O Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal (Sind Enfermeiro-DF) realizou um protesto em frente ao Hospital Regional do Gama (HRG), após uma enfermeira declarar ter sofrido agressão por um médico da unidade, nesta segunda-feira (20/12). A vítima relatou que foi xingada e empurrada contra a parede.
A categoria dos enfermeiros se reuniu com objetivo de chamar atenção para as violências sofridas dentro dos hospitais do DF. Com cartazes e blusas de empoderamento, os profissionais se dirigiram à entrada do HRG na manhã desta segunda-feira.
O caso
De acordo com a enfermeira, o cirurgião a chamou de “imbecil” e deu um tapa na mão dela. A discussão começou por um procedimento que não foi realizado a tempo (troca de curativo). Após a briga, os dois profissionais de saúde prestaram depoimento na 20ª Delegacia de Polícia (Gama).
O Correio teve acesso ao Boletim de Ocorrência registrado pela vítima na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), com os relatos do suposto agressor e de testemunhas que estavam presentes no momento da confusão.
"O médico chegou bem perto do seu rosto e perguntou se tinha algo contra ele. Diante do fato, respondeu: ''não tenho nada contra o senhor. Você que me chamou de irresponsável. Nesse momento foi chamada de imbecil; Que apontou o dedo para o médico e falou que não poderia chamá-la assim e que se havia um imbecil era ele e que estava ali trabalhando; Ele deu um tapa em sua mão (mão que estava apontada para o médico)”, relatou no documento a vítima.
De acordo com a versão do cirurgião, não houve agressão física ou moral. "Durante a discussão, a enfermeira o chamou de imbecil e ele apenas retrucou o xingamento”, consta no boletim.
O que diz o sindicato?
Por meio de nota, o Sindicato dos Enfermeiros se posicionou sobre o episódio. Leia na íntegra:
“O Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal (SindEnfermeiro-DF) vem por meio desta nota se manifestar sobre o lamentável fato ocorrido ontem (16) no Hospital Regional do Gama (HRG), e prestar apoio à enfermeira da unidade que foi agredida verbal e fisicamente no exercício de suas funções por um médico do mesmo turno de trabalho.
Segundo testemunhas, além de questionar o profissionalismo da enfermeira chamando-a de “irresponsável” e “imbecil”, o médico a agrediu fisicamente em um ato covarde e desprezível motivado por razões fúteis e injustificáveis.
É importante ressaltar que nos últimos meses, os casos de profissionais de enfermagem agredidos durante a jornada de trabalho – muitas vezes pelos próprios usuários do sistema de saúde – tornaram-se uma realidade absurda e cada vez mais frequente. Precisamos dar um basta a esses acontecimentos!
O fato em questão torna-se ainda mais revoltante por ter sido feito por outro servidor da mesma unidade. E, principalmente, por ser um homem contra uma mulher numa clara demonstração de machismo – afirmando inclusive que “é assim que se trata uma mulher que fala demais”, de acordo com testemunhas. Dificilmente o médico teria a mesma hostilidade com um profissional do sexo masculino.
Mais uma vez, faz-se necessário levantar o debate sobre a segurança dos profissionais dentro das unidades de saúde públicas do DF, com atenção especial para as servidoras mulheres – além da adoção de medidas mais contundentes no que diz respeito à punição de agressores dentro dos quadros da SES.
Quanto ao fato ocorrido, o SindEnfermeiro ressalta que estará prestando toda a assistência necessária à enfermeira, inclusive em âmbito jurídico, e vai denunciar o agressor às instâncias administrativas como a Secretaria de Saúde, Conselho de Saúde do DF e até mesmo o Conselho Regional de Medicina do DF. Afinal de contas, se o agressor mexeu com uma, mexeu com todas. Não vamos tolerar violência contra a enfermagem”.
Secretaria de Saúde
A SES-DF também se posicionou por meio de nota. Confira:
“A Secretaria de Saúde esclarece que foi registrado Boletim de Ocorrência para apuração policial.
A direção do Hospital Regional do Gama, ao tomar conhecimento do fato, encaminhou o caso à Corregedoria de Saúde e à Ouvidoria – como manda o protocolo – para que sejam adotados todos os procedimentos cabíveis.”