SEGURANÇA

Narcotraficante agia preso em casa

Conhecido como "Nego Gel", ele e um comparsa foram detidos por tráfico de drogas na capital federal

Darcianne Diogo
postado em 14/12/2021 00:01
Operação identificou que
Operação identificou que "Nego Gel" era um dos maiores traficantes do DF - (crédito: Material cedido ao Correio)

Uma investigação que durou mais de um ano identificou que o condenado Geovane Gonçalves de Souza, 38 anos, mais conhecido como "Nego Gel", continuava atuando como um dos maiores narcotraficantes do Distrito Federal. A mega-operação desencadeada pela Coordenação de Repressão às Drogas (Cord/PCDF) e pelo Ministério Público (MPDFT) identificou que, mesmo cumprindo prisão domiciliar, ele estaria mantendo uma rede de comércio ilegal com traficantes do Paraguai.

A nova prisão aconteceu na última sexta-feira. A casa em que Geovanne vivia, em Planaltina, contava com esquema reforçado de segurança, com grades altas e dois cães da raça rottweiler. Um homem apontado como comparsa do traficante, Galvan Souza Silva, foi preso dentro do imóvel. Ele era procurado no estado da Bahia por dois roubos e tinha dois mandados de prisão em aberto. Tanto Geovane, quanto Galvan tiveram as prisões flagrantes convertidas em preventivas pela Justiça do DF.

Histórico

Conhecido das autoridades policiais por homicídio, extorsão, tráfico de drogas, roubo, posse e porte de armas, Geovane cumpria pena por tráfico de drogas, em regime semi-aberto. Entretanto, informações anônimas repassadas à polícia indicavam que ele mantinha, em sua residência onde cumpria pena, drogas, armas de fogo, munições de grosso calibre e até silenciadores.

Em 2019, Geovane foi condenado por tráfico, mas seguia sendo monitorado. Este ano, agentes da polícia receberam nova denúncia detalhando que o criminoso estaria envolvido em atividades no Vale do Amanhecer, em Planaltina, em decorrência de uma série de conflitos com rivais de Goiás. Em um vídeo publicado nas redes sociais, no ano passado, Geovane aparece atirando para o alto de dentro do carro, como uma espécie de ameaça a outros traficantes. O denunciante também relatou que Geovane faria parte da chamada "Guerra dos Milhões", uma disputa com traficantes de outros países, como o Paraguai, e onde ele manteria imóvel e explosivos enterrados dentro do lote, hipótese essa investigada pela PCDF.

"Ele tinha forte atuação na região Norte do DF, abarcava a região de Sobradinho, Planaltina e Paranoá e difundia pânico e muitas drogas ilícitas e ostentava em redes armas de fogo, efetuou disparos para assustar seus concorrentes. Um indivíduo extremamente perigoso", detalhou o delegado Rogério Rezende, titular da Cord.

Para o promotor da 2º Promotoria de Justiça de Entorpecentes, Luiz Humberto de Oliveira, o trabalho conjunto entre MPDFT e PCDF traz mais eficácia à sociedade. "É uma mudança de paradigmas importantes para a guerra contra as drogas no Brasil, que parte das seguintes premissas: reconhecimento das carências estruturais (recursos públicos e humanos) das instituições e, assim, a união das mesmas para o fim comum que é o combate eficiente e eficaz da criminalidade", enfatizou.

Entorpecentes

Desde as primeiras denúncias por tráfico atribuídas a Geovane, em 2018, policiais civis realizaram diligências em Planaltina de Goiás e em Formosa (GO), endereços onde Geovane residia na época. Em uma das diligências, os policiais flagraram Geovane saindo da garagem de casa em um Jetta.

Durante a operação de sexta-feira, os agentes foram recebidos na casa por uma mulher grávida de 9 meses, que relatou não ter conhecimento sobre a existência de drogas no imóvel. No imóvel, a polícia encontrou 37 kg de skank; 500 gramas de cocaína; 10kg de maconha; munições calibre .380, .38 e 9mm e um carregador de 9mm vazio dentro de um baú.

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