As dificuldades enfrentadas durante a pandemia do coronavírus em 2020 e as medidas de segurança para evitar que o vírus se espalhasse fizeram com que muitos noivos precisassem desmarcar seus casamentos, fazendo com que 2021 se tornasse o ano do "sim". Os brasilienses voltaram a se casar após um período de queda expressiva nos matrimônios. Dados do Cartório de Registro Civil apontam que 21.085 casamentos foram realizados este ano, número 35,19% maior que a quantidade de casamentos oficializados no ano passado, de 15.482.
A advogada Nathália Lira de Andrade, 34 anos, e o servidor público Felipe Barbosa, 36, passaram por muitos "perrengues" até conseguirem finalmente se casar, em outubro. Eles fecharam a primeira data em 2019. Veio a pandemia e o casal adiou a data pela primeira vez. "Estávamos com todos os contratos fechados e tudo pago. Mas com a pandemia ficando mais grave, a gente resolveu adiar para dezembro de 2020", aponta Nathália.
Em outubro, o casal viu que ainda não tinha condições de fazer a festa, a pandemia ainda estava grave e eles perderam a avó de Felipe para a covid-19. A data foi remarcada para outubro de 2021 e, com isso, vieram mais prejuízos financeiros.
"Não queríamos mais arriscar, desistimos de uma festa para 150 convidados e tivemos que fazer um jantar para 60", conta. Na última marcação, o casal teve um prejuízo de quase R$ 20 mil. "Chegamos ao ponto de não querer fazer mais nada, de tão desgastante que foi", relata Nathália, que descobriu que estava grávida um mês antes do casamento.
A data foi marcada, mas os perrengues estavam longe de acabar. A ideia inicial era a noiva se arrumar no mesmo local onde seria a cerimônia, mas, 24 horas antes do casamento, a estrutura da festa foi mudada por causa das chuvas. "Assim, perdemos o local onde seria a minha maquiagem e cabelo. Mas até aí, tudo bem", relata.
A advogada decidiu se arrumar na casa de uma madrinha, no Jardim Botânico, a 30km do local da cerimônia. "Eu estava mais de uma hora atrasada e 20 motoristas de aplicativo cancelaram viagem", recorda. Nathália decidiu então dirigir até o local do casamento e acabou viralizando nas redes sociais. No local da cerimônia, o manobrista levou um susto. "Ele olhou para mim e disse: 'você tá maluca?'. Eu respondi: 'eu só quero me casar'", conta.
Decisão difícil
Após cinco anos de relacionamento, Mylena Rodrigues da Silva, 26 anos, e Joaquim Pereira Tavares Júnior, 28, decidiram oficializar a união no final de 2020. Enfermeira, ela já imaginava que a situação da pandemia não estaria nem perto de acabar. "Queríamos fazer algo simples, mas, por causa da situação atual, tomamos a difícil decisão de fazer a cerimônia apenas no religioso, sem festa", conta.
Apesar de abrir mão da celebração festiva, ela diz que não se arrepende. "Ficamos com medo de precisar remarcar. Hoje sei que foi a melhor decisão, a cerimônia no religioso já era muito importante para nós", afirma.
Para ela, o ponto negativo foi ter que ficar distante das pessoas queridas: "O ruim foi não poder cumprimentar todos os convidados. Fiquei com um aperto no coração, mas entendendo que o momento era necessário". O casamento, na Paróquia São Paulo Apóstolo, do Guará, foi emocionante. "Do jeito que a gente sonhou, dentro das possibilidades do momento."
Esperança
"O amor sempre vence" é o lema de Mariane Magna dos Santos Almeida, 26 anos, e de Messias Junio dos Santos Almeida, 33. Eles estão casados há quatro meses, mas chegar até o "sim" foi um caminho com muitos percalços. Eles iniciaram o relacionamento em março de 2020, quando foi decretado o primeiro lockdown em Brasília. "Noivamos um ano depois e demos o start para o nosso sonho de construir família", conta Mariane.
A data do casamento foi marcada para 7 de agosto de 2021, mas as dificuldades começaram após o envio dos primeiros convites. Inicialmente, a celebração seria para 180 pessoas. Sem melhoras na situação da pandemia, viram que seria impossível fazer a festa. "Fomos orientados a reduzir a lista para atender as limitações do salão de festas e tivemos que fechar em 68 pessoas, o que foi muito doloroso."
O segundo balde de água fria veio com a notícia de que o salão de festas ainda estaria fechado para eventos na data marcada para o casamento. "Nesse momento, tudo que nos restava era fé. Um mês antes do casamento decidimos que iríamos cancelar", conta Mariane. Aos poucos, tudo foi dando certo. O salão reabriu, as pendências foram resolvidas e o grande dia chegou.
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