A esperança de resgatar os objetos pessoais do que restou das 24 unidades habitacionais e das duas lojas do prédio que desabou Área Especial da QSE 20, de Taguatinga Sul, ficou menor. Ontem, técnicos da Defesa Civil do Distrito Federal (DCDF) vistoriam os andares que sobraram do desmoronamento, que aconteceu no último dia 6 de janeiro.
De acordo com o órgão, a estrutura ainda possui risco iminente de queda e a análise identificou o rebaixamento de teto, ruptura de pilares do edifício, além de portas emperradas por conta das rachaduras. Os engenheiros consideraram as "deformações exageradas e generalizadas".
Essa foi a primeira análise mais detalhada feita pelo órgão que, anteriormente, tinha feito incursões preliminares antes da queda, quando foram chamados por moradores e constataram que o prédio estava comprometido e retirou as pessoas de lá.
O tenente-coronel da autarquia, Rossano Bonhert, foi um dos que entrou no edifício pelos fundos da cobertura e conseguiu acessar os pavimentos. "Se tornaram fendas transpassantes (as rachaduras), que a gente vê por dentro das paredes, e as vigas e pilares, além de estarem muito danificados, estão desencaixadas", relatou.
Rossano diz que há pontos alagados em alguns cômodos. "Como a cobertura do prédio perdeu o telhamento, a água está acumulada lá dentro, e tem alguns espaços com lâminas de até 10 centímetros profundidade de água, o que causa uma sobrecarga à estrutura", afirmou o tenente-coronel. A equipe de bombeiros e Defesa Civil têm feito medições topográficas diárias para diagnosticar a situação estrutural do edifício. Hoje, uma nova medição para ver se o prédio se mexeu ou não após a vistoria.
Memórias
Em 14 de outubro de 2019, a cozinheira Solange Martins dos Santos, 41 anos, chegou para morar no 1º andar do prédio com os cinco filhos, atualmente com 25, 22, 20, 17 e 10 anos, além da neta, de 4. Solange escolheu o endereço por indicação de uma antiga moradora do prédio. "Eu gostava de lá por que tem dois quartos e muito espaço", afirma.
Com carinho, Solange contra que nunca teve problemas com os vizinhos e a convivência era harmônica. "Fizemos ceia de Natal com a família no ano passado, mas sem muita festa", lembra. Os problemas no lar era sempre foram na estrutura do edifício. Ela conta que, perto da data natalina, tinha dificuldade de fechar a porta de entrada do apartamento por conta de uma rachadura. "Lá é um lugar bom de se morar, mas tem esses problemas nas paredes", acredita.
Esforço
Embora os moradores não possam ter acesso aos apartamentos, a equipe da Defesa Civil tentou desobstruir o acesso e deixá-lo seguro para que técnicos tentem resgatar o que for possível. No momento, os danos nos prédios vizinhos, apesar dos sérios, não apresentam "risco iminente de desabamento".
Entre outras condições observadas pela equipe da Defesa Civil, estão: portas e esquadrias (janelas) emperradas, com sérias deformações; desplacamento e destacamento de revestimentos de pisos, paredes e tetos. Segundo o órgão, as patologias estruturais encontradas foram registradas em imagens e serão analisadas detalhadamente pela equipe da Defesa Civil e por especialistas convidados. "Diante das observações realizadas, a edificação não está segura, sendo que ainda não é possível a retirada dos pertences dos moradores", conclui o órgão.
Por nota, o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) informou que acompanha o caso e reforçou sobre a importância dos moradores verificarem junto aos cartórios de registro de imóveis e à Secretaria de Habitação do GDF a situação de regularidade dos prédios. "Especialmente se dispõem de cartas de Habite-se válidas e atualizadas, ou seja, condizentes com a situação atual do imóvel", diz o texto.
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