O emprego de cozinheiros, garçonetes e garçons do Distrito Federal ficou ameaçado no auge da pandemia, no segundo semestre de 2020. Mas, com a retomada da economia do DF, alguns trabalhadores acompanham a esperança do mercado de avanço nas finanças para o incremento de pessoal em bares e restaurantes da capital federal. O Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro, Restaurantes, Bares e Similares do Distrito Federal (Sechosc) espera crescimento de 5% nas contratações para este fim de ano em comparação com o mesmo período de 2020.
Chefe de cozinha de um hotel do Setor Hoteleiro Norte (SHN), Nilson Favacho, 42 anos, contratou 22 pessoas neste ano para trabalharem no local e busca mais profissionais. Atualmente, Nilson está com 17 funcionários de serviços gerais e 14 garçons e garçonetes na equipe. Ele adotou a estratégia de recontratar alguns funcionários com quem tinha rescindido o contrato. “Quando fizemos a rescisão, deixamos em aberto para que, quando voltássemos a funcionar, e a ocupação do hotel estivesse condizente com a demanda, contrataríamos alguns ex-empregados”, explica o chefe de cozinha.
Segundo o presidente do Sechosc, Orlando Cândido Gomes, há uma boa perspectiva de contratações neste ano para o setor, que abrange garçons, cozinheiros, camareiros, barmans, chapeiros, motoristas de hotéis e recepcionistas.E já avanços.
O representante da categoria com 80 mil trabalhadores destaca que, de janeiro a novembro de 2021, em relação ao mesmo período de 2020, o número de desempregados da área caiu 13,6%, indo de 22 mil para 19 mil. “A perda foi muito grande, então está sendo gradativa a recontratação, porque as empresas ainda não estão com convicção de que a economia vai mudar”, detalha.
Orlando pede ajuda do governo local para apoiar a categoria com algum auxílio financeiro. “Hoje, a preocupação do sindicato é com o emprego do trabalhador, o pai e a mãe de família, cozinheiro e garçons, que são carregadores de bandeja e de comida que precisam do apoio patronal e do governo”, afirma. Ele conta que ajuda pessoalmente alguns desempregados a não passarem por necessidades. “Estou mantendo e ajudando os trabalhadores no que for possível, seja com cesta básica ou com alguma consulta médica”, relata.
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Boa expectativa
Demitido em junho deste ano em um restaurante da Associação dos Servidores do Senado Federal (Assefe), na L4 Sul, — onde estava havia três anos e meio — Valdivino de Souza Santos, 40, prepara a documentação e exames para ser contratado após cinco dias de trabalho freelancer (temporário) como cozinheiro em um restaurante de Planaltina, onde mora. “Estou confiante porque o avanço da vacinação acabou levando as pessoas de volta aos restaurantes. E quanto mais público, mais necessitam de mão de obra”, comenta.
Com experiência desde 2004, Valdivino concluiu, em 2015, o curso técnico de aperfeiçoamento em gastronomia. Mas reconhece a dificuldade para conseguir emprego na pandemia. “Há poucos dias acabou o dinheiro do meu seguro desemprego, e estava difícil para conseguir trabalho na área de cozinha, em que normalmente aparece muita vaga”, relata.
Ele recorda que o restaurante anterior deixou de demitir os funcionários por um ano. “A empresa conseguiu ajudar a gente e aderiu à redução de salário do governo federal”, diz o cozinheiro, ao se referir à Medida Provisória 936 de 2020, que permitiu a suspensão do contrato ou redução salarial na pandemia da covid-19.
O cozinheiro Marcones Gomes da Silva Cavalcante, 40, foi colega de Valdivino no restaurante da Assefe, onde trabalhou por dois anos. Em 6 de maio deste ano, ficou desempregado, mas voltou a trabalhar após 10 dias, indo para um restaurante no Setor de Indústrias Gráficas (SIG). Ele celebra a nova fase, pois recebeu aumento salarial em setembro, indo de R$ 1,5 mil para R$ 1,8 mil na carteira assinada. A empresa ainda vai pagar uma comissão extra de R$ 600 em dezembro. “A expectativa de contratações para o fim de ano é boa, mesmo com a nova variante da covid-19”, afirma o morador do bairro Pedregal, no Novo Gama.
Apesar do bom momento, Marcones lembra as dificuldades que passou no começo das restrições ao comércio na pandemia. O cozinheiro trabalhou por oito meses no restaurante de comida em um shopping do Gama. “Foi difícil achar emprego depois de lá, um local pequeno onde eu ganhava quase R$ 1 mil. Mas agora só tenho o que comemorar”, vibra.
Para o presidente do Sindicato patronal de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Distrito Federal (Sindhobar-DF), Jael Rodrigues da Silva, a retomada é lenta, pois o setor não costuma abrir vagas para funcionários em grande quantidade. “Quem contrata mais é o comércio de maneira geral, pois a gente já trabalha com aquele quadro fixo de funcionários”, explica. Jael conta que são poucas contratações, pois, normalmente, o restaurante mantém o quadro para funcionar a pleno vapor.
Retomada de 90%
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-DF), João Alberto Ribeiro Pinheiro, a estimativa do setor é de retomar 90% do emprego dos trabalhadores, que incluem cozinheiros, ajudantes de cozinheiro, maîtres, garçons, auxiliares de cozinha, por exemplo. “A contratação está super aquecida para este final de ano, porque o movimento aumentou bastante devido ao avanço da vacinação aqui no DF”, analisa.
João Alberto conta que tem visto as empresas contratarem com otimismo para este fim de ano, com o crescimento do número de postos de trabalho desde setembro. “As empresas estão trabalhando de forma mais enxuta, então o jeito é incentivar a vacinação para poder fazer um ano de 2022 de recuperação, porque o nosso setor está muito endividado com empréstimos realizados para poder pagar rescisões e parcelamentos tributários que foram feitos”, expõe o presidente da Abrasel-DF.
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