Entrevista/ Chico Vigilante, deputado distrital

Mais investimento na Saúde em 2022

Ao CB.Poder, o parlamentar pede contratações de profissionais qualificados para atuar no SUS do Distrito Federal, ressalta a falta de segurança em Ceilândia e destaca o desafio de se aprovar o Plano de Ordenamento Territorial em ano eleitoral

Pedro Marra
postado em 29/12/2021 00:01
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Com críticas ao Governo do Distrito Federal (GDF), o deputado distrital Chico Vigilante (PT) pediu mais investimento na contratação de profissionais de saúde para fortalecer o serviço público, maior segurança pública em Ceilândia e analisou os desafios para o próximo ano na Câmara Legislativa do DF (CLDF), ontem, em entrevista ao CB.Poder — programa do Correio Braziliense em parceria com a TV Brasília. "Se nós não tivéssemos o sistema de saúde pública que a gente tem, não teríamos 600 mil mortes, teríamos muito mais", disse ao jornalista Carlos Alexandre. 

Em 2022, com ano de eleições, o senhor acredita que a saúde vai ser o tema principal?

A saúde é o carro-chefe, e ficou evidenciada nesta pandemia a importância estratégica do SUS, da saúde pública no Brasil. Se nós não tivéssemos o sistema de saúde pública que a gente tem, não teríamos 600 mil mortes, teríamos muito mais. A gente teria chegado a 3 milhões de mortes. As pessoas falam tão mal do sistema público de saúde, mas foi quem socorreu efetivamente na hora de maior necessidade. Temos que melhorar o SUS. Precisa melhorar a Saúde. E, aí, é bom que o governador Ibaneis tome consciência de que não é só construir unidade de pronto-atendimento (UPA) e unidade básica de saúde (UBS). É preciso contratar gente e qualificar as pessoas para um atendimento melhor.

O senhor fez uma reclamação na CLDF sobre a segurança pública em Ceilândia. Qual é a principal crítica?

Temos problema sério de segurança, que abrange o Distrito Federal, mas que abrange, especificamente, Ceilândia, porque é a maior cidade. Estamos com efetivo policial, em Ceilândia, menor do que na década de 1980, até porque a população cresceu muito. Moro na QNP 18 e sempre brinco que vivo há 41 anos na mesma casa e nunca tinha tido assalto na nossa rua. Na semana passada, uma vizinha, às 9h, abriu a garagem, abriu o portão e quando saiu com o carro, dois homens armados tomaram o carro de assalto. Então, esse é o retrato do que é a segurança na Ceilândia. Aí, procurei o comandante-geral da PMDF, coronel Vasconcelos, que falou a verdade para mim: "deputado, estamos impotentes, porque o nosso efetivo não dá para cobrir o Distrito Federal hoje". E não dá mesmo.

O que mais lhe preocupa em relação ao Plano de Ordenamento Territorial (Pdot)?

Estou preocupado com o Pdot, porque o Plano de Ordenamento Territorial local foi apresentado no governo Agnelo. No ano eleitoral, nós não aprovamos, e eu era da base do Agnelo, e achamos por bem não aprovar em função do ano eleitoral. Depois, foi reapresentado no governo Rollemberg, e também entrou no ano eleitoral e não foi aprovado. E, agora, infelizmente, está ficando para ser discutido em um ano eleitoral. Então, eu temo que ele não seja aprovado. (Inclui) a destinação de uma série de áreas do Distrito Federal.

As administrações regionais do DF atenderam corretamente os pedidos dos moradores?

Está na Lei Orgânica do Distrito Federal (LODF) e tem uma decisão judicial que não é cumprida, que é (para) os moradores terem o direito de escolher os seus administradores por meio de votação direta. Não é transformar em município, porque o Distrito Federal não suporta a transformação em município com Câmara de Vereadores. É só ver a diferença com a gestão democrática das escolas, em que os diretores são eleitos pela comunidade escolar. Aprovei uma lei, que ficou um ano, o governo não cumpriu, e ingressou na Justiça. O Judiciário disse que tinha vício de iniciativa. O governador Ibaneis cumpriu uma promessa dele de mandar um projeto. Está engavetado lá na Câmara, mas precisa de pressão da opinião pública para que esse projeto seja aprovado.

Como o reajuste no Orçamento de 2022 para as polícias pode ser melhor distribuído? Existem categorias que merecem tratamento melhor, como a Polícia Federal?

Espero que a Polícia Federal, uma força fundamental para o combate à corrupção, não queira virar uma milícia de um governo. Polícia tem que ter ser política de Estado, e não de governo. Eles deveriam se negar a receber esse reajuste, para não parecer que são milicianos do governo Bolsonaro. Deveriam estar juntos com os demais servidores para montarem uma política de recuperação de perdas salariais. Você tem os trabalhadores da saúde que estiveram em todos os estados, na linha de frente de combate ao novo coronavírus, muitos perdendo a própria vida. Portanto, se alguém merece algum reajuste diferenciado são os trabalhadores da saúde, que deveriam estar sendo valorizados neste momento. 

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