Denúncias de irregularidades no sistema prisional têm sido frequentes nas últimas gestões: desde a construção de presídios para atender a presos ilustres à corrupção de agentes penais e regalias. Não é de hoje que o setor está tomado por indicações políticas. Agora, surge a suspeita de irregularidades na locação de um imóvel para a sede da Secretaria de Administração Penitenciária sob o comando do deputado distrital Reginaldo Sardinha (Avante), que é policial penal. O delegado Wenderson Teles (foto) assume a Secretaria de Administração Penitenciária do DF com uma super responsabilidade. Depois da Operação Maré Alta, deflagrada ontem, os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) vão acompanhar a gestão com lupa. Pelo trabalho na Delegacia de Combate à Corrupção, subordinada à Decor, Teles tem diálogo com promotores de Justiça, especialmente os da área de defesa do patrimônio público. Na nova função, Teles vai precisar trabalhar em sintonia com o Ministério Público do Distrito Federal e restabelecer o respeito da juíza Leila Cury, da Vara de Execuções Penais, pela pasta. Por isso, o delegado terá de montar uma boa equipe, sem vinculações políticas, como a que vai suceder. Teles tem experiência em inquéritos de combate à corrupção, na área de inteligência e em investigações complexas de roubos e furtos. Precisará deixar uma marca positiva.
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Na subida política
A Operação Maré Alta atinge o empresário Paulo Octávio em um momento de ascensão política. Presidente regional do PSD, o ex-senador e ex-vice-governador se prepara para voltar às eleições, lançar um dos filhos na disputa à Câmara dos Deputados, abrir o palanque no DF para a campanha nacional do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e montar uma nominata para distrital.
Promessa de reajuste para a PCDF
Depois de uma reunião na Secretaria de Segurança Pública, os representantes de sindicatos da Polícia Civil saíram ontem com a promessa de que receberão um reajuste salarial em 2022. Falta definir os valores. Tema para uma nova reunião marcada para a próxima segunda-feira.
Bala perdida
Não convidem para a mesma mesa o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, e o deputado federal Laerte Bessa (PL-DF). O ex-diretor-geral da Polícia Civil do DF tem xingado Anderson. "Esse ministro da Justiça é delegado que nunca prendeu ninguém. Não sabe o que é auto de prisão e flagrante. Esqueceu que a Polícia Civil carrega a PF há anos", disse Bessa à coluna.
Rede de proteção à mulher
O governo do DF criou uma rede para combater a violência de gênero. O grupo, que será coordenado pela Secretaria da Mulher, hoje, sob o comando de Ericka Filippelli, vai pensar ações conjuntas para proteger as mulheres do DF. Trata-se de uma iniciativa do Executivo, com a participação do Judiciário, Defensoria Pública e Ministério Público. O decreto do governador Ibaneis Rocha (MDB) foi publicado ontem no Diário Oficial do Distrito Federal. A secretária da Mulher reforça que a integração em rede beneficia as vítimas, que serão acolhidas por um protocolo único, evitando a peregrinação em busca por diversos serviços de acolhimento.
As voltas da política
Se der certo a aliança nacional entre o PT e o PSB — com Lula candidato a presidente e Geraldo Alckmin de vice — muita coisa pode mudar no DF. É possível que, apesar de todo o embate sobre as contas públicas, os ex-governadores Rodrigo Rollemberg e Agnelo Queiroz podem estar novamente no mesmo palanque.
Gestão de crise
O governador Ibaneis Rocha agiu rápido após a deflagração da Operação Maré Alta, na Secretaria de Administração Penitenciária. Exonerou o delegado aposentado Geraldo Nugoli e a subsecretária de administração-geral da pasta, Rosimeire Paiva. E criou uma comissão para apurar o caso, formada por um delegado, um auditor e um advogado. Receita conhecida em gestão de crises. Mas não ficou paralisado esperando o impacto negativo das suspeitas levantadas pelo Ministério Público do Distrito Federal.
Pescaria
A Operação Maré Alta foi batizada assim pelos promotores de Justiça do Gaeco numa ironia com o deputado Reginaldo Sardinha (Avante), alvo da investigação. É que na maré alta fica mais fácil pescar na praia. No caso, sardinhas.