Que me desculpe o leitor, mas a crônica, hoje, será de utilidade pública. Há vários governos, trafegar de carro durante o período de chuva tornou-se uma aventura em todo DF. Não é diferente agora e, talvez, seja mais dramático, pois as condições de escoamento e de absorção das águas pioraram.
Durante muito tempo, sofri com os buracos e as crateras abertas nas vias próximas ao condomínio onde moro. Os prejuízos eram imensos a cada tombo nas rachaduras expostas ou dissimuladas nas poças.
Conforme o baque, era preciso não apenas trocar o pneu, mas, também, desamassar a roda. O que fazer? Fotografar e pedir ressarcimento, enfrentando um processo kafkiano? O dano não é apenas financeiro, envolve, ainda, o aborrecimento, a perda de tempo e a sensação de absurdo.
Caí tantas vezes em buracos, que resolvi me precatar. Elaborei um mapa mental que decorei da cidade: sabia exatamente onde estavam, e, na condição de copiloto, alertava para os pontos de perigo, a ponto de a minha filha comentar: "Você é um neurótico". Ao que, eu respondia: "Certíssimo, sou eu quem paga o prejuízo".
Claro que nenhum governante consegue resolver todas encrencas de uma cidade tão grande, que se desdobra em metrópole. Cheguei a fazer uma lista das mazelas que atravessam governos de esquerda e de direita, ao longo de décadas, sob o significativo título de "Insanável e insolúvel". No entanto, os problemas têm solução, mesmo os difíceis e os complexos.
Os engenheiros e técnicos sempre disseram, em inúmeras matérias, que a questão dos buracos decorria apenas da qualidade ou da falta de qualidade do asfalto. E eu pude constatar a afirmação em vários pontos da cidade ou das cercanias de Brasília. Desde o momento em que resolveram aplicar um asfalto de qualidade nas vias de trânsito próximas ao condomínio, para que os buracos sumissem miraculosamente.
Antes, a cada chuva, era um tormento, pois eles brotavam no asfalto com uma velocidade estonteante. E, de um dia para o outro, o buraquinho virava buracão e, se não fosse reparado, transmutava-se em cratera. Isso ocorreu, também, na BR-040, que eu percorri, durante muitos anos, rumo a um sítio próximo a Cristalina (GO). Com a aplicação de um asfalto de qualidade, os buracos rarearam ou se tornaram bem menos perigosos.
A quem interessa usar um asfalto de qualidade inferior? Ao erário e ao bolso do cidadão, eu posso garantir que não, pois ele exigirá uma infinidade de remendos precários. A cada nova chuvinha, derreterá e abrirá uma fenda no chão. E tome remendos infindáveis.
Então, caso se faça a conta, o barato sai caro. Não é preciso ser um engenheiro ou um especialista no sistema viário. Basta observar a cidade e constatar que os buracos proliferam nos locais onde foi aplicado um asfalto ruim. Certos problemas são perfeitamente sanáveis e solúveis.