CORREIO ENTREVISTA

Novacap passa por reestruturação e terá concurso em 2022

Presidente da companhia adianta ao Correio que reestruturação interna demandará novas contratações. Outras novidades para o ano que vem incluem 100km de novas vias urbanas e início das obras de UTI e radiologia no Hospital de Planaltina

Ana Isabel Mansur
postado em 27/12/2021 06:00 / atualizado em 27/12/2021 23:58
 (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A.Press)
(crédito: Carlos Vieira/CB/D.A.Press)

A Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) vai realizar concurso público em 2022. Fernando Leite, diretor-presidente da companhia, adianta ao Correio que a reestruturação pela qual a empresa vem passando — que envolve modernização tecnológica, de recursos humanos e de gestão — vai demandar novos colaboradores. Por meio de mapeamento será possível saber quantas vagas serão abertas, e, apesar de não cravar data para as provas, Fernando destaca que o certame será no ano que vem. O último concurso da Novacap deveria ter sido realizado em 2017, mas, após seguidos adiamentos, o certame, por fim, foi cancelado. 

Entre as demais novidades para 2022, estão o início da construção do novo bloco do Hospital Regional de Planaltina (HRP) e a criação de 100km de vias urbanas no DF, além do recapeamento de 200km de asfalto. As obras do HRP — que vão incluir um novo edifício com unidades de imagem e de terapia intensiva — devem começar em janeiro, segundo o diretor-presidente à frente da Novacap desde abril de 2020. Os trabalhos asfálticos farão parte do Programa Novas Vias, ainda sem previsão de lançamento.

Fernando Leite também anuncia que o Hospital Regional de Brazlândia vai receber as mesmas obras do HRP. A expectativa do gestor é que as construções em Brazlândia tenham início no primeiro semestre de 2022. Um dos pilares da atuação da Novacap para o próximo ano será a modernização completa da empresa, a fim de acompanhar a velocidade das mudanças e o crescimento da capital. A inovação tecnológica vai possibilitar o rastreamento e a fiscalização de buracos nas vias do DF por meio de drones e câmeras.

Concurso

"Nós vamos investir muito na capacitação das pessoas em 2022. Não temos, ainda, a quantidade de vagas que serão abertas, porque estamos na fase do trabalho prévio na área de recursos humanos, para fazer a reestruturação da empresa. Vamos concluir o plano de cargos e salários e, em função disso, vamos dimensionar o quadro de pessoas que vamos precisar. Precisamos fazer o concurso em 2022, é o nosso propósito. A modernização da Novacap que queremos implementar será para compatibilizar a empresa com a modernização que existia na época da construção de Brasília. Ela foi criada para construir uma cidade moderna e, passado esse período, não houve evolução na gestão. Nós, agora, queremos fazer essa revolução para melhorar a qualidade da entrega dos serviços. Vamos focar a inovação em três pilares: gestão, tecnologia e recursos humanos."

Asfaltamento

"Estamos definindo recursos para o Projeto Novas Vidas, que vai implementar 100km de vias no DF em 2022, em locais onde não têm asfalto. Será um programa a cargo da Novacap. Vai abranger todo o DF, mas vai incluir muito mais a periferia do que os centros, onde as vias já são asfaltadas, mas precisam de tapa-buracos ou de recapeamento. É um projeto audacioso, que depende de disponibilidade orçamentária, mas gostaria que (o projeto) fosse iniciado no primeiro trimestre do ano que vem."

Hospitais

"As obras de ampliação do Hospital Regional de Planaltina (HRP) vão começar no início do ano. O processo licitatório termina em janeiro. Vamos fazer um terceiro bloco, com radiologia, unidade de imagem e unidade de terapia intensiva (UTI). No Hospital Regional de Brazlândia (HRBz), a ideia é fazer um espelho do que será feito no HRP. O processo será iniciado no ano que vem, e a ideia é que as obras comecem ainda no primeiro semestre de 2022."

Obras

"Estamos fechando 2022 com 1.010 obras, todas começadas neste ano. Estamos em andamento com o Hospital Oncológico, uma demanda de, seguramente, 30 anos, e estamos fazendo um hospital referência. A licitação para reforma da Ponte JK já foi feita. A previsão de início das obras, eu gostaria que fosse em janeiro. Vai ser uma manutenção total e completa na ponte, que está com 20 anos. Primeiro, nós vamos fazer um diagnóstico, para saber como está a estrutura. A ideia é terminar a reforma da Ponte Costa e Silva, que estava em andamento, (antes de começar as obras na JK), para não ficar com duas pontes a menos. Eu espero que ela fique pronta até o primeiro semestre. Também é uma reforma total; os trabalhos têm sido por baixo, dentro da água. Estamos fazendo um reforço estrutural, para trocar até a ferragem."

Buracos

"Vamos resolver o problema dos buracos no DF, definitivamente, no ano que vem. Com controle moderno nas vias, com tecnologias como drones, para mapear onde estão os buracos e identificar antes mesmo que aconteça. Teremos monitoramento aéreo e supervisão por câmeras. Já estamos investindo na parte de equipamentos de informática e estamos licitando um programa de tapa-buracos. O contrato, de R$ 44 milhões, está em andamento e também vai incluir ações de recapeamento, com objetivo de atender vias asfaltadas que precisam mais do que uma simples correção de um buraco. 2022 será o ano da virada."

Escoamento

"Estamos fazendo um belo investimento em drenagem. A maior parte da drenagem foi feita na época da construção da capital, e os critérios eram outros, não havia tantos habitantes. Por exemplo, as construções do Mané Garrincha e dos outros dispositivos de esportes. Antigamente, não tinha o problema de alagamento na (quadra residencial) 402 Sul. Quando o estádio e o ginásio foram construídos, a área toda foi impermeabilizada, então a água que penetrava e se infiltrava no solo hoje é canalizada e corre para as quadras de baixo. Precisamos mais do que de uma revitalização geral da rede de drenagem, temos de ter uma nova rede. Vai ser uma galeria, com tubos enormes, debaixo da terra, porque o volume (de água) aumentou demais, e isso aconteceu em todo o DF. As tesourinhas, por exemplo, sempre inundam. É um colapso do sistema de drenagem. As tubulações existentes não são suficientes para dar vazão a toda a água que chega. Esse é o investimento que tem de ser feito, e a drenagem é uma obra caríssima. Exige muito planejamento e recursos, que normalmente precisam vir de fora, de bancos de fomento mundiais e de instituições interamericanas. O governo tem de contrair empréstimos de longo prazo. Em 2022, queremos levar essas propostas para o governador. Já temos a base, que é um diagnóstico total."

Projetos de Lúcio Costa

"Quem está capitaneando esse processo — retorno dos projetos de Lúcio Costa, vencedores do concurso de construção de Brasília, enviados pela família do urbanista para Portugal em outubro, por falta de recursos para mantê-los no Brasil — é a Secretaria de Cultura. Nós temos um convênio com a secretaria, porque o acervo cultural da Novacap é muito grande e tem peças valiosas. Nessa questão do Lúcio Costa, em particular, estamos trabalhando em conjunto com a Cultura, a demanda é deles. Mas eu asseguro, porque eu e o secretário (de Cultura do DF, Bartolomeu Rodrigues) já conversamos bastante a respeito, que a ideia é trazer os projetos de volta. Nosso projeto é construir o Memorial Novacap. Existe um prédio inacabado, e já temos o projeto básico e os estudos para transformá-lo em um memorial. A Cultura ficou de buscar recursos para fazermos essa reforma."

 

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