Por mais de três anos, a vida de Drielle Ribeiro da Silva, de 34 anos, foi uma sucessão de violências e abusos praticados por quem, no passado, dizia amá-la. O relacionamento com Juvenilton Aquino da Costa, 36, marcado por agressões, perseguições, ameaças, teve um desfecho trágico na madrugada de ontem. A dona de casa foi brutalmente assassinada com mais de 50 facadas, próximo à linha do trem, na QR 206 de Samambaia. O balanço mais recente disponibilizado pela Secretaria de Segurança contabiliza 23 casos de feminicídio de janeiro a outubro, no DF.
O relacionamento entre Drielle e Juvenilton começou em 2013. O casal teve um filho, que atualmente tem 7 anos, e morava com a vítima em Samambaia. As adversidades na relação começaram a surgir dois meses depois do nascimento do menino. Os dois, então, decidiram se separar por causa de ciúmes excessivos, mas os problemas perduraram.
Em abril do ano passado, Drielle registrou ao menos dois boletins de ocorrência no âmbito da Lei Maria da Penha contra Juvenilton. Com medidas protetivas deferidas pela Justiça e proibido de se aproximar da mulher, em 3 de abril, Juvenilton compareceu a uma festa em Samambaia, mesmo local onde Drielle estava. A mulher chegou por volta das 22h, e o acusado foi pouco tempo depois, às 23h30. Em relato, a dona de casa disse que, durante todo o evento, o homem a vigiava, com características de perseguição.
Perseguições
Um dia depois da festa, em 4 de abril, Drielle retornou à delegacia para relatar uma outra situação. Segundo depoimento prestado, a vítima caminhava em direção à porta da casa do irmão, na QR 206, quando viu Juvenilton, que mora em uma quadra próxima. Em segundos, uma viatura da Polícia Militar do DF passou pelo local. Agressivo, o homem dirigiu-se a ela e disse: "Você chamou essa viatura para mim?". Drielle respondeu que não sabia que a viatura estava lá. Em resposta, o homem ameaçou: "Você fica ligeira. Vou te matar e beber seu sangue, sua piranha! Vagabunda", disparou.
Ainda em interrogatório, Drielle contou que, após xingá-la e ameaçá-la, Juvenilton tentou agredi-la, mas teria sido impedido pelo pai. A irmã de Drielle, que preferiu não se identificar, contou ao Correio que o relacionamento entre o casal era conturbado. Ela contou que, certa vez, o agressor tentou atropelar a irmã e chegou a arrastá-la pela rua. Em outra ocasião, Juvenilton ateou fogo em uma foto após uma briga. "Ele deve ter dado algo para ela, pois ela costumava se defender e sempre enfrentava ele. Era uma mulher forte.
A Polícia Civil do DF tomou conhecimento do crime por volta das 8h de ontem, quando uma pessoa passou pela QR 206 e avistou um corpo no gramado. A Polícia Militar do DF também foi acionada. Investigadores da 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia Norte) acreditam que Drielle foi morta por volta da 0h. A motivação está sendo apurada e testemunhas prestaram depoimento.
Foram ao menos 50 facadas desferidas contra o corpo de Drielle. A irmã da vítima relatou que, por volta das 22h30 de domingo, enviou uma mensagem a ela perguntando se estava tudo bem. Em resposta, Drielle disse que sim. Segundo a PMDF, após assassinar a mulher, Juvenilton foi à casa do pai, pegou uma mochila com roupas e fugiu. Até o fechamento desta edição, o homem não havia sido capturado.