As férias escolares chegaram, e é comum que os hábitos do dia a dia das crianças mude. Mas, de acordo com o pediatra especializado em nutrologia Cristiano Nader, os pais devem dedicar atenção especial aos cuidados com os pequenos durante o período. Em entrevista ao CB.Saúde, — uma parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília — o especialista explicou à jornalista Carmen Souza que durante o recesso há maior incidência de determinadas doenças, como diarreias, resfriados, surtos de influenza, e síndrome mão e boca. "Nas férias, os vírus são bem comuns, então precisamos ter cuidado com o que as crianças comem, com higienização e bons hábitos de vida", destaca. Por isso, torna-se ainda mais importante se atentar aos hábitos do dia a dia, como alimentação, qualidade do sono e prática de exercícios para manter o sistema imunológico em dia.
Quais são os comportamentos e hábitos de risco comuns à saúde das crianças?
É uma época propícia para repensarmos comportamentos, e costumamos embasar nossa saúde em alguns pilares. No caso da criança, temos como pilares a alimentação, prática de atividade física e sono. Então, é um momento de repensar como andam esses três aspectos. Se a sua criança está dormindo tarde demais, se deixa de fazer atividade física. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a recomendação é que as crianças tenham, no mínimo, uma hora de atividade física todos os dias, com intensidade moderada a intensa. Crianças abaixo de 5 anos devem praticar atividades físicas durante três horas por dia, com intensidade baixa a moderada. Na alimentação, precisamos dar preferência a alimentos menos processados ou in natura, que são aqueles que nosso corpo está habituado a lidar, do ponto de vista metabólico e produzir efeitos benéficos à saúde.
Este mês a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) divulgou um levantamento sobre o hábito alimentar de crianças com até 5 anos, e os dados são preocupantes: 80% delas, nessa faixa etária, não se alimentam de forma saudável e optam por alimentos ultraprocessados.
Quais as consequências?
Podem haver consequências bem temíveis. O organismo da criança está em construção até os dois anos. Isso começa antes da gestação, atuamos no organismo da mãe, deixando todas as vias metabólicas ajustadas para que possa conceber e nutrir esse feto de forma adequada. Depois disso, deve-se construir um organismo saudável, pensando em estímulos e alimentação. Até os 2 anos a criança molda a forma como o corpo vai funcionar. Hoje em dia, a gente sabe que um dos mecanismos que mantêm a saúde da criança é o perfil da microbiota intestinal, que são os germes presentes no intestino. Quando coloco um multiprocessado, ele altera a forma como essas bactérias vão crescendo, e o perfil delas. Nós temos várias espécies no intestino, umas agressivas outras protetoras e, ao alterar essa formação, pode-se gerar um efeito a curto, médio e longo prazo. Então, ensino o corpo a se proteger produzindo substâncias mais inflamatórias, e que ao longo dos próximos 20, 30 anos, podem ocasionar doenças cardiovasculares, diabetes.
Então, nos primeiros anos de vida, pode-se iniciar um comportamento preventivo?
Alguns autores colocam o Alzheimer como diabetes tipo 3, onde há resistência de insulina como principal causa, gerando lesão e degeneração dos neurônios. Tudo isso tem relação com a microbiota.
Quando falamos em ultraprocessados, muitos não sabem o que significa. O que são?
Quando vemos o rótulo, é ideal que consigamos identificar nutriente por nutriente. Se tem um nome estranho, que você desconhece, ele, com certeza, é ultraprocessado. Hoje em dia, existem alguns aplicativos que auxiliam os pais na identificação, para saber se é, ultra, multi ou minimamente processado. Alguns passam despercebidos, e fazem parte do consumo diário da criança, como biscoitos, que são ultraprocessados. O pai, na inocência, causa o dano sem saber.
As férias são um bom período para mudar os hábitos ruins?
Os pais podem observar mais de perto a alimentação dos filhos. Estamos inseridos em uma realidade em que pais e mães trabalham em longas jornadas, e as crianças, muitas vezes, são acompanhadas pelas babás, na frente das televisões, e não criam qualquer tipo de relação com o alimento como deveria ser. Quando se faz uma refeição em família, a criança come, observa os pais e, por meio dos estímulos, vão aprendendo um padrão de alimentação mais saudável.
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Pfizer para crianças
Apesar da aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a aplicação da vacina Pfizer contra a covid-19 em crianças de 5 a 11 anos, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou que não tem data prevista para começar a aplicação para esse público na capital e aguarda sinalização do Ministério da Saúde. Anúncio foi feito, ontem, pelo secretário Manuel Pafiadache, durante coletiva de imprensa. Segundo informações da pasta, atualmente, 221 mil pessoas acima de 12 anos ainda não tomaram a primeira dose do imunizante que previne casos graves e mortes pelo novo coronavírus. Desse quantitativo, 177 são adultos.