A ômicron desembarcou no Brasl há 15 dias e, com ela, uma nova preocupação quanto à transmissão e o alastramento da pandemia. Profissionais de saúde do Distrito Federal alertam para uma maior taxa de transmissibilidade e como o brasiliense pode se cuidar. Até o momento, duas pessoas testaram positivo para a cepa no DF. Na avaliação da Joana D’arc Gonçalves Ribeiro, infectologista do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) e da clínica Quality, redobrar as preocupações é essencial para evitar problemas futuros.
Em entrevista ao programa CB.Saúde — uma parceria do Correio com a TV Brasília —, a médica destacou à jornalista Carmen Souza que as informações sobre a nova cepa são incertas. Porém, como ela tem o maior poder de propagação, ainda que os sintomas sejam leves, as infecções tendem a crescer e há o risco do surgimento de outras mutações. Dessa forma, pessoas que estão no grupo de risco podem desenvolver doenças graves. “Aparentemente, os sintomas são leves, mas não sabemos os desdobramentos e as sequelas que essa variante pode causar”, ressaltou.
De acordo com a doutora, a ômicron representa um alerta para as pessoas se cuidarem durante as festas de fim de ano. “Eu não diria que seria um presente antecipado, só se for um presente de grego. Na própria Alemanha, onde surgiu tudo isso, eles colocaram medidas bem severas para quem não está vacinado, então temos que tomar cuidado com esse tipo de informação, porque como se trata de uma variante nova, a gente pode ter algumas surpresas. Eu considero como um alerta para mantermos os cuidados”, explicou Joana.
É uma variante que merece atenção, segundo a infectologista, pois existem rumores de que ela tem o poder de reinfecção maior. “Bom, não existem comprovações de que pessoas que pegam pela segunda vez ficam mais vulneráveis. Nesse momento, precisamos aguardar as próximas semanas, mas isso preocupa porque as mutações na proteína Spike podem levar à falha vacinal, como à falha em vários tratamentos, como anticorpos monoclonais que utilizam a mesma proteína. É um risco elevado”, falou.
Sobre a escolha de qual vacina tomar, proposta divulgada pelo Governo do Distrito Federal na terça-feira (7/12), a médica não considera a medida funcional. “Quando você dá essa oportunidade, vai depender muito. O que o país vai ofertar? O que temos condições de ofertar? Claro que as pessoas querem a que tem mais eficácia, mas esses critérios precisam ser técnicos. Sempre tivemos um programa nacional de imunização muito forte capaz de delimitar quais pessoas devem vacinar e com quais vacinar. Acho que não é questão de escolher, e sim de fazer um esquema vacinal eficiente. Agora escolher por escolher, como um sommelier de vinhos, é perigoso”, disse.
O enfrentamento de outro vírus também está entre as preocupações da infectologista. O Dezembro Vermelho, que representa o mês de luta pela prevenção da infecção do HIV/aids, ficou “esquecido” durante a pandemia do coronavírus. “A gente viu algumas informações da UNAIDS e da própria OMS de que temos uma superposição de pandemias, eles chamam até de pandemias das desigualdades. O HIV tem 40 anos e ainda vivemos com vários problemas, pois a população chave é excluída, inclusive pelo sistema de saúde, que neste momento, afastou muita gente por questões conservadoras. E também tivemos o fechamento de vários serviços”, explicou.
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