O Distrito Federal identificou 26 casos de coinfecção por covid-19 e influenza. Chamada de flurona, a condição foi notificada por laboratórios particulares e enviada à Secretaria de Saúde, que revisa os resultados testando novamente as amostras. Não há informações sobre quais variantes de cada vírus infectou os pacientes nem de possíveis internações. O primeiro caso, identificado pelo Sindicato dos Laboratórios de Pesquisas e Análises Clínicas do Distrito Federal (Sindlab-DF), é de uma criança, de 8 anos. Ela está em casa e passa bem. Especialistas explicam que a infecção dupla não é uma novidade, mas que precisa ser combatida com vacinação e métodos não farmacológicos de prevenção. Enquanto isso, a taxa de transmissão do novo coronavírus é de 1,27 no DF.
Segundo a Secretaria de Saúde, durante os períodos de maior sazonalidade, quando há mais propagação de diversos vírus respiratórios, podem ocorrer coinfecções. Em relação à flurona, o infectologista Dalcy Albuquerque afirma que, por enquanto, não há indícios de que um vírus potencialize o outro. "A pessoa vai ter uma síndrome gripal. Coriza, dor de cabeça ou no corpo, febre. Para saber com qual infecção está, apenas com testagem", detalha. Para ele, a dupla infecção não é uma surpresa, mas devem haver mais casos do que os notificados. "Não há dúvidas disso. Acho que dificilmente vamos identificar todas as ocorrências, mas é importante ter uma amostragem maior", argumenta o infectologista.
Dalcy Albuquerque considera que a repetição dos testes por parte da Secretaria de Saúde pode ser uma questão de padronagem. "A partir do momento que se tem a identificação em laboratórios particulares, se tem uma indicação muito grande de que há a coinfecção. Mas, os métodos utilizados mudam. Quando o GDF pede para o Lacen-DF (Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal) reanalisar as amostras, é uma questão de uniformizar os resultados, o que torna mais fácil a contabilização", ressalta.
Sobre a prevenção contra a dupla infecção, Dalcy afirma que as medidas se mantêm parecidas, independentemente da doença. "Uso de máscaras e higienização das mãos e de superfícies. Gostaria de reforçar a importância das máscaras. Neste momento, seria mais conveniente retomar a obrigatoriedade do item em locais abertos", defende. Apesar disso, o governador Ibaneis Rocha (MDB) afirmou ao Correio que, por enquanto, não pretende retomar nenhuma medida restritiva na capital.
Para a professora de imunologia da Universidade de Brasília (UnB) Anamelia Bocca, os casos de coinfecção só não ficaram graves devido ao avanço da vacinação contra as duas viroses. Ela frisa que, mesmo que os imunizantes não tenham 100% de eficácia contra todas as cepas das doenças, eles têm certo grau de proteção, pois existem algumas proteínas conservadas durante as mutações. "Se aumentarmos a cobertura vacinal da gripe e da covid-19, mesmo que não sejam específicas para essas variantes novas, elas vão tornar os casos da doença conjunta mais leves", analisa a professora.
Sobre a vacina para a influenza, Anamelia Bocca esclarece que, quando as doses disponíveis acabarem, será preciso aguardar o novo imunizante, que deve chegar entre março e abril. "Todo ano, os laboratórios de referência do mundo inteiro isolam o vírus da influenza, e a OMS (Organização Mundial de Saúde) determina como vai ser a composição da vacina da gripe para o próximo inverno. Por isso, precisamos tomar anualmente", completa.
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Atualmente, no DF, a vacina contra a gripe está com estoque de 1 mil doses e não há como reabastecer, uma vez que todas as unidades da Rede Central de Frio foram distribuídas. Após esgotadas, a população deve aguardar a campanha de 2022. Para a covid-19, o estoque está em 934.226 doses, e podem se vacinar pessoas com 12 anos ou mais.
Imunização de crianças
Para as crianças de 5 a 11 anos, o GDF aguarda o envio de imunizantes e determinações do Ministério da Saúde para abrir a campanha para este público. O governador Ibaneis Rocha adiantou que a expectativa de ampliar a aplicação é de começar um dias após a chegada da remessa na capital do país.
De acordo com a Secretaria de Saúde, nas últimas 24 horas, o DF registrou 760 casos e três mortes pelo novo coronavírus. No total, desde o início da pandemia, foram confirmados 521,9 mil infecções e 11,1 mil óbitos. A taxa de transmissão subiu mais uma vez e chegou a 1,27, nessa quarta-feira (5/1). Um dia antes, estava em 1,12. O índice mostra que um grupo de 100 pessoas infectadas transmitem a doença para mais 127. O número é acima do considerado seguro pela OMS. A testagem para covid-19 ocorre em quatro pontos da rede pública.
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OAB doa mais de 4 mil doses
A Ordem dos Advogados Seccional do Distrito Federal (OAB-DF) informou, ontem, que vai doar 4.055 doses de vacina contra a influenza para a Secretaria de Saúde. As unidades devem ser enviadas hoje. O repasse à secretaria se dá após a campanha de imunização dos advogados e familiares ter sido bem sucedida, com 20 mil pessoas imunizados em 2021 contra a influenza. Todo o montante da OAB-DF foi adquirido gratuitamente por meio do convênio com o Instituto Butantan, que produz vacinas contra a gripe e a covid-19.