Falta de ar, cansaço, fraqueza, dor torácica, arritmia, perda de memória, de paladar e de olfato, entre outras — as sequelas pós-covid são variadas e frequentes em pacientes que tiveram a doença por longo período. Mas, também atingem pessoas que tiveram sintomas leves e nem chegaram a ser internadas. Os idosos têm maior potencial para desenvolver problemas em consequência da doença, mas eles podem aparecer de variadas formas em pessoas de todas as idades, e afetar significativamente a qualidade de vida.
Entre as pessoas que tiveram a forma mais agressiva da doença e ficaram acamadas, é possível verificar sequelas, que variam de perda de massa muscular a problemas pulmonares. “Não conseguimos prever com nenhuma antecedência quem vai ter sequelas ou não, agora, temos alguns marcadores que indicam que alguns pacientes potencialmente possam ter mais sequelas do que outros, como por exemplo idosos, imunocomprometidos e pessoas com doenças crônicas”, pontua o fisioterapeuta Dante Brasil Santos, do Hospital Universitário de Brasília (HUB).
Em entrevista ao CB.Saúde — parceria do Correio com a TV Brasília —, mediada pela jornalista Carmen Souza, nesta quinta-feira (27/1), o fisioterapeuta detalhou o trabalho do hospital no tratamento de reabilitação pulmonar gratuita para pacientes que contraíram a covid-19 e que apresentam sequelas da doença. Lançado oficialmente entre a primeira e a segunda onda de casos de covid-19 no DF, o tratamento é direcionado principalmente para os problemas pulmonares.
Mas, o especialista garante: muitos desses pacientes assistidos também apresentam problemas neurológicos, que afetam potencialmente a qualidade de vida. “O programa admite pacientes com sequelas pulmonares, sendo as principais o cansaço, a falta de ar e a dor torácica, mas as sequelas são bastante variadas. Há sequelas neurológicas, por exemplo, como esquecimento, distúrbios do sono, alteração no eletrocardiograma, arritmia, são bastante comuns, e tornam o paciente um candidato potencial a uma reabilitação multidisciplinar”, pontua.
Acompanhamento
Os pacientes que sobreviveram a casos graves da covid-19 apresentam sequelas que podem durar pelo resto da vida. Seja de natureza hematológica, neurológica, psicológica ou cardiológica, as consequências são bastante imprevisíveis. Para a equipe do HUB que trata pessoas que ficaram internadas na unidade, alguns casos foram assustadores. "Estamos aprendendo ao longo da pandemia. Muitos casos que recebemos eram surpresa para a gente, porque não imaginávamos que as sequelas seriam tão agressivas. Há pacientes, por exemplo, que trabalhavam antes da doença e saíram tetraparéticos da internação, ou seja, acamados. Totalmente dependentes, com traqueostomia”, conta.
Atenção às queixas
Muitos pacientes convalescentes podem apresentar dificuldades em fazer movimentos ou simplesmente ter menos disposição para a realização de tarefas simples. De acordo com o fisioterapeuta, tais sintomas são alertas de que a pessoa pode precisar de reabilitação. “São sintomas multivariados e multissistêmicos, que as pessoas precisam pensar como era antes da pandemia e como é agora. A diminuição de capacidade de realizar uma tarefa que antes era feita com uma certa destreza já é um sinal para acender uma luz amarela e se perguntar: ‘Será que pode ser algo associada a covid-19?’”, diz. “Tivemos um paciente que começou o programa em outubro do ano passado e terminou em dezembro, sendo que ele teve covid-19 em julho de 2020. Perdeu muitos quilos na internação e sempre se queixava que não conseguia fazer as tarefas do dia por cansaço”, comenta.
Veja na íntegra a entrevista
*Estagiário sob a supervisão de Layrce de Lima
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