A pedido da Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO), Wanderson Mota Protácio, 21 anos, aguarda, em cela isolada no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, uma deliberação da Justiça sobre sua permanência na prisão. A previsão, de acordo com informações da Administração da Penitenciária de Goiás, é de que o criminoso passe por audiência de custódia ainda hoje, em horário a definir.
O isolamento do acusado dos demais detentos foi anunciado por Rodney Miranda, secretário de Segurança Pública de Goiás, ainda em coletiva de imprensa de sábado. "Determinei que arrumassem uma cela para ele" disse Rodney. "Ele vai ficar, em princípio, sozinho, em Aparecida", acrescentou. À reportagem, Rodney detalhou que criminosos que cometem crimes contra mulheres e crianças e, principalmente, tentativa de estupro ficam isolados como medida de segurança. Outro motivo é que Wanderson é considerado um preso de alta periculosidade e celas de segurança máxima já são, geralmente, individuais.
Rodney explicou que Wanderson está em prisão temporária de 30 dias. Mas a Polícia Civil de Goiás deve fazer uma representação requerendo a prisão preventiva. "A princípio, a prisão preventiva dá um tempo maior ao judiciário para fazer os procedimentos", contou.
Sobre o foragido ter se entregado à polícia, na manhã de sábado, o titular da pasta salientou: "Quem o obrigou a tomar essa decisão foi a situação de estratégia montada pela polícia. O cerco foi apertando cada dia mais e ele sabia que estava sem alternativas". Após matar a companheira grávida de 4 meses, em 28 de novembro, a enteada de 2 anos e 9 meses e um vizinho de 73 anos, em Corumbá de Goiás, Wanderson passou por Alexânia, Abadiânia e conseguiu chegar até Gameleira, onde finalmente se entregou.
Denúncias
Rafaela Azzi, titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Rurais, salientou que, durante a fuga, Wanderson tinha à disposição água e alimentos na mata. "Na região em que ele estava, havia água, moradias abandonadas e disposição de frutas, que podem tê-lo ajudado, como mangas, goiabas e seriguelas. Ainda assim, quando ele pediu acolhida na casa (da moradora que o convenceu a se entregar), ele estava esfomeado e, segundo o relato dela, comeu vorazmente", contou.
Para André Luz de Carvalho, tenente-coronel comandante do Batalhão Rural da Polícia Militar de Goiás, a eficiência das buscas se deve também ao modelo adotado em Goiás. "Temos uma metodologia que se baseia no cadastramento das propriedades (rurais), que seria basicamente o endereçamento de cada propriedade rural que visitamos. Ela recebe uma placa de georreferenciamento. Também envolvemos o produtor rural em grupos de mensagens, para torná-lo um promotor de segurança pública", destacou.
O militar também disse que o número de denúncias recebidas nessas buscas foi menor do que na caçada por Lázaro Barbosa, de 32 anos. "Todas as informações que recebíamos eram devidamente checadas. Essa ajuda da população é uma ferramenta importante", assegurou.
Lázaro
Devido às diferenças entre a atuação nas buscas por Lázaro e Wanderson, Rodney afirmou que os criminosos, embora com alta periculosidade, tinham perfis diferentes. "O outro (Lázaro) já tinha um histórico de fuga, violência e confronto com a polícia e as autoridades. Ele veio fugindo para cá (Goiás), cometendo atrocidades. Gritava para a polícia que não ia se entregar. Então, nós precisamos mobilizar um número maior de profissionais na primeira semana e fazer uma exposição da figura dele, para ter subsídio e poder capturá-lo, porque ele foi para uma região que conhecia muito bem", explicou.