Uma estudante do Centro Educacional (CED) 15 de Ceilândia denuncia um episódio de assédio sexual sofrido pelo orientador educacional da escola. Contudo, ela não foi a única vítima e, desde a repercussão do caso, outras alunas dizem ter sofrido com comentários de duplo sentido e comportamentos abusivos, seja do mesmo orientador ou de outros servidores. O caso que aconteceu com Caroline*, 18 anos, aconteceu em 10 de dezembro, quando ela e os amigos estavam na quadra de esportes.
Segundo estudante, o orientador educacional sempre a cumprimentava na escola, mas a jovem nunca fui na sala dele. Ela diz que o homem a via nos corredores e sempre foi educada com ele. Após ouvir sussurros no ouvido, ela começou a ser tratada de forma estranha. "No dia 10 de dezembro, eu estava no pátio da escola sentada com meus amigos em cima da mesa de pingue-pongue, que é de concreto, e ele chegou para falar comigo e disse que gostava de meninas calmas", lembra.
A jovem relata que o orientador perguntou que tipo de atividade ela gostava de fazer. Ele disse que gosta de vaquejadas, ir a fazendas e que gostava de treinar nas pistas com cavalos. Em seguida, Caroline conta que o homem a constrangeu. "Ele disse que gostava muito de cavalos, principalmente de éguas, e me olhou de uma forma que me deixou constrangida, e disse que era porque ele era um cavalo", complementa.
Depois, o comportamento do servidor continuou. Ele chegou perto do ouvido da estudante e a chamou para sair. "Ele perguntou o que eu ia fazer no dia seguinte", recorda. Ela mentiu ao dizer que tinha namorado, quando uma amiga a chamou para ir ao banheiro para o tirar de perto jovem. "Foi ela que me disse que precisávamos denunciar, que a situação tinha chegado ao limite", diz.
As duas foram atrás do diretor, mas ele não estava na escola. A estudante, então, foi na coordenação, onde a pediram para escrever em um papel como ela se sentia. "Depois, ficou tarde e eu precisei voltar para casa, mas meus amigos ficaram conversando com o diretor”, conta Caroline.
Caroline pontua que não se sentia segura nem confortável no colégio. Quando chegou em casa, ela resolveu que precisava denunciar a situação. "Meus amigos conversaram com o diretor, mas ele disse que precisava que acontecesse de novo para tomar providência", relembra. Segundo a aluna, a mãe ficou triste com o caso. "Não fui para a colação de formatura, e meus amigos se recusaram a tirar foto com o diretor na formatura, no dia 20”, detalha.
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A estudante ainda lida com os danos causados pelo episódio, que gerou transtornos mentais, como crises de ansiedade. "Quando tenho que voltar para a escola, preciso que alguém vá comigo, tenho medo de alguma coisa acontecer", reconhece. Ela diz que recebeu muitas mensagens de pessoas também dizendo que a história era mentira. Apesar disso, Caroline ressalta que também recebeu mensagens de apoio nas redes sociais, inclusive de outras vítimas que dizem ter sofrido situações de assédio no CED 15.
Auxílio
O caso repercutiu depois da amiga de Caroline, ter comentado sobre o episódio durante a formatura dos estudantes do 3ª do ensino médio do CED 15. “Resolvi falar, porque cinco minutos antes, uma mulher disse que o diretor era excelente. E aquilo, eu não aceitei. Então, pedi o microfone, ma,s quando comecei a falar, eles cortaram o som. Mesmo assim, eu gritei, porque era impensável deixar aquilo em silêncio”, declara.
“O orientador sempre que via as meninas tinha esse hábito de chegar agarrando e abraçando. A gente sempre evitava se esbarrar com ele, entrava dentro das salas ou do banheiro para evitar se encontrar com ele”, conta.
Delegada-chefe da Delegacia de Atendimento à Mulher 2 (Deam 2), Adriana Romana conta que, na unidade, não tem nenhum registro oficial em relação ao fato. “A gente vai fazer uma apuração preliminar para levantar algo de concreto”, garante a investigadora.
Em nota oficial, a Secretaria de Educação do DF informou que o servidor foi afastado preventivamente das funções até que as devidas investigações pela Corregedoria da pasta sejam concluídas. O Correio tentou contato com o orientador do CED 15 e com o diretor da unidade, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.
Caroline*, nome fictício a pedido da vítima
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