Os advogados de defesa do Padre Robson, de Trindade (GO), tiveram uma audiência com a assessoria do ministro Benedito Gonçalves, na tarde desta segunda-feira (22/11), para tratar do pedido de prisão do religioso feito pela Polícia Federal ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) na semana passada.
No encontro, o advogado Cleber Lopes ponderou com a assessoria do ministro que o julgamento do agravo regimental interposto pela defesa ainda em agosto, questionando a legalidade das provas, se sobrepõe ao do pedido de prisão.
“Mostrei que não faz sentido examinar o pedido de prisão agora, se o STJ vai decidir daqui a pouco, sobre a legalidade das provas obitidas, ao nosso ver, de forma ilegal, com invasão de computadores e obtidas de maneira ilícita”, relatou Lopes.
O recurso no qual a defesa questiona as provas do inquérito está na pauta de julgamento do dia 1º de dezembro, segundo Cleber Lopes. “Se forem consideradas ilegais (as provas), não há razão jurídica para a decretação de uma prisão. A impressão que tenho é que vão deixar para examinar (o pedido de prisão) depois do julgamento deste agravo”, avalia.
Entenda o caso
O Padre Robson é acusado por supostamente ter desviado mais de R$ 100 milhões de doações de fiéis. O dinheiro era para ter sido usado na construção da nova Basílica de Trindade, mas o religioso teria comprado fazenda, casa de praia e um avião de pequeno porte. As investigações começaram em 2019 e são conduzidas pelo Ministério Público de Goiás.
Os supostos desvios foram descobertos durante a Operação Vendilhões, que apurou uma denúncia do religioso que estava sendo vítima de extorsão após hackers terem descoberto relacionamento amoroso dele. Ao todo, Padre Robson teria desembolsado R$2,9 milhões para os chantagistas, dinheiro que, segundo o MPGO, saiu dos cofres da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), com sede em Trindade (GO).
Com a operação, cinco possíveis crimes foram investigados: apropriação indébita, falsificação de documentos, organização criminosa, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços diferentes, todos ligados ao sacerdote. Apesar disso, o processo foi bloqueado pela justiça.
Em 6 de outubro de 2020, o Tribunal de Justiça de Goiás arquivou a investigação contra o Padre Robson. Em dezembro do mesmo ano, as investigações foram retomadas. Desde o início das apuração, o religioso foi afastado das atividades.