O Padre Robson de Oliveira quebrou o silêncio na noite deste domingo (19/12), ao publicar uma mensagem no Instagram fazendo menção a São José, santo padroeiro dos trabalhadores e da família. “Por vezes, acabamos não compreendendo os desígnios de Deus em nossa vida! Muitas vezes, ficamos até perdidos diante dos acontecimentos e dos fatos que não compreendemos, que não entendemos. É preciso aprender com São José a submissão a Deus na oração e no silêncio da escuta”, escreveu.
O sacerdote passou mais de um ano sem publicar em seus perfis. Mais de mil seguidores se manifestaram na publicação feita pelo religioso. Alguns celebraram o retorno do sacerdote nas redes sociais, outros pediram para que o padre não fosse julgado. Apareceram, ainda, quem demonstrou decepção com as denúncias contra o religioso. Em processo que tramita na Justiça, ele é acusado de um desvio milionário de doações de fieis à Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), com sede em Trindade (GO), para construir a nova basílica da cidade.
No final do ano passado, o papa Francisco publicou a Carta Apostólica Patris corde (Coração de Pai), por meio da qual instituiu 2021 como ano de São José, padroeiro da Igreja. Na postagem Padre Robson deixa, ainda, o link para uma reflexão.
Áudios
Segundo o Ministério Público do Estado de Goiás, em um áudio gravado, o Padre Robson de Oliveira Pereira teria admitido o desvio de recursos e dito que se os documentos alterados caíssem nas mãos de “um delegado meio doido” que faria “perguntas demais” e poderia ser preso. Segundo o religioso, as questões seriam “crime organizado”, e que ele seria o “chefe da quadrilha”. As gravações foram encontradas no celular do religioso e divulgadas em novembro, pelo Jornal da Record. Em outro trecho, padre Robson e sua equipe reconhecem que os contratos adulterados de imobiliárias poderiam cair em uma investigação e isso seria “muito ruim”.
Entenda o caso
O Padre Robson é acusado por supostamente ter desviado mais de R$ 100 milhões de doações de fiéis. O dinheiro era para ter sido usado na construção da nova Basílica de Trindade, mas o religioso teria comprado fazenda, casa de praia e um avião de pequeno porte. As investigações começaram em 2019 e são conduzidas pelo Ministério Público de Goiás.
Os supostos desvios foram descobertos durante a Operação Vendilhões, que apurou uma denúncia do religioso, que estava sendo vítima de extorsão após hackers terem descoberto relacionamento amoroso dele. Ao todo, Padre Robson teria desembolsado R$ 2,9 milhões para os chantagistas, dinheiro que, segundo o MPGO, saiu dos cofres da Afipe, com sede em Trindade (GO).