A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) realiza perícia, na manhã desta terça-feira (21/12), nos corpos de Shirlene Ferreira da Silva, 38 anos, e da filha, Tauane Rebeca da Silva, 14, encontradas mortas nesta segunda-feira (20/12). O objetivo é encontrar indícios que possam elucidar o que aconteceu com as duas em 9 de dezembro, quando saíram de casa para tomar banho em um córrego próximo de onde moravam, no Sol Nascente. Após a perícia, os corpos serão retirados pela equipe do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF).
Ao Correio, os agentes da corporação explicaram que o objetivo é tentar manter ao máximo a integridade das vítimas para a despedida da família.
Os corpos foram encontrados depois de 11 dias de buscas. A mãe e a adolescente estavam parcialmente enterradas na terra e cobertas por folhas, próximo à margem de um curso d'água.
Relembre
Grávida de quatro meses, Shirlene saiu de casa às 14h30, na companhia de Tauane. Por volta das 18h30, o marido, Antônio Silva, chegou em casa e perguntou pela mulher ao filho mais novo do casal. Em resposta, o garoto disse que as duas haviam saído para ir até o córrego e não haviam retornado até então. Preocupados, familiares registraram boletim de ocorrência por desaparecimento na 23ª Delegacia de Polícia (P Sul). Mãe e filha deixaram os celulares em casa antes do passeio. Nas mensagens analisadas, os policiais encontraram conversas de Shirlene dizendo que pretendia ir para o Maranhão. "A partir disso, passamos a trabalhar com várias hipóteses, sendo, principalmente, afogamento e fuga", disse o delegado-adjunto, Vander Braga.
A força-tarefa de buscas contou com cães farejadores, mergulhadores e helicópteros do CBMDF e da Divisão de Operações Especiais da PCDF (DOE). As equipes encontraram um guarda-chuva à margem do córrego. "A gente começou a descartar a possibilidade de tromba d'água, até porque os familiares afirmavam que as duas sabiam nadar", completou o delegado Vander Braga. Os investigadores requisitaram, ainda, o acesso a mais de 90 câmeras de ônibus da região e de comércios e casas vizinhas.
Em estado de choque, Shirlei afirmou que não conseguiu reconhecer a irmã e a sobrinha. "A gente ainda não viu os corpos, porque não deixaram, mas a polícia confirmou que são elas. Estou muito mal, e o marido dela está sem chão. A única coisa que eu sei é que elas estavam enterradas próximo aos locais de busca", relatou, emocionada.
Depoimento
Uma testemunha ocular foi primordial para a retomada das buscas, uma vez que a PCDF e CBMDF haviam encerrado a operação. Em depoimento prestado no sábado, uma pessoa confirmou que Shirlene e Tauane haviam descido rumo ao córrego. Segundo o delegado Vander Braga, até aquele momento, ninguém havia confirmado a informação de que as duas foram em direção ao condomínio Gileade.
No depoimento, a testemunha detalhou que viu as duas com guarda-chuva com as mesmas características do que o encontrado pelas equipes de busca. Uma outra pessoa reparou que mãe e filha não haviam retornado e se preocupou. Com a nova informação, os agentes da 23ª DP reiniciaram as buscas na área de mata, de difícil acesso, que contém vários vales e grutas.
Na tarde de segunda-feira (20/12), os investigadores localizaram os corpos de Shirlene e Tauane distante cerca de 500 metros do córrego. As duas estavam de roupa, e a polícia descartou que as vítimas tenham sofrido algum tipo de violência sexual e que, inclusive, não teriam chegado a entrar na água.
Mãe e filha estavam uma ao lado da outra, com metade dos corpos enterrados sob um lamaçal e a outra parte coberta por folhas. "A impressão é de que o criminoso tenha tentado enterrar os corpos, mas como não conseguiu, decidiu cobrir com as plantas", frisou o delegado Vander. Na avaliação do policial, elas foram vítimas de crime violento.
Segundo as investigações, a mochila que Shirlene carregava, com uma toalha dentro, não foi localizada, o que pode reforçar a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte). Uma blusa cinza encontrada pendurada em um galho e suja de barro poderá revelar a identidade do assassino. "A camiseta foi encaminhada para a perícia para análise. Além disso, vamos pegar o DNA da unha das vítimas para saber se houve luta corporal", detalhou Vander Braga.
Por se tratar de uma área do Sol Nascente, a investigação, agora, segue a cargo da 19ª DP (P Norte), delegacia responsável pela região. Ao Correio, o delegado Gustavo Augusto, chefe da unidade, adiantou que a perícia dos corpos será feita às 9h30 desta terça-feira (21/12). "Fomos (nessa segunda-feira) ao local, mas chegamos próximo a mais ou menos 150 metros, porque não conseguimos avançar. Como choveu muito, houve um alerta dos bombeiros na questão da segurança", explicou o policial.