Feminicídio

Justiça condena homem que matou ex-companheira a 18 anos de prisão

Mãe da vítima afirmou que o homem já havia tentado enforcar a mulher em outra ocasião, mas a filha não registrou boletim de ocorrência porque "não daria em nada"

Pablo Giovanni*
postado em 26/01/2022 16:07 / atualizado em 26/01/2022 16:09
 (crédito: Cristiano Gomes/CB/D.A Press)
(crédito: Cristiano Gomes/CB/D.A Press)

O Tribunal do Júri de Santa Maria condenou Caio Victor da Silva Alves, 24, pelo assassinato da companheira Eloá Fernanda Pontes dos Anjos, no Condomínio Porto Rico, em Santa Maria, em julho de 2020, após uma discussão. A pena é de 18 anos e oito meses, inicialmente em regime fechado. 

Para matá-la, Caio aplicou um mata-leão em Eloá, impossibilitando a defesa da vítima. Na denúncia apresentada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), a circunstância do crime ainda é agravada porque aconteceu na presença do filho do casal, na época com 4 anos. Quase todas as qualificatórias apresentadas foram aceitas pelos jurados do Tribunal do Júri de Santa Maria — asfixia e feminicídio — e, por isso, o MP ainda recorrerá da decisão solicitando o aumento da pena.

Relembre o caso

Aos policiais civis, à época, Caio Victor afirmou que a companheira havia sido vítima de um agressor desconhecido em um assalto e, ao intervir, foi esfaqueado. Contudo, para o delegado então responsável pelas investigações, e que também aparece no processo contra o assassino, ele disse que a versão do autor não batia com as evidências existentes no local.

O autor apresentava lesões perfurocortantes e chegou a ser atendido no hospital, mas acabou fugindo do local, levantando a suspeita dos policiais de que teria envolvimento no assassinato da mulher. Após isso, Caio Victor se apresentou na delegacia e assumiu a autoria do crime, alegando que agiu em "legítima defesa".

No processo, a mãe da vítima relata que tomou conhecimento de que a filha havia morrido através dos pais de Caio, que foram até a casa dela dizendo "a Fernanda morreu", como era chamada pelos mais próximos. Para a mãe da vítima, os pais não disseram que havia sido o próprio companheiro de Eloá o autor do assassinato. Apesar de os pais do assassino não saberem do crime cometido pelo filho, a mãe da vítima já desconfiava que ele era o responsável pelo feminicídio. Segundo ela, Caio havia tentado enforcar a vítima em outra ocasião, mas Eloá decidiu não registrar boletim de ocorrência porque “não daria em nada”. A mãe da vítima ainda relata, no processo, que ciúmes era sempre o motivo da briga do casal.

ONDE PEDIR AJUDA?

Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência — Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
Telefone: 180 (disque-denúncia)

Centro de Atendimento à Mulher (Ceam)
» De segunda a sexta-feira, das 8h às 18h
» Locais: 102 Sul (Estação do Metrô), Ceilândia, Planaltina

Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam)
» Entrequadra 204/205 Sul - Asa Sul
(61) 3207-6172

Disque 100 — Ministério dos Direitos Humanos
Telefone: 100

Programa de Prevenção à Violência Doméstica (Provid) da Polícia Militar
Telefones: (61) 3910-1349 / (61) 3910-1350

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