Enquanto a pandemia avança, o Governo do Distrito Federal (GDF) se prepara para receber as vacinas destinadas à imunização crianças de 5 a 11 anos. A expectativa é de que a remessa, que conta com cerca de 15 mil doses, chegue à capital federal na sexta-feira (14/1). A intenção é iniciar a aplicação nesse público no domingo, começando pelas crianças de 11 anos ou com síndrome de Down, seguindo a recomendação do Ministério da Saúde. A pasta quer abrir 10 pontos de atendimento infantil no primeiro dia da campanha.
De acordo com as definições do Ministério da Saúde, a imunização será escalonada por prioridades na seguinte ordem: comorbidades, indígenas e quilombolas, crianças que residem com pessoas de grupos de risco e, por fim, as sem comorbidades, em ordem decrescente de idade: 10 e 11 anos; 8 e 9 anos; 6 e 7 anos; e 5 anos. O infectologista Dalcy Albuquerque explica que a vacinação de menores de 12 anos é essencial para o combate à pandemia. "As crianças têm a capacidade de se infectar tanto quanto adultos ou idosos e têm a mesma possibilidade de agravarem os casos. O fato de ser criança não protege contra o vírus. A vacinação desse grupo protege os indivíduos e a sociedade", argumenta.
O especialista afirma que as doses disponíveis para esse grupo são seguras. "Efeitos colaterais podem acontecer, mas também ocorrem em outras vacinas. São dores locais e febres baixas, mas nada que dure mais do que dois dias. Ou seja, são seguras e devem ser aplicadas", completa. Dalcy diz que o retorno às aulas presenciais será mais garantido com as crianças imunizadas. Porém ele faz um alerta. "Mesmo crianças devem continuar usando máscaras. Sabemos que é algo desconfortável, mas é importante que usem", frisa.
A notícia da vacinação foi recebida com alegria pela família de Danielle Gomes, 29 anos. A secretária e moradora de Brazlândia é mãe de Clarice Cerqueira Gomes, 7, e Eduardo Cerqueira Gomes, 9. Ela confessa que todos estão ansiosos pela vacinação das crianças. "O meu filho tem asma e está, desde o início da pandemia, em casa. Evitamos sair com ele, não o deixamos voltar para as aulas presenciais. Ele chegou a ter crises de ansiedade", revela. Com a imunização, Danielle acredita que o ambiente ficará mais seguro para as crianças. "Vai ser um alívio muito grande", comenta.
Mais de 4 mil casos registrados em 24h
O Distrito Federal passa por uma alta da pandemia de covid-19. De acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde, Brasília registrou 4.220 novos casos e duas mortes entre segunda-feira (10/1) e terça-feira (11/1). A taxa de transmissão está em 2,06, ou seja, um grupo de 100 pessoas infecta mais 206. Segundo a infectologista Joana Darc Gonçalves, esse aumento está diretamente relacionado a uma série de fatores, principalmente à alta transmissibilidade da variante ômicron e às festas de fim de ano. "É um momento delicado e crítico que não dá para colocar somente um fator exclusivo. O movimento antivacina e a população cansada da pandemia, que relaxa em relação às medidas de prevenção são outros elementos que atrapalham no combate à pandemia", adverte.
A especialista esclarece que a situação deve piorar. "Temos a ômicron, que dobra o número de casos a cada dois dias e uma alta transmissão, além da circulação de outros vírus como o da influenza", diz. Na Saúde do DF, por exemplo, 3.207 dos 30.884 servidores da secretaria ficaram afastados do trabalho para tratamento de doenças respiratórias entre 1º e 31 de dezembro de 2021. Dessas licenças, 146 foram por covid-19; 175 por gripe; e 273 por outros vírus de vias aéreas.
Gripe e covid avançam
Até o momento, o DF registrou 530 casos de infecção dupla de covid-19 e gripe. O quadro foi apelidado de "flurona" — junção dos termos flu, ou gripe, em inglês, e rona, em referência a "corona", ou novo coronavírus. Os sintomas das viroses são parecidos e, por isso, a coinfecção só pode ser detectada por meio de testes. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a gripe é caracterizada por um início súbito de febre, tosse, dor de cabeça, dores musculares e articulares, mal-estar, dor de garganta e coriza. A tosse pode ser grave e durar duas ou mais semanas.
Ainda de acordo com a organização, os sintomas de covid-19 incluem como principais sintomas febre, cansaço e tosse seca. Outros menos comuns são: perda de paladar ou olfato, congestão nasal, conjuntivite, dor de garganta, dor de cabeça, dores nos músculos ou juntas, diferentes tipos de erupção cutânea, náusea ou vômito, diarreia, calafrios ou tonturas.
Professor de epidemiologia da Universidade de Brasília (UnB), Walter Ramalho observa que essa sobreposição de infecções é comum, mas não pode ser ignorada. "Mesmo a influenza não é só uma gripezinha. As duas doenças combinadas podem se agravar e, inclusive, levar à óbito", alerta. Walter afirma que os sintomas das viroses são muito parecidos. "Ambas têm transmissão respiratória e causam síndromes respiratórias", diz. O professor ressalta que, ao menor sinal de sintoma, é importante redobrar os cuidados e realizar o teste. "O segredo é máscara e distanciamento, para cuidar de si e do outro e evitar maior disseminação da doença, seja qual for", reforça.
Pandemia em números
89,47%
da população vacinável com uma dose
84,74%
da população vacinável com o ciclo completo
545.347
pessoas com dose de reforço
531.911
infecções pelo novo coronavírus
11.122
mortes em decorrência da covid-19
2,06
taxa de transmissão do novo coronavírus
*População vacinável no DF: 2.578.418 - Fonte: Secretaria de Saúde
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