Acusado de atropelar e matar um jovem no Guará 2, o gerente de uma loja de gás Vinícius Couto Farago, de 30 anos, pode responder por homicídio culposo (quando não há a intenção de matar — 1 a 3 anos de prisão) e ter a pena aumentada em um terço em razão da omissão de socorro. Matheus Menezes, 25, morreu após ficar três dias internado no Hospital de Base, depois de ser atropelado na Avenida Contorno da QE 30, no último dia 16.
Ontem, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) instaurou um inquérito para apurar o caso. Se for indiciado, o caso segue para avaliação do Ministério Público (MPDFT), que pode ou não oferecer denúncia à Justiça. Após atropelar Matheus, na noite de 16 de janeiro, Vinícius abandonou o carro, um New Beetle branco, próximo a uma distribuidora de bebidas. Vídeo obtido pelo Correio mostra o momento em que o gerente sai caminhando pela rua com uma lata de cerveja na mão.
Policiais militares que atuaram na ocorrência prestavam apoio ao Departamento de Trânsito (Detran), em uma blitz que ocorria na QE 26, quando foram acionados. Ao chegarem no local, encontraram Matheus sendo atendido pelas equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O jovem estava sem os documentos pessoais e foi dado como desaparecido pela família e amigos.
Por sete dias, parentes usaram as redes sociais para divulgar fotos e informações que pudessem levar ao paradeiro de Matheus. Apenas no sábado, ele foi identificado. No laudo do hospital, consta que o jovem morreu em 20 de janeiro. "Um dia depois do acidente, o autor se apresentou na delegacia na companhia de um advogado e prestou depoimento. Agora, nós seguiremos com as investigações para apurar todos os detalhes", afirmou o delegado-chefe da 4ª Delegacia de Polícia (Guará), Anderson Espíndola.
Três ocorrências
O Correio apurou que Vinícius tem duas ocorrências por descumprir medidas de trânsito. A primeira foi em 2017, em que ele estava como passageiro em um veículo. Na ocasião, o carro foi abordado pela PMDF por estar em alta velocidade e Vinícius teria desacatado, resistido e desobedecido os policiais. A outra ocorrência foi no ano passado, em que o gerente recebeu uma notificação por som alto e por estar sem o cinto de segurança.
Em entrevista concedida ao Correio no domingo, Vinícius, que também é morador do Guará, contou que se apresentou à delegacia e tentou buscar informações sobre a vítima. "Me coloquei à disposição, tanto da DP quanto do hospital, para qualquer coisa", disse. Questionado sobre o motivo de ter fugido do local do acidente, o gerente afirmou que sentiu medo. "No momento, fiquei assustado, com medo de ser linchado porque veio um pessoal correndo. Por isso, fugi", esclareceu. Ele ressalta que não havia ingerido bebida alcoólica antes do atropelamento.
Nas redes sociais, amigos e familiares lamentaram a morte de Matheus. O jovem morava desde pequeno no Guará e, por três anos, cursou o ensino médio no Centro Educacional 3 do Guará. "Vai com Deus, meu irmão. Vindo de você, só consigo ter lembranças boas. Qualquer dia vamos dar aquela risada juntos. O céu certamente está em festa", escreveu um amigo.
Infração
De acordo com o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), o excesso de velocidade foi a infração mais recorrente em 2021. Segundo dados da autarquia, de janeiro a dezembro foram registradas 1.584.122 autuações por descumprimento ao limite das vias. Esta é uma infração que potencializa riscos de acidentes e ameaça a vida de pedestres e ciclistas.
Porém, há esperança. O DF tem um recorte positivo em relação aos acidentes fatais que aconteceram no ano passado. O Detran-DF confirmou que houve uma redução de 26% no quantitativo de mortes no trânsito, se comparado com o ano anterior, quando foi declarada a pandemia, em 2020 (veja Vítimas fatais).
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Vítimas
2019 274 mortes
2020 227 mortes
2021 169 mortes
Dados de janeiro a dezembro de 2019, 2020 e 2021. No comparativo entre 2019 e 2020, houve redução de 17% nas mortes fatais no trânsito do Distrito Federal.
Entre 2020 e 2021, a redução
foi ainda maior: 26%.