O Natal da família Ferreira da Silva foi marcado por tristeza, revolta e pedidos de justiça. De cabeça baixa e com lágrimas nos olhos, os familiares tentavam se consolar pela morte repentina e violenta de Shirlene Ferreira da Silva, 38 anos, grávida de quatro meses, e da filha dela, Tauane Rebeca da Silva, 14. As duas foram enterradas na tarde deste sábado (25/12), no Cemitério de Taguatinga.
Alguns amigos e familiares seguravam cartazes com pedido de justiça: "Quando o amor é forte, nenhum adeus é eterno". Outro dizia "Queremos justiça por elas".
Enquanto se abraçavam, as cerca de 60 pessoas presentes ao velório pediam a Deus que consolasse os corações delas e preenchesse o vazio deixado pela perda. "Não consigo nem falar, é muita tristeza. Um crime bárbaro", declarou uma amiga das vítimas.
Shirlei Silva, 39, irmã de Shirlene, contava com o apoio dos parentes para se manter de pé. Bastante comovida, ela falou sobre a esperança de encontrar as duas bem. "Mesmo não acreditando que elas tivessem fugido — porque nunca acreditei nisso —, pensávamos que elas estariam vivas", afirmou.
"Desde o começo, pedimos para a polícia procurar do outro lado (do córrego). Agora, queremos justiça. Elas eram duas mulheres indefesas. A Tauane era uma meninona que ainda não tinha vivido nada. Com certeza, minha irmã pediu misericórdia para essa pessoa (que cometeu o crime), mas ela não teve, mesmo com a Shirlene grávida", lamentou Shirlei.
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O caso
Shirlene e Tauane foram encontradas mortas na segunda-feira (20/12), a cerca de 500 metros da margem do córrego Coruja, no Sol Nascente, após passarem 11 dias desaparecidas. Os corpos estavam parcialmente enterrados, escondidos por folhas secas. A polícia identificou marcas de perfurações provocadas por esfaqueamento no tórax da mãe e no pescoço da menina.
Shirlene saiu de casa às 14h30 de 9 de dezembro, acompanhada de Tauane. Por volta das 18h30, o marido de Shirlene, Antônio Silva, chegou do trabalho e perguntou pela companheira ao filho mais novo do casal. Em resposta, o garoto disse que a mãe e a irmã haviam saído para ao córrego da região e que não haviam voltado.
Preocupados, familiares registraram boletim de ocorrência por desaparecimento na 23ª Delegacia de Polícia (P Sul). Mãe e filha deixaram os celulares em casa antes do passeio. Nas mensagens analisadas, os investigadores encontraram conversas de Shirlene dizendo que pretendia ir para o Maranhão. "A partir disso, passamos a trabalhar com várias hipóteses, sendo, principalmente, afogamento ou fuga", disse, à época, o delegado-adjunto, Vander Braga.
A força-tarefa de buscas contou com cães farejadores, mergulhadores e helicópteros. As equipes encontraram um guarda-chuva à margem do córrego, e os investigadores pediram acesso a mais de 90 câmeras de ônibus e comércios da região, bem como de casas vizinhas.
Em estado de choque, Shirlei afirmou que não pôde ver a irmã nem a sobrinha quando os corpos foram encontrados, 11 dias depois. "Não deixaram, mas a polícia confirmou que são elas. Estou muito mal, e o marido dela está sem chão. A única coisa que sei é que elas estavam enterradas perto dos locais de busca", relatou na ocasião.
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