PANDEMIA

DF acompanha avanço de nova cepa, e infectologista tira dúvidas sobre a variante

Por enquanto, não haverá mudanças nas flexibilizações nem nas festas de fim de ano. Governador se reúne nesta terça-feira (30/11) com a Secretaria de Saúde

Depois da divulgação do surgimento de uma nova variante da covid-19, a ômicron, provavelmente originária da África, o Distrito Federal monitora a possível chegada da cepa ao território candango. Porém, por enquanto, não há mudanças à vista. Ao Correio, o governador Ibaneis Rocha (MDB) afirmou que a estratégia é acompanhar o avanço da variante e dos indicadores da pandemia.

O chefe do Executivo local afirmou que acompanha os dados junto à Secretaria de Saúde e deve tratar da cepa ômicron nos próximos encontros. "Tenho reunião amanhã (terça-feira)", adiantou. Enquanto isso, a realização das festas de fim de ano e as últimas flexibilizações adotadas se mantêm. Fontes da Saúde ouvidas pela reportagem reforçaram a afirmação do governador e disseram que a pasta acompanha e apoia as ações do governo federal para detectar e controlar a entrada de viajantes internacionais no país. Além disso, a intenção é reforçar a importância da vacinação e ampliar a cobertura na capital.

Apesar do possível impacto da nova variante em viagens para o exterior, o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), Jael Antônio da Silva, acredita que o turismo da capital não sentirá os efeitos da ômicron. Até o momento, o Brasil anunciou o fechamento das fronteiras aéreas para seis países do continente africano — África do Sul, Botsuana, Suazilândia, Lesoto, Namíbia e Zimbábue. "O turismo para Brasília, por enquanto, não sentiu absolutamente nada com essa decisão de fechar as fronteiras. A África não é um grande polo de turismo para o Brasil. Se (a medida) for ampliada para outros países, principalmente da Europa, aí, talvez, tenha algum reflexo", acredita Joel.

Em relação ao cenário das festas de fim de ano, a nova variante também não deve afetar a expectativa do segmento, de acordo com Jael Silva. "A movimentação de fim de ano aqui em Brasília é uma das menores do Brasil. Não estamos esperando nada demais. Poucos hotéis vão fazer festas de réveillon, mas tomara mesmo que a nova variante fique no meio do caminho", torce o presidente do Sindhobar.

Em setembro, a recepcionista Laís Andrade, 32 anos, comprou três passagens para visitar a irmã, em Amsterdã, na Holanda. Ela deve desembarcar na cidade europeia com a filha, Ana Clara, 12, e a mãe, Waldenhia, 54, em 29 de dezembro, e voltar ao Brasil em 27 de janeiro. Segundo ela, a intenção é curtir as férias por um longo período para aproveitar bem, mas as notícias que ela acompanha diminuíram a expectativa da família. "A animação não está nas alturas de quando a gente comprou as passagens, mas com fé em Deus para que melhore essa situação", diz a moradora de Sobradinho.

No último domingo, o governo da Holanda confirmou 13 casos da ômicron entre 61 passageiros — de um total de 624 — que chegaram na última sexta da África do Sul em dois voos: um de Joanesburgo e outro da Cidade do Cabo. Laís e a filha sentiram no corpo os impactos da doença, pois se infectaram em abril deste ano. O receio do grupo é de não poder aproveitar os pontos turísticos. "A nossa torcida é para que as fronteiras não se fechem, até porque, graças a Deus, estamos todas vacinadas", acrescenta Laís.

Transmissão em queda

A taxa de transmissão da covid-19 voltou a cair, após quatro aumentos consecutivos. Ontem, o número ficou em 0,81, valor ligeiramente menor do que o registrado anteriormente, de 0,82. O índice de contágio indica a reprodução da pandemia, e o resultado de ontem aponta que cada 100 brasilienses com a doença podem infectar, em média, outros 81. A média móvel de mortes chegou a 7,2 — 22% menor do que o dado de 15 de novembro, 14 dias atrás.

O cálculo para as infecções alcançou 100,2 — queda de 21,9% na comparação com o mesmo período. As médias móveis são refeitas todos os dias e ajudam a visualizar o desenvolvimento do cenário epidemiológico, porque amenizam possíveis atrasos nas notificações. Os números consideram os dados do dia e dos seis anteriores.

Com mais nove óbitos registrados, o DF chegou a 11.035 vidas perdidas desde o início da pandemia. Nenhuma vítima morreu ontem — sete pessoas faleceram em novembro: um brasiliense veio a óbito no mês anterior e um paciente morreu em agosto. Em 24 horas, a Secretaria de Saúde registrou 138 casos da doença, elevando o total para 517.746, dos quais 505.949 (97,7%) são considerados recuperados. Entre as pessoas cujas mortes foram notificadas ontem, apenas uma não apresentava nenhuma comorbidade. Cinco tinham problemas cardíacos, e três, distúrbios metabólicos. Nefropatia, obesidade, imunossupressão e doença hematológica afetavam um paciente, cada. As vítimas tinham mais de 50 anos.

Vacinômetro

No total, o Distrito Federal tem 2.283.710 cidadãos imunizados com a primeira dose (D1) das vacinas contra a covid-19, o que representa 74,8% da população. 1.970.610 indivíduos receberam a segunda aplicação (D2) e a vacina de dose única (DU), portanto estão com o ciclo vacinal completo, número que significa 64,56% dos habitantes da capital federal. A terceira dose (D3) foi aplicada em 217.258 pessoas — 7,1% dos moradores do DF. 1.211 brasilienses receberam a D1 nesta segunda-feira (29/11) e outros 9.111 foram vacinados com D2. Em relação à D3, 3.895 doses de reforço foram aplicadas ontem. A campanha de vacinação continua hoje, feriado do Dia dos Evangélicos

Thiago Fagundes - Variante

 

Thiago Fagundes - Variante
Arquivo pessoal - Laís (D) e família viajarão para a Holanda e temem nova cepa