Prevenção

Distrito Federal registra 581 casos de infecção pelo vírus HIV em 2021

Ao menos 76 pessoas morreram de Aids este ano na capital federal. Infectologista esclarece dúvidas sobre o autoteste e novo tratamento

Dezembro dá início à campanha nacional em luta contra o vírus HIV (Aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis), instituída em 2017. O Dezembro Vermelho mobiliza instituições privadas e públicas em prol da informação, prevenção, diagnóstico precoce, assistência e proteção dos direitos das pessoas infectadas com o HIV. O lema do GDF deste ano é “diga não ao preconceito. Previna-se! Faça o teste! HIV tem tratamento e a Aids pode ser evitada”

Segundo dados recém publicados pela Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), em 2020 foram 690 novos casos registrados no Distrito Federal, além de 96 óbitos. Em 2021, até o momento, foram 581 contaminações confirmadas e 76 óbitos – número que ainda pode sofrer alteração. Em dado mais alarmante, segundo o Sistema de Informação de Agravos e Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde, a maioria das pessoas vivendo com o vírus tem entre 20 e 29 anos.

Victor Bertollo, médico infectologista do Hospital Anchieta de Brasília, explica que a detecção precoce é fundamental, pois pode evitar que o paciente evolua para o estágio de imunodeficiência, ou seja, para a Aids propriamente dita. “Descobrir o HIV cedo muda muito a perspectiva e a qualidade de vida desses indivíduos", pontuou. “Aqueles infectados pelo HIV podem não desenvolver aids (imunodeficiência) caso sejam tratados de maneira precoce”, acrescentou.

A síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids) denomina o conjunto de sintomas e infecções resultantes dos danos causados no sistema imunológico pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). Bertollo acrescenta que o tratamento para o HIV é muito eficaz. “É possível tornar a carga viral no sangue indetectável e, dessa forma, preservar a imunidade do indivíduo, mantendo uma qualidade de vida compatível com o restante da população”, disse.

“Outra grande vantagem do tratamento é que uma pessoa com carga viral indetectável deixa de transmitir o vírus para outras, então ele não só protege o indivíduo HIV positivo de complicações e infecções oportunistas, como também evita a transmissão da doença, sendo parte de um conjunto de intervenções capaz de reduzir a ocorrência da Aids no país e no mundo”, explicou o médico especialista.

Auto-teste

Em 1º de dezembro, chegou às farmácias brasileiras um novo autoteste para detectar o HIV. Este novo modelo é o mais rápido para detecção dos anticorpos contra HIV-1/2 e funciona por punção digital. Para obter o resultado, que sai em 15 minutos, o teste coleta o menor volume de sangue do mundo, 2,5uL (microlitros).

O teste rápido está disponível pelo SUS, isso significa que qualquer pessoa pode fazer o exame de graça nos diferentes postos de saúde e centros de testagem. “Quando o acesso é ampliado, sem dúvida nenhuma isso é muito importante, até do ponto de vista de saúde pública, porque muitas pessoas têm uma barreira psicológica de procurar um médico e às vezes até barreiras práticas de acesso. Então ampliar a testagem faz com que mais pessoas possam se diagnosticar e iniciar o tratamento e com isso reduzir a transmissão do HIV.”, pontuou Victor.

Comprimido

Nesta segunda-feira (29/11), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou a autorização do registro de um novo medicamento contra o HIV. O Dr. Victor Bertollo, explicou que esse novo medicamento que foi aprovado é a combinação do Dolutegravir com Lamivudina. “No Brasil já utilizamos essas duas medicações em combinação com outras, mas o Ministério da Saúde preconizou recentemente um esquema simplificado de apenas duas drogas e que teria menos efeitos colaterais”.

“A vantagem agora é que a medicação vem coformulada num único comprimido. É claro que pra isso ser implementado na prática ainda tem que ser adquirido e distribuído pelo Ministério da Saúde. Mas uma vez que ele seja adotado, isso facilita a posologia porque as pessoas deixam de precisar tomar dois comprimidos por apenas um ao dia”, esclareceu o médico.

Ele explicou também que esse esquema não é para todo mundo, e é preciso avaliar caso a caso com pessoas que tiveram boa resposta e não apresentaram falha de tratamento prévio, nem mutações de resistência importantes. “Apesar do esquema principal hoje utilizado no Ministério da Saúde ser de alta eficácia e baixa taxa de efeitos adversos, com um perfil de segurança bom, a nova coformulação traz essa eficácia a longo prazo e menor risco de osteoporose, por exemplo”, concluiu.

 

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