Com ou sem pandemia, presencialmente ou de maneira remota, a brincadeira da troca de presentes nas comemorações de Natal e no ano novo é uma tradição do período. No amigo oculto, como a regra da brincadeira é fazer suspense na hora de revelar quem tirou quem e surpreender com o presente, nem sempre todos os participantes saem satisfeitos. Apesar da importância maior ser o momento da confraternização, vale o esforço para não decepcionar uma pessoa querida.
Na hora de escolher o presente, a dica é levar em consideração o gosto da pessoa. Em alguns casos, é feita uma lista com sugestões e o valor estimado da lembrancinha, o que facilita bastante. Quem não tiver essa ajuda, precisa ser criativo e tentar acertar com a intuição. As opções são inúmeras: agenda, perfume, livros, bolsas, boné, fone de ouvido, entre outros. Mesmo com gastando pouco, é possível fazer bonito.
A brincadeira popular tem outras variações, como o amigo da onça, em que vale quase tudo. Os presentes são os mais inusitados possíveis e o importante é gerar boas gargalhadas dos participantes. Além desse, há também o amigo chocolate, amigo chinelo, amigo livro, entre outros.
De acordo com o Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista-DF), os artigos mais vendidos nessa época do ano para presentear são roupas, perfumes, calçados, objetos para o lar e chocolate. "Normalmente, amigo oculto são lembrancinhas. A pessoa dá um chocolate, um produto artesanal, um batom, uma maquiagem, chinelo, um presente bem em conta, é uma coisa que a gente tem visto e percebido no comércio. Os presentes de amigo oculto costumam ser mais baratos que os de Natal habitualmente", revela o vice-presidente do Sindivarejista-DF, Sebastião Abritta.
Expectativa
Desde a infância, a analista de redes sociais Nathalia Fernandes, 27 anos, participa do amigo oculto da família. A troca de presentes virou uma tradição e sempre envolve desde o mais jovem até a matriarca, que era sua avó. "Já fiz entre amigas, na empresa onde trabalho, com as primas. E sempre foi muito divertido", conta.
A alegria de Nathalia é justificável: ela afirma que sempre teve sorte com os presentes que ganhou.
"Nunca ganhei um presente ruim. Mas, geralmente, a gente faz uma lista com dicas do que quer ganhar e isso facilita muito na hora de presentear", indica. Este ano, ela participará da brincadeira com as colegas de trabalho. As expectativas são grandes com o que receberá. Por outro lado, ela confessa que ainda não começou a procurar o presente para a pessoa que tirou. "Estou esperando receber (o salário) para ir atrás. A pessoa que eu tirei já deu algumas dicas do que quer. Então, eu vou nelas para não errar e espero ganhar algo legal também", disse.
Moradora do Cruzeiro, a estudante Lorrana Rodrigues, 20, também é adepta do amigo oculto, mas com um grupo de amigos. A brincadeira geralmente é feita no ano novo. "Chamamos os amigos mais próximos, alugamos uma chácara e fazemos a brincadeira. Sorteamos os nomes e as pessoas sempre dão uma ideia do que querem ganhar. Também sempre combinamos o valor máximo de R$100", relata a jovem.
No amigo oculto que ela participa, o presente mais comum é perfume, mas de vez em quando situações inusitadas acontecem. "O presente mais inusitado foi uma amiga minha que ganhou uma passagem de avião para o Rio de Janeiro, que ela queria muito ir. O namorado dela a tirou e deu a passagem com tudo pago. A reação dela na hora foi chorar e todos ficaram impressionados com o gesto", lembra.
Para Lorrana, a brincadeira ajuda bastante a estreitar o laços. "Sinto que a nossa amizade sempre fica muito mais forte quando vamos brincar de amigo oculto, nos sentimos importantes. Eu não acho que precise realizar todo ano, porque, às vezes, não é todo ano que temos condições de comprar um presente ou de estar com todos os amigos. Mas acho importante para fortalecer a amizade", afirma.
Lembranças
Para a vendedora Fabíola Socorro Rodrigues de Moura, 19 anos, moradora de Valparaíso, as comemorações deste ano serão especiais. Apesar das dificuldades enfrentadas pela covid-19, a família vai se reunir e fazer o amigo oculto . "Ano retrasado e passado, por conta da pandemia, não pudemos nos reunir", conta. Fabíola diz ter boas lembranças da brincadeira, principalmente por conta do avô, que também gostava da confraternização e alegrava a todos. "Ele sempre participava com a gente. Agora, sempre que tem amigo oculto, dá aquela lembrança de saudade, porque ele era o mais animado da família", recorda.
Outra memória que a jovem tem é de um presente inusitado que ganhou. "Uma vez fizemos um que só daríamos presentes baratinhos e engraçados. Eu ganhei pregadores de roupa. Comecei a rir", brinca. Para este ano, a jovem ainda não comprou o presente que pretende dar, mas aposta no mais comum que já deu: perfume.
*Estagiário sob supervisão de Juliana Oliveira