ENTREVISTA | CLÁUDIA VALENTE, MEMBRO DA DIRETORIA DA SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO DISTRITO FEDERAL (SPDF)

"Temos de confiar e vacinar crianças"

Médica chama a atenção para a quantidade de mortes devido à covid-19 entre esse público e explica por que imunizantes são eficazes

Bernardo Guerra*
postado em 08/01/2022 00:01
 (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Com a confirmação da vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a covid-19, o assunto gerou dúvidas entre pais e mães. Para sanar alguns desses questionamentos, o programa CB.Saúde — parceria do Correio com a TV Brasília — recebeu, ontem, a pediatra Cláudia Valente. Alergista, imunologista e membro da diretoria da Sociedade de Pediatria do Distrito Federal (SPDF), a médica alerta para a necessidade de os responsáveis por meninos e meninas confiarem na ciência e imunizarem-nos. "Preste atenção, converse com quem aplicará a vacina no seu filho, com o pediatra... Tudo foi feito de maneira para (a vacinação) ser segura", reforçou. Confira trechos da entrevista concedida à jornalista Carmen Souza. 

Com o que os pais devem ficar preocupados neste momento?

Se a vacinação foi autorizada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para crianças de 5 a 11 anos, foi com embasamento de todas as sociedades médicas. Cientistas, pesquisadores e pessoas que fazem estudos têm unanimidade em dizer que a vacina é eficaz e é segura, inclusive para essa faixa etária. Nós temos de confiar e vacinar.

A Pfizer informou que 7 milhões de doses foram aplicadas e que não houve grandes complicações. Esse é mais um sinal de segurança?

Isso. De acordo com o CDC (na sigla em inglês, Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos), 8 milhões de crianças receberam a primeira e a segunda dose nos Estados Unidos, com eventos adversos que observamos em todas as vacinas. Quando você recebe a aplicação, seu sistema imunológico tem de trabalhar. Então, você pode ter um mal-estar, febre, dor no local. Isso é esperado. Seu organismo está trabalhando e produzindo anticorpos para que você se proteja caso tenha contato com o vírus, com uma infecção.

A dose é diferente das aplicadas nos adultos?

Isso. É um frasquinho de tampa laranja. A dose (para a criança) é menor. A do adulto tem 30 microgramas; essa tem 10mcg. Preste atenção, converse com quem aplicará a vacina no seu filho, com o pediatra... Tudo foi feito de maneira para (a vacinação) ser segura.

Surgiram dúvidas como "A dose é menor, e o intervalo, muito grande; meus filhos não estarão protegidos". Isso tem a ver?

Não. O recomendado pela indústria e pelo produtor da vacina é essa dose de 10mcg. Estamos falando de mais de 1,5 mil mortes de crianças e, nessa faixa etária, especificamente, mais de 300 óbitos. Fora os que não morreram, mas desenvolveram aquela síndrome inflamatória que é muito grave. As crianças estão indo para as UTIs (unidades de terapia intensiva).

Crianças infectadas pelo coronavírus em um período de desenvolvimento cognitivo e motor estão em uma situação de vulnerabilidade?

Sim. Estamos falando de sequelas. Trabalho no Hospital da Criança e vejo algumas ficarem meses internadas na UTI e saírem de cadeira de rodas depois. Isso tem um impacto cognitivo. Não é só a  questão da contabilização de mortes. Há as sequelas, e esse número fica maior ainda.

Na faixa até os 10 anos, os casos de covid-19 têm aumentado significativamente. Devemos ficar atentos a essa disseminação do vírus entre crianças?

Sim. O que temos vivenciado nas (unidades de saúde das) redes pública e privada são as lotações das enfermarias, e crianças com sintomas respiratórios indo para a UTI. Esse é mais um motivo superimportante para a vacinação.

*Estagiário sob supervisão de Jéssica Eufrásio

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