatos. O condutor da lancha foi ouvido e o caso é tratado, por enquanto, como culposo, quando não há intenção de matar.

Dinâmica

Os investigadores acreditam que o acidente aconteceu durante a tentativa de ancoragem da lancha. "Segundo pessoas que estavam na embarcação, o condutor fez uma manobra para posicionar a embarcação. Neste momento, ela fez uma movimentação brusca e as pessoas foram projetadas para fora e a embarcação deu uma ré, momento em que feriu a vítima", disse o Tenente Marcelo de Abreu do Corpo de Bombeiros.

Segundo informações preliminares, assim que Deysivânia conseguiu retirar a criança da água ela foi atingida pelo propulsor da lancha. Ela foi encontrada a cerca de 60 metros da margem do lago e os militares do Corpo de Bombeiros contam que a situação era crítica. Inconsciente, ela estava com o braço direito amputado e as vísceras para fora. Ao ser resgatada, foi intubada e levada ao Hospital de Base. Por volta das 2h da madrugada de ontem, ela não resistiu aos ferimentos e morreu.

A tragédia aconteceu em uma área em frente ao Pontão do Lago Sul. "Fomos acionados para atender vítimas de afogamento. Chegando no local, vimos a senhora gravemente ferida. De imediato, ela foi levada às margens do lago a fim de ser atendida e ter as hemorragias e vísceras contidas", detalhou o tenente. O militar conta que a corporação ficou por cerca de três horas procurando o braço da mulher, porém, não obtiveram êxito. "Não descartamos a possibilidade desse membro ter sido triturado pelas hélices da embarcação", completou Abreu. O militar ressaltou a importância do uso de equipamentos de proteção durante passeios no lago. "Coletes salva-vidas, por exemplo, evitam afogamentos e outros tipos de acidentes e é um item que as pessoas, pelo menos em Brasília, não têm o costume de usar", orientou. O tenente disse que não é possível confirmar se Deysivânia e os outros integrantes da lancha usavam colete ou não.

Família

Deysivânia deixa um casal de filhos e o marido. Eles estavam em Brasília a passeio e moram em Barreiras, na Bahia. Nas redes sociais, amigos e parentes lamentaram o ocorrido. "Deysi viverá eternamente na memória e no coração de todos nós, seus familiares, amigos e todos os que tiveram o privilégio de conhecê-la, pois, na memória de quem ama, não há lugar para o esquecimento", escreveu um familiar. A mulher era casada com o atual marido desde 2012. Ela se formou em estudos sociais em uma universidade de Barreiras.

Segundo o tio do marido de Deysivânia, o vereador de Barreiras Ben-hir Aires, a cidade está em choque com a notícia. "Ela era uma pessoa muito querida por aqui", diz. Segundo ele, a intenção da família é levar o corpo para ser velado e enterrado na Bahia. "Estamos esperando a finalização da perícia", completou Ben-hir. Ele explicou que a família de Deysivânia estava em Brasília desde a última quinta-feira, 27 de janeiro. "Foram passear e acaba acontecendo uma tragédia dessas."

O familiar disse que o esposo da vítima está extremamente abalado. "Não é fácil. A gente fica muito triste com essa situação, mas, agora, é pedir para que Deus conforte o coração de todos. Ela só deixa lembranças boas e vai fazer muita falta", completa Ben-hir.

Investigação

O condutor da embarcação, que trabalha como marinheiro e tripulante na empresa que é dona da lancha, foi conduzido à delegacia onde prestou depoimento. Ele realizou o teste de alcoolemia, que apontou 0,00 mg/L, ou seja, não foi caracterizada embriaguez na condução da lancha. Por enquanto, o caso é tratado como lesão culposa. Além da Polícia Civil do DF, onde a ocorrência segue em apuração, a Marinha do Brasil (MB) informou que a Capitania Fluvial de Brasília vai instaurar um inquérito para apurar as causas, circunstâncias e responsabilidades do acidente.

"A MB reforça seu compromisso de zelar pela salvaguarda da vida humana e a segurança da navegação, nas águas jurisdicionais brasileiras, e a prevenir a poluição hídrica oriunda de embarcações e relembra que existe um telefone disponível, ininterruptamente, para atender a emergências marítimas e fluviais: 185", disse a Marinha por meio de nota.

 

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  • Mulher de 36 anos cai da embarcação em que estava com familiares, e é atingida pela lancha às 15h59 do dia (29/01).
    Mulher de 36 anos cai da embarcação em que estava com familiares, e é atingida pela lancha às 15h59 do dia (29/01). Foto: Divulgação/CBMDF
  • Bombeiros foram acionados para atender afogamentos
    Bombeiros foram acionados para atender afogamentos Foto: Divulgação/CBMDF

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