O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) determinou a prisão preventiva de quatro acusados de integrar o Comboio do Cão, a maior facção da capital. São eles: o advogado Carlos Augusto Rodrigues Xavier, Felipe Moreira Lopes Filho, Maurício Rodrigues de Carvalho e Guilherme Fernando Pereira Silva. Os quatro estavam presos temporariamente desde 17 de novembro, durante a operação Cáfila, desencadeada pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Decor).
À época, a Polícia Civil do DF prendeu 15 pessoas, incluindo dois homens que teriam assumido o comando da facção depois da prisão de Wilian Peres Rodrigues, o Wilinha — capturado em abril de 2021 em Paranhos (MS), após ficar dois anos foragido. Durante a operação, os investigadores apreenderam, na casa dos criminosos, mais de 20 armas, como pistolas, revólveres e espingardas, sendo algumas com seletor de rajada — dispositivo que acelera o disparo —, cerca de 10 mil munições de diversos calibres, além de três carros de luxo.
O Correio revelou na época que um dos presos foi o policial militar reformado Nilton Barbosa Lima. Ele seria um dos fornecedores de armas e munições da facção. Na casa dele, em Brazlândia, os policiais encontraram 46 caixas contendo cerca de 2,3 mil munições de armas .40, .38, .22 e .32. Havia, ainda, mais de 230 munições acondicionadas em sacos grandes e mais de 100 munições em embalagens (blister), além daquelas avulsas, que somam mais de 150. A PCDF também apreendeu uma espingarda, além de mais de R$ 13 mil, que estava em um cofre.
Nilton e outros quatro presos tiveram o alvará de soltura concedido pela Justiça, mas terão de usar tornozeleira eletrônica; não poderão se ausentar do DF; não poderão manter contato com os demais acusados e testemunhas; e deverão estar em casa das 20h às 6h.
O PM reformado também foi suspenso da função pública e teve a suspensão do porte de arma, com base na decisão assinada pelo juiz Atala Correia. “É particularmente pertinente a suspensão da função pública de Nilton Barbosa Lima, para que, na qualidade de policial, não interfira na apuração dos fatos. O mesmo se diga quanto ao porte de armas, já que as suspeitas que sobre ele recaem estão relacionadas tanto à função que exercia e ao porte de arma em favor de outros membros da organização”, frisou o magistrado.
Advogado do crime
Em relação aos acusados que tiveram a prisão preventiva decretada, as investigações revelaram que Felipe Moreira mantinha diálogo com outros integrantes da facção. Segundo o Ministério Público (MPDFT), as interceptações revelariam que Felipe frequentava a casa de um dos membros, que era seu sócio em loteamento e foi preso por porte de arma em 28 de maio de 2020. Em um dos diálogos, de 17 de março do ano passado, Felipe admitia a função que desenvolvia no Comboio do Cão, que era a do reparo e a adulteração de veículos roubados e furtados.
Um dos presos, Carlos Augusto é advogado do DF e, de acordo com o processo, ele “tem suspeitas que envolvem a atuação extraprocessual com a organização”. O MPDFT ressalta que o advogado mantinha contatos com os integrantes e demonstrava “audácia criminosa”.
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