Contratações / Sindicato aposta em crescimento de 5% nas contratações neste fim de ano e destaca que o número de desempregados caiu de 22 mil para 19 mil de 2020 para 2021, pela retomada da economia no DF

Mais empregos para garçons

Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro, Restaurantes, Bares e Similares do DF(Sechosc) aposta em crescimento de 5% nas contratações neste fim de ano e destaca que o número de desempregados caiu de 22 mil para 19 mil de 2020 para 2021, diante de um cenário de recuperação

Pedro Marra
postado em 05/12/2021 00:00 / atualizado em 05/12/2021 00:00
Chefe de cozinha de hotel, Nilson Favacho, 42 anos, ao lado do garçom Tiago Santana, de 26     -  (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press)
Chefe de cozinha de hotel, Nilson Favacho, 42 anos, ao lado do garçom Tiago Santana, de 26 - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press)

O emprego de cozinheiros, garçonetes e garçons do Distrito Federal ficou ameaçado no auge da pandemia, no segundo semestre de 2020. Mas, com a retomada da economia do DF, alguns trabalhadores acompanham a esperança do mercado de avanço nas finanças para o incremento de pessoal em bares e restaurantes da capital federal. O Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro, Restaurantes, Bares e Similares do Distrito Federal (Sechosc) espera crescimento de 5% nas contratações para este fim de ano em comparação com o mesmo período de 2020.

Chefe de cozinha de um hotel do Setor Hoteleiro Norte (SHN), Nilson Favacho, 42 anos, contratou 22 pessoas neste ano para trabalharem no local e busca mais profissionais. Atualmente, Nilson está com 17 funcionários de serviços gerais e 14 garçons e garçonetes na equipe. Ele adotou a estratégia de recontratar alguns funcionários com quem tinha rescindido o contrato. "Quando fizemos a rescisão, deixamos em aberto para que, quando voltássemos a funcionar, e a ocupação do hotel estivesse condizente com a demanda, contrataríamos alguns ex-empregados", explica o chefe de cozinha.

Segundo o presidente do Sechosc, Orlando Cândido Gomes, há uma boa perspectiva de contratações neste ano para o setor, que abrange garçons, cozinheiros, camareiros, barmans, chapeiros, motoristas de hotéis e recepcionistas.E já avanços.

O representante da categoria com 80 mil trabalhadores destaca que, de janeiro a novembro de 2021, em relação ao mesmo período de 2020, o número de desempregados da área caiu 13,6%, indo de 22 mil para 19 mil. "A perda foi muito grande, então está sendo gradativa a recontratação, porque as empresas ainda não estão com convicção de que a economia vai mudar", detalha.

Orlando pede ajuda do governo local para apoiar a categoria com algum auxílio financeiro. "Hoje, a preocupação do sindicato é com o emprego do trabalhador, o pai e a mãe de família, cozinheiro e garçons, que são carregadores de bandeja e de comida que precisam do apoio patronal e do governo", afirma. Ele conta que ajuda pessoalmente alguns desempregados a não passarem por necessidades. "Estou mantendo e ajudando os trabalhadores no que for possível, seja com cesta básica ou com alguma consulta médica", relata.

Boa expectativa

Demitido em junho deste ano em um restaurante da Associação dos Servidores do Senado Federal (Assefe), na L4 Sul, — onde estava havia três anos e meio — Valdivino de Souza Santos, 40, prepara a documentação e exames para ser contratado após cinco dias de trabalho freelancer (temporário) como cozinheiro em um restaurante de Planaltina, onde mora. "Estou confiante porque o avanço da vacinação acabou levando as pessoas de volta aos restaurantes. E quanto mais público, mais necessitam de mão de obra", comenta.

Com experiência desde 2004, Valdivino concluiu, em 2015, o curso técnico de aperfeiçoamento em gastronomia. Mas reconhece a dificuldade para conseguir emprego na pandemia. "Há poucos dias acabou o dinheiro do meu seguro desemprego, e estava difícil para conseguir trabalho na área de cozinha, em que normalmente aparece muita vaga", relata.

Ele recorda que o restaurante anterior deixou de demitir os funcionários por um ano. "A empresa conseguiu ajudar a gente e aderiu à redução de salário do governo federal", diz o cozinheiro, ao se referir à Medida Provisória 936 de 2020, que permitiu a suspensão do contrato ou redução salarial na pandemia da covid-19.

O cozinheiro Marcones Gomes da Silva Cavalcante, 40, foi colega de Valdivino no restaurante da Assefe, onde trabalhou por dois anos. Em 6 de maio deste ano, ficou desempregado, mas voltou a trabalhar após 10 dias, indo para um restaurante no Setor de Indústrias Gráficas (SIG). Ele celebra a nova fase, pois recebeu aumento salarial em setembro, indo de R$ 1,5 mil para R$ 1,8 mil na carteira assinada. A empresa ainda vai pagar uma comissão extra de R$ 600 em dezembro. "A expectativa de contratações para o fim de ano é boa, mesmo com a nova variante da covid-19", afirma o morador do bairro Pedregal, no Novo Gama.

Apesar do bom momento, Marcones lembra as dificuldades que passou no começo das restrições ao comércio na pandemia. O cozinheiro trabalhou por oito meses no restaurante de comida em um shopping do Gama. "Foi difícil achar emprego depois de lá, um local pequeno onde eu ganhava quase R$ 1 mil. Mas agora só tenho o que comemorar", vibra.

Para o presidente do Sindicato patronal de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Distrito Federal (Sindhobar-DF), Jael Rodrigues da Silva, a retomada é lenta, pois o setor não costuma abrir vagas para funcionários em grande quantidade. "Quem contrata mais é o comércio de maneira geral, pois a gente já trabalha com aquele quadro fixo de funcionários", explica. Jael conta que são poucas contratações, pois, normalmente, o restaurante mantém o quadro para funcionar a pleno vapor. 

Retomada de 90%

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-DF), João Alberto Ribeiro Pinheiro, a estimativa do setor é de retomar 90% do emprego dos trabalhadores, que incluem cozinheiros, ajudantes de cozinheiro, maîtres, garçons, auxiliares de cozinha, por exemplo. "A contratação está super aquecida para este final de ano, porque o movimento aumentou bastante devido ao avanço da vacinação aqui no DF", analisa.

João Alberto conta que tem visto as empresas contratarem com otimismo para este fim de ano, com o crescimento do número de postos de trabalho desde setembro. "As empresas estão trabalhando de forma mais enxuta, então o jeito é incentivar a vacinação para poder fazer um ano de 2022 de recuperação, porque o nosso setor está muito endividado com empréstimos realizados para poder pagar rescisões e parcelamentos tributários que foram feitos", expõe o presidente da Abrasel-DF.

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