Depois de 11 dias de buscas, a polícia encontrou os corpos de Shirlene Ferreira da Silva, 38 anos, e da filha Tauane Rebeca da Silva, 14, que saíram de casa em 9 de dezembro para passearem em um córrego na região do condomínio Gileade, no Setor Habitacional Sol Nascente. A mãe e a adolescente estavam parcialmente enterradas na terra e coberta por folhas. Indícios das investigações da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) apontam que as duas foram vítimas de um crime violento. Na manhã desta terça-feira (21/12), os corpos serão periciados e retirados por equipes do Corpo de Bombeiros (CBMDF). Ao Correio, Shirlei Silva, 39, irmã de Shirlene, falou que a família está estarrecida com o caso.
Grávida de quatro meses, Shirlene saiu de casa, às 14h30, na companhia de Tauane. Por volta das 18h30, o marido, Antônio Silva, chegou em casa e perguntou pela mulher ao filho mais novo do casal. Em resposta, o garoto disse que as duas haviam saído para ir até o córrego e não haviam retornado até então. Preocupados, familiares registraram boletim de ocorrência por desaparecimento na 23ª Delegacia de Polícia (P Sul). Mãe e filha deixaram os celulares em casa antes do passeio. Nas mensagens analisadas, os policiais encontraram conversas de Shirlene dizendo que pretendia ir para o Maranhão. "A partir disso, passamos a trabalhar com várias hipóteses, sendo principalmente afogamento e fuga", disse o delegado-adjunto, Vander Braga.
A força-tarefa de buscas contou com cães farejadores, mergulhadores e helicópteros do CBMDF e da Divisão de Operações Especiais da PCDF (DOE). As equipes encontraram um guarda-chuva à margem do córrego. "A gente começou a descartar a possibilidade de tromba d'água, até porque os familiares afirmavam que as duas sabiam nadar", completou o delegado Vander Braga. Os investigadores requisitaram, ainda, o acesso a mais de 90 câmeras de ônibus, da região, e de comércios e casas vizinhas.
Em estado de choque, Shirlei afirmou que não conseguiu reconhecer a irmã e a sobrinha. "A gente ainda não viu os corpos, porque não deixaram, mas a polícia confirmou que são elas. Estou muito mal, e o marido dela está sem chão. A única coisa que eu sei é que elas estavam enterradas próximo aos locais de busca", relatou, emocionada.
Depoimento
Uma testemunha ocular foi primordial para a retomada das buscas, uma vez que a PCDF e CBMDF haviam encerrado a operação. Em depoimento prestado no sábado, uma pessoa confirmou que Shirlene e Tauane haviam descido rumo ao córrego. Segundo o delegado Vander Braga, até aquele momento, ninguém havia confirmado a informação de que as duas foram em direção ao condomínio Gileade.
No depoimento, a testemunha detalhou que viu as duas com guarda-chuva com as mesmas características do que o encontrado pelas equipes de busca. Uma outra pessoa reparou que mãe e filha não haviam retornado e se preocupou. Com a nova informação, os agentes da 23ª DP reiniciaram as buscas na área de mata, de difícil acesso, que contém vários vales e grutas.
Na tarde de segunda-feira (20/12), os investigadores localizaram os corpos de Shirlene e Tauane distante cerca de 500 metros do córrego. As duas estavam de roupa, e a polícia descartou que as vítimas tenham sofrido algum tipo de violência sexual e que, inclusive, não teriam chegado a entrar na água.
Mãe e filha estavam uma ao lado da outra, com metade dos corpos enterrados sob um lamaçal e a outra parte coberta por folhas. "A impressão é de que o criminoso tenha tentado enterrar os corpos, mas como não conseguiu, decidiu cobrir com as plantas", frisou o delegado Vander. Na avaliação do policial, elas foram vítimas de crime violento.
Segundo as investigações, a mochila que Shirlene carregava, com uma toalha dentro, não foi localizada, o que pode reforçar a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte). Uma blusa cinza encontrada pendurada em um galho e suja de barro poderá revelar a identidade do assassino. "A camiseta foi encaminhada para a perícia para análise. Além disso, vamos pegar o DNA da unha das vítimas para saber se houve luta corporal", detalhou Vander Braga.
Saiba Mais
Por se tratar de uma área do Sol Nascente, a investigação, agora, segue à cargo da 19ª DP (P Norte), delegacia responsável pela região. Ao Correio, o delegado Gustavo Augusto, chefe da unidade, adiantou que a perícia dos corpos será feita às 9h30 desta terça-feira (21/12). "Fomos (nessa segunda-feira) ao local, mas chegamos próximo a mais ou menos 150 metros, porque não conseguimos avançar. Como choveu muito, houve um alerta dos bombeiros na questão da segurança", explicou o policial.
Em nota, o CBMDF informou que o córrego estava muito cheio, com forte correnteza e, por isso, não foi possível garantir a segurança dos peritos da PCDF.
Linha do tempo
9 de dezembro
Shirlene Silva e a filha Tauane Silva saíram de casa em direção a um córrego na região do Sol Nascente, em Ceilândia, às 15h. O marido de Shirlene, Antônio Silva entrou em contato com o Corpo de Bombeiros informando o desaparecimento, às 21h. A corporação iniciou as buscas próximo ao córrego
10 de dezembro
Mergulhadores, cães farejadores e militares percorreram cerca de 3 quilômetros do córrego atrás das vítimas
12 de dezembro
O Corpo de Bombeiros encerrou as buscas por Shirlene e Tauane após receberem informações de que a dupla teria sido vista em uma igreja na região de Samambaia. As atividades de resgate duraram três dias consecutivos
13 de dezembro
As investigações retornaram, e os familiares foram orientados a procurar a Polícia Civil. O resgate aéreo foi acionado; e as buscas, retomadas
16 de dezembro
O Corpo de Bombeiros encerrou as buscas pelas desaparecidas. Cerca de 6km foram percorridos pela corporação
20 de dezembro
Os corpos foram encontrados cobertos por folhas, próximo ao córrego, por policiais civis
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