Dados divulgados pela Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) mostram que o Valor Bruto da Produção (VBP) de ovos no DF foi de, aproximadamente, R$ 60,9 milhões em 2019. No ano seguinte, o valor aumentou para pouco mais de R$ 61 milhões. Em 2021, contudo, houve queda no VBP, que fechou em R$ 56,7 milhões.
Essa diminuição pode estar aliada ao aumento no preço de venda do ovo aos consumidores. "Os custos de alimentação e nutrição das aves de postura representam cerca de 70% do custo total de criação. Na avicultura, é forte a presença de commodities como o milho e a soja. Esses dois ingredientes aumentaram consideravelmente nos últimos anos e respondem por cerca de 80% dos custos da ração dos animais de postura, refletindo diretamente no aumento do custo de produção e, consequentemente, no preço final", afirma o zootecnista da Emater-DF, Maximiliano Cardoso.
No DF, existem 174 produtores de aves de postura, segundo a Emater-DF. Valdir de Oliveira, 60, é um deles. O avicultor conta que se dedica à produção de ovos há 15 anos, em uma chácara do Núcleo Rural Boa Esperança, em Ceilândia. "Comecei como hobby, pois minha mãe gostava. Ela criava 20 galinhas e, depois que ela faleceu, eu continuei cuidando das aves e acabei investindo no segmento", conta.
Atualmente, Valdir possui 800 galinhas em sua granja, de quatro linhagens diferentes, que produzem cerca de 30 dúzias de ovos por dia. Ele afirma que sentiu o aumento no preço dos insumos utilizados para criar as galinhas, fazendo com que seu lucro mensal caísse de 50% para 30%. "Por conta disso, tive que aumentar o valor de venda. Antes, o preço de uma dúzia saia a R$ 8 no atacado. Agora, tenho que vender a R$ 10".
Valdir também conta que o preço dos insumos fizeram muitos avicultores desistirem da produção de ovos. Foi o caso de Moacir Soares, 42, que contava com uma granja de 300 galinhas. Contudo, o alto preço dos insumos fez com que ele desistisse da produção e passasse a comprar os ovos já produzidos para revender. "Está muito caro. O que eu estava faturando quase não era o suficiente para suprir os gastos. O que eu compro de outra granja sai 50% mais barato do que aquilo que eu produzia aqui. Minha produção estava limitada a cinco caixas por semana, o que fazia com que meu lucro mensal fosse de apenas R$ 800. Por isso, estou preferindo comprar de outras granjas, que o lucro acaba sendo maior", explica Moacir.