Quando se fala em múmias, logo imaginamos países como o Egito, mas não é bem assim. Várias múmias foram encontradas nos mais variados locais do mundo, inclusive no Brasil. O único cadáver histórico já encontrado no país tropical foi achado em um sítio arqueológico na Gruta do Gentio II, em Unaí, Minas Gerais que, agora, foi reaberto para novas escavações. A Universidade de Brasília (UnB), participa do projeto juntamente com outras universidades nacionais e internacionais.
A gruta foi escavada no final da década de 1970 e começo de 1980 pelo Instituto de Arqueologia Brasileira, que determinou um período de ocupação do local entre 12.000 e 400 Antes do Presente (AP). O lugar marcou uma das descobertas mais importantes da arqueologia no Brasil, que foi de uma menina de uns 12 anos de idade que viveu cerca de 3.500 anos atrás. Estes restos sofreram um processo de mumificação natural pelo ambiente seco da gruta e estavam embalados numa rede de algodão. A múmia recebeu o nome de Acauã.
O sítio é um abrigo rochoso com vários desenhos rupestres e a estabilidade do clima dentro dele colabora com a alta conservação dos materiais arqueológicos. Dentro da gruta também já foi encontrada uma surpreendente variedade de vestígios com conservação excepcional, como ossos humanos e de animais, espigas de milhos e coquinhos de diferentes palmeiras, tapizarias, tecidos, penas, cerâmica e até coprólitos, que são fezes conservadas naturalmente.
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Pesquisas
Os novos estudos estão sendo realizados com a participação do Núcleo de Arqueologia Indígena (NAI) do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Ceam) e o Laboratório de Indigenismo e Etnologia Indígena (Linde) do Departamento de Antropologia (DAN). A Universidade da Flórida, a Universidade de São Paulo e a Universidade Federal do Oeste do Pará também participam.
A pesquisa recebeu a autorização do Iphan para realizar escavações na região por, inicialmente, três anos. O sítio tem uma localização estratégica e uma grande potencialidade. Esses fatos levaram à criação do Projeto Arqueologia e História Indígena no Brasil Central (Phibra), coordenado pelos arqueólogos Francisco Pugliese e Eduardo Góes Neves, do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo.
O objetivo geral deste projeto é realizar uma pesquisa arqueológica no formato sítio-escola com alunos da Universidade de Brasília e da Universidade de São Paulo, criando oportunidades de capacitação teórica e prática em Arqueologia. Um dos fundamentos do projeto é, também, inserir o patrimônio arqueológico de Unaí no âmbito das investigações sobre a cultura indígena durante o Holoceno Médio e Inferior no Brasil Central, e para além.