As férias estão acabando, mas não é só a criançada que está se preparando para a volta às aulas no Distrito Federal. Pais e responsáveis estão em busca do material necessário para o início do ano letivo e é preciso ficar atento aos preços. Mesmo sem uma estimativa consolidada do aumento dos gastos com a lista, José Aparecido Freire, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Material de Escritório, Papelaria e Livraria do DF (Sindipel-DF), admite o impacto da inflação no setor. "Em relação a 2021, o percentual de aumento foi de 10% a 11%, que é o repasse do índice inflacionário do período. Isso aconteceu entre agosto e setembro do ano passado, devido ao lançamento das coleções de volta às aulas 2021/2022", disse.
De acordo com o presidente do Sindipel-DF, os produtos que tiveram maior acréscimo foram os importados, devido à alta cotação do dólar. Por outro lado, os materiais que sobraram no estoque de 2020 — ano de início da pandemia — estão com preços atrativos. "As papelarias aproveitam, agora, esse período, para fazer a venda desses produtos. Então, quem for primeiro às lojas pode encontrar preços bem menores em comparação com as coleções atuais", ressalta.
Como é um momento de queima de estoque, José Aparecido arrisca alguns itens que poderão estar com os maiores descontos. "Geralmente, são mochilas, lancheiras e estojos, principalmente de coleções dos anos de 2020 e 2021, que devem ter entre 30% e 50% de redução", aponta.
Para ele, o melhor jeito de economizar é se antecipando. "Comprem os materiais o quanto antes, pois, como ainda estamos em um período de pandemia, as empresas não estão com estoques muito grandes. Isso porque, nesse abre e fecha do comércio, não existe uma segurança para os empresários fazerem grandes investimentos. Então, alguns produtos podem vir a faltar", alerta. "Também aconselho que os pais sempre façam, pelo menos, dois orçamentos comparando preços e qualidade dos produtos", conclui.
O servidor público Gilberto Martins, 46 anos, foi um dos que não perdeu tempo na hora de fazer a cotação para a compra que atenderá seu filho de 10 anos. "Entre novembro e dezembro, eu fiz a pesquisa pela internet e em algumas papelarias. Aquelas que não tinham opção de orçamento on-line, eu liguei", conta. Gilberto afirma que procurou em seis papelarias diferentes antes de definir onde gastar. "Eu fiz a escolha por conta dos valores. Estava em viagem durante o fim do ano e, agora, estou aqui apenas para finalizar a aquisição", afirma.
Ele orgulha-se de ter conseguido toda a lista para 2022, incluindo o uniforme escolar, apesar da surpresa com o último item. "Percebi um aumento muito grande e a parte do uniforme me assustou. O que eu estou pagando neste ano é praticamente o dobro do valor de 2021. Além dele, o que percebi, foi um maior aumento nos cadernos. Subiu bastante", detalha.
Apreensão
A loja escolhida por Gilberto foi a Real Papelaria, que fica na 704/705 da Asa Norte. Segundo a vendedora Raquel de Souza, 20, a unidade está com promoções há cerca de duas semanas, mesmo assim, o movimento continua abaixo do esperado. "Nosso gerente ainda não passou uma estimativa concreta das vendas para 2022, só que era esperado um movimento bem maior do que o atual", diz. Ainda de acordo com a funcionária, essa é a situação das quatro lojas da rede. Ela acredita que a baixa procura pode estar relacionada à preocupação dos pais com o aumento de casos de covid-19. "Alguns dos que entram em contato para fazer pesquisa de preço estão falando que vão esperar para depois do carnaval, pensando que algo pode mudar quanto à modalidade de ensino das escolas", pondera.
Situação parecida com a da Papelaria e Livraria J.A, que fica na SCRN 706/707, também na Asa Norte. A gerente da unidade, Maura Vieira, 36, afirma que a expectativa de vendas para 2022 é alta, mas o receio dos pais gera um movimento tímido. "Esperamos um aumento de 30% a 40% em relação ao ano passado. Em 2021, as vendas foram muito fracas, e os valores foram usados, praticamente, para cobrir as despesas", diz.
Maura confirma que alguns produtos são sobra de estoque e estão em promoção. "Mochilas, estojos e lancheiras acabaram não sendo vendidos em 2021, pois, por conta do ensino remoto, não eram usados nas escolas. Desta forma, o estoque desses materiais estão sendo vendidos agora, em 2022, com os maiores descontos, podendo chegar até 50%", destaca a gerente.
O contador João Veiga, 42, decidiu comprar no estabelecimento gerido por Maura. Pai de um menino de 6 anos, ele fez a escolha sem pesquisa de preço. "Eu nem cheguei a procurar, porque fiz a matrícula dele muito tarde e, como as aulas começam logo, estou comprando tudo aqui, de última hora", admite.
Benefício
Para os estudantes de baixa renda, a Secretaria de Educação do DF (SEEDF) faz o repasse de um benefício através do Cartão Material Escolar (CME), que é destinado aos que foram atendidos pelo Bolsa Família em 2021. O valor deste ano deve ficar em R$ 320 para a educação infantil e para o ensino fundamental. Em relação ao ensino médio, o auxílio deve ser de R$ 240. Ainda não há data para o pagamento.
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