PANDEMIA

Covid-19: vacinação de idosos no Distrito Federal completa um ano

Em 12 meses, foram imunizados com a primeira dose ou dose única 100% do grupo de pessoas com mais de 60 anos residentes no DF, público estimado em 346.221. Mesmo já vacinados, os mais velhos não descuidam e seguem com os protocolos de segurança

Samara Schwingel
Renata Nagashima
postado em 30/01/2022 06:00 / atualizado em 30/01/2022 10:57
 (crédito: Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Há cerca de um ano, o Distrito Federal dava início à campanha de vacinação contra a covid-19 para a população geral. Os primeiros, sem serem profissionais de saúde da linha de frente, a receberem os imunizantes foram os idosos. Em 12 meses, foram imunizados com a primeira dose ou dose única 100% do grupo de pessoas com mais de 60 anos residentes no DF, público estimado em 346.221 idosos. Atualmente, a campanha está do outro lado da pirâmide etária e atende às crianças com 6 anos ou mais. A espera pelo imunizante foi grande e a esperança é de que a crise acabe. Mas, mesmo já imunizados, os mais velhos não se descuidam e seguem com os cuidados. Para o secretário de Saúde, Manoel Pafiadache, o foco da campanha, nos próximos meses, é buscar os não-vacinados, independentemente da faixa etária. 

Em março de 2021, Emanuel Ovídio Balbino, 73 anos, recebia a primeira dose de esperança na família. Uma semana depois, foi a vez de Regina Célia dos Reis Balbino, 67, se vacinar contra covid-19. Para marcar o momento, os avós e os netos, Acsa Reis das Chagas, 10 anos, e Emanuel Reis das Chagas, 9, tiveram a ideia de plantar um ipê, simbolizando o começo de um novo tempo na vida da família, que passou dois anos reclusa. "Os meninos não estudaram. Ficaram os dois anos dentro de casa. Eu sou de risco, e meus pais também são de risco. A gente não sabia como seria se alguém pegasse, então, preferimos não arriscar", conta a mãe das crianças, Graziela Reis Balbino da Chagas, 42 anos.

Para eles, a árvore plantada em frente à casa da família, no Guará, simboliza esperança trazida com a vacina. A ideia foi do pequeno Emanuel, que também escolheu o nome para batizar a muda. "É o Ipê da Esperança porque, no futuro, as pessoas vão ter mais esperança para continuar plantando coisas boas. A vacina é como esperança de que várias pessoas vão ser salvas e plantar também ajuda na respiração", explica o menino, que está ansioso para se vacinar. Emanuel, a mãe e a tia pegaram covid na semana em que ele e a irmã iriam tomar o imunizante. Por isso, precisam aguardar um período.

"A vacina foi realmente uma dose de esperança que nasceu dentro da gente. Tínhamos muito medo de morrer porque todos temos outros problemas que agravavam, então, ficamos muito reclusos. Quando a vacina chegou, ficamos muito empolgados", relata dona Regina. Desde o começo da pandemia ela buscou aconselhamento médico, e garante que não teve medo de se vacinar. "Em momento algum tivemos medo de que a vacina pudesse nos prejudicar, sempre confiamos de que ela era a solução. Tanto é que passamos por esse tempo todinho, graças a Deus, bem", acrescenta.

Atualmente, a campanha de vacinação contra a covid-19, no DF, está focada nas crianças, mas os adultos e idosos ainda podem se vacinar. A Secretaria de Saúde ressalta a importância de se completar o ciclo vacinal. O intervalo entre as duas primeiras doses da AstraZeneca e da Pfizer é de oito semanas. Para quem recebeu a CoronaVac, o período é de 28 dias. A dose de reforço, conhecida como terceira dose, deve ser tomada quatro meses após a segunda dose.

Cuidados

Mesmo quem já recebeu todas as doses a que tem direito segue com cuidados para não se infectar. Antônia Mesquita, 66, é dona de um bar em Ceilândia, cidade onde também mora. Com as três doses da vacina contra a covid-19, ela conta que ainda segue os mesmos protocolos que adotou no início da crise. "Chego em casa, tiro a roupa, os sapatos, boto tudo para lavar e tomo um banho. Faço isso toda vez que saio, sem exceção", comenta. Antônia afirma que está de olho nos números da pandemia. "Voltaram a crescer. Não tenho medo, mas não dá para bobear", complementa.

Antônia Mesquita, 66 anos, segue os mesmos protocolos de cuidados mesmo vacinada
Antônia Mesquita, 66 anos, segue os mesmos protocolos de cuidados mesmo vacinada (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

De acordo com a médica infectologista da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) Valéria Paes, a vacina trouxe uma mudança radical no cenário da covid-19 no DF. Ela destaca que nesse primeiro ano já foi possível observar um impacto considerável principalmente na incidência de efeitos graves nos contaminados e na diminuição no risco de morte. "Temos muito o que comemorar por termos uma vacina disponibilizada relativamente rápido. A vacinação é uma estratégia que a gente precisa investir bastante. Estamos em um momento de reforçar a 3ª dose. Esse reforço é fundamental para combater essas variantes que estão surgindo", aponta.

Ela avalia que, no atual momento, é necessário combater as fake news em relação à vacinação infantil. "Tem que haver informação para acabar com os receios e realizar a vacinação completa nas crianças", complementa. Nos próximos anos, a previsão é de que a vacinação contra covid-19 se torne um esquema vacinal semelhante ao da gripe, anual. "Porém, ainda depende de novas informações científicas de como vai estar o cenário epidemiológico."


 

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